quinta-feira, 26 de abril de 2012

Desembargador teria recebido propina para libertar traficantes de drogas

Depoimentos à Polícia Federal obtidos com exclusividade pelo Fantástico reforçam as acusações contra o desembargador Hélcio Valentim de Andrade Filho, afastado desde 2011 de suas funções no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e alvo de ação penal no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é acusado de ter recebido propina para conceder habeas corpus a traficantes de drogas. Procurado, Andrade Filho negou as acusações.

Acusados dos crimes de formação de quadrilha e corrupção, o comerciante Tancredo Tolentino (amigo do magistrado) e o advogado Walquir Avelar Júnior (que defendia os criminosos) confirmaram à PF que os presos compraram decisões judiciais para deixar a cadeia de Divinópolis (MG), onde aguardavam julgamento após terem sido flagrados com cerca de 60 kg de pasta-base de cocaína.

O advogado diz que Tolentino pediu R$ 150 mil para conseguir a liberdade dos traficantes - R$ 80 mil teriam sido entregues pessoalmente ao desembargador. "A investigação foi muito bem feita. São provas contundentes dessa atuação criminosa", afirma o procurador da República Eitel Santiago de Brito Pereira.

Depois da sentença, os traficantes desapareceram. Foram condenados à revelia (sem a presença no julgamento) e, hoje, são considerados foragidos da Justiça.

Segundo a investigação da Polícia Federal, pelo menos mais um criminoso teria sido beneficiado por uma decisão do desembargador. Um vídeo mostra quando o pai do advogado Walquir Avelar Júnior sai de um banco com R$ 48 mil. O dinheiro está escondido na camiseta e, de acordo com a PF, foi entregue, a mando de um criminoso, ao juiz.
Outro lado

"Sempre tive uma vida limpa, ao longo de uma carreira sólida. Decidi, em todos os casos, conforme as minhas convicções e o direito, com a devida fundamentação. Lamento profundamente os reflexos que esses fatos trazem na vida dos meus filhos. Nego todos eles com a reunião das minhas últimas forças”, declarou o desembargador em áudio encaminhado ao Fantástico.

Advogado do desembargador, Leonardo Costa Bandeira diz desconhecer o teor dos depoimentos que incriminam seu cliente. "Esses depoimentos vão ser reproduzidos na fase do processo. Aí nós vamos ter a oportunidade de demonstrar que isso definitivamente nunca existiu."

Fonte: 180 Graus

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