domingo, 30 de setembro de 2012

O sobrenatural e a racionalidade cega

Dr. Fábio Blanco

O ceticismo é uma maneira de fugir do desconhecido. Assim também o é algum tipo de materialismo e racionalismo. Conheço várias pessoas que diante da mera menção de algo extraordinário, quando não sobrenatural, parecem que correm para se refugiar por detrás desses muros pretensamente racionais.
Isso, para mim, não é nada menos do que medo. Sim, medo de ter que lidar com algo que não pode explicar em níveis lógicos, que tira seus pés do chão e os convidam para a abertura da perspectiva e, quem sabe, destruição de suas certezas.
Nas pessoas comuns essa reação me parece até compreensível. O sobrenatural, em princípio, e analisado em si mesmo, é assustador. Nele, depara-se com o imponderável. Cercados de tantas certezas e tentativas de manter-se seguros, a "visita" de um fenômeno inexplicável e incompreensível é a destruição dos fundamentos do edifício da percepção. Aceitar o milagre é confessar que definitivamente não há controle sobre a própria existência.
Isso é assustador, convenhamos. Os homens passam a vida inteira procurando por soluções para curar as enfermidades, adiar a morte e evitar o perigo, que aceitar tranquilamente que há elementos externos que fogem de seu controle e desmontam os alicerces do previsível é improvável.
Não que a reação de resistência ao milagre seja completamente consciente. Pelo contrário, como é próprio das reações de medo, esta também é quase instintiva. O homem que nega a sobrenaturalidade apenas está tentando preservar sua sanidade.
No entanto, quando nos referimos aos homens pertencentes à comunidade científica, a análise deve ser muito mais rigorosa. O cientista digno dessa alcunha não é um justificador de crenças, nem um atestador de ideias concebidas com antecipação. Um verdadeiro cientista é um observador. Ele enxerga os fenômenos, seleciona-os e tenta explicá-los.
Ora, quando um cientista nega a existência do sobrenatural, obviamente está fechando os olhos para a abundância de manifestações e fenômenos inexplicados e inexplicáveis, como se eles simplesmente jamais tivessem ocorrido. São milhares, de relatos, experiências e testemunhos que estão registrados na literatura, inclusive científica. É impensável imaginar que todos essas descrições possam ser explicadas com base em transtornos psicológicos, individuais ou coletivos.
Na verdade, um analisador honesto, alguém que tem como missão explicar o mundo e não justificá-lo, deveria afirmar que há muito mais coisas nesta vida do que podem contemplar seus métodos. E em qual categoria devem ser colocados esses fenômenos? Se não como milagres, ao menos como mistérios.
Apesar disso, a atitude corrente dos scholars científicos varia entre a negação desses mistérios e a colocação deles em terrenos inexplorados (mas explicáveis), como os poderes da mente. Com essa metodologia, conseguem abranger dentro do ambiente passível de explicação simplesmente tudo. O que a ciência explica é fato, o que não explica está abrangido pela força da mente, o que acaba sendo, de alguma forma, uma explicação, e afasta, definitivamente, o sobrenatural.
Na verdade, esses cientistas agem como pregadores, não como estudiosos. São, nos dizeres do padre Fortea, como bruxos. Em suas palavras: "Um cientista que usa a razão para seu capricho, já não é um cientista, e sim uma espécie de bruxo ou mágico da razão. E assim, diante de determinados fatos, certas pessoas, apesar de suas qualificações, agem tão irracionalmente quanto um bruxo caribenho dançando ao redor do fogo. Dançam ao redor do fogo da razão, mas são as suas decisões tomadas de antemão que guiam seus movimentos nessa dança (Summa Daemoniaca, ed. Palavra e Prece)"
A razão é um dom. Por ela, nos tornamos semelhantes a Deus. O que ela não pode ser é um delimitador da compreensão, negando a possibilidade da transcendência e da sobrenaturalidade. A inteligência dirige todas as coisas e, por isso mesmo, está acima e além das leis naturais conhecidas.
O que sabemos é tudo o que sabemos, mas, decididamente, não é tudo o que existe.
Divulgação: www.juliosevero.com

sábado, 29 de setembro de 2012

Thomas Watson – Os Testes do Amor a Deus [5/6]

Os testes do amor a Deus
O Voltemos ao Evangelho está traduzindo o livro Um Tônico Divino, do puritano Thomas Watson. Confira os capítulos já traduzidos:
  1. As melhores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5]
  2. As piores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8]
  3. Por que todas as coisas cooperam para o bem do homem piedoso? [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
  4. Sobre o Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
  5. Os Testes do Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6]

10. Bons pensamentos acerca de Deus

Outro bendito sinal de amor é entreter bons pensamentos acerca de Deus. Aquele que ama seu amigo interpreta o que ele faz no melhor sentido. “[O amor] não suspeita mal” (1Co 13.5, ARC). A malícia interpreta tudo no pior sentido; o amor interpreta tudo no melhor sentido. Tal amor é como um excelente comentarista da providência; ele não pensa mal acerca dela. Aquele que ama a Deus tem uma boa opinião acerca de Deus; embora Ele aflija rispidamente, a alma recebe tudo de bom grado. Esta é a linguagem de um espírito gracioso: “Meu Deus vê que duro coração eu possuo, portanto Ele traz um punhal de aflição atrás do outro, para quebrar meu coração. Ele sabe o quanto eu sou cheio de maus temperamentos, tão cheio de chagas, portanto Ele me faz sangrar, para salvar a minha vida. Essa severa dispensação serve ou para mortificar alguma corrupção, ou para exercitar alguma graça. Quão bom é Deus, que não me deixa sozinho em meus pecados, mas golpeia o meu corpo para salvar a minha alma!” Assim, aquele que ama a Deus vê todas as coisas pelo lado bom. O amor põe um verdadeiro brilho em todas as ações de Deus. Vocês que são prontos a murmurar contra Deus, como se Ele lhes fosse desfavorável, humilhem-se por causa disso; então, digam para si mesmos: “Se eu amasse mais a Deus, eu teria melhores pensamentos acerca de Deus.” É Satanás que faz com que tenhamos bons pensamentos acerca de nós mesmos, e pensamentos duros acerca de Deus. O amor toma tudo pelo lado mais favorável; ele não suspeita o mal.

11. Obediência

Outro fruto do amor é a obediência. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14.21). É uma coisa inútil dizermos que amamos a pessoa de Cristo, se nós desprezamos os Seus comandos. Acaso ama o seu pai aquela criança que se recusa a obedecê-lo? Se nós amamos a Deus, nós deveríamos obedecê-Lo naquelas coisas que contrariam a carne e o sangue: (i) nas coisas difíceis e (ii) nas coisas perigosas.

(i) Devemos obedecer a Deus nas coisas difíceis. Por exemplo, na mortificação do pecado. Há alguns pecados que não apenas estão próximos de nós como nossas roupas, mas são queridos para nós como os nossos olhos. Se nós amamos a Deus, devemos nos levantar contra esses pecados, assim em nosso propósito como em nossa prática. Do mesmo modo, em perdoar os nossos inimigos. Deus nos ordena sob pena de morte a sermos perdoadores. “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.32). Isso é difícil; é nadar contra a correnteza. Nós estamos prontos a nos esquecermos dos atos de bondade, e a nos lembrarmos das injúrias; mas, se amamos a Deus, devemos ignorar as ofensas. Quando nós seriamente consideramos o quanto Deus tem nos perdoado, quantas afrontas e provocações em nossas mãos Ele tem tolerado, isso nos estimula a seguir os Seus passos e a nos esforçarmos para enterrar uma injúria, ao invés de revidá-la.

(ii) Devemos obedecer a Deus nas coisas perigosas. Quando Deus nos chama a sofrer por Ele, nós devemos obedecer. O amor fez com que Cristo sofresse por nós; o amor foi a algema que O prendeu à cruz; portanto, se nós amamos a Deus, nós devemos estar dispostos a sofrer por Ele. O amor tem uma natureza estranha: é a menos suportadora das graças e, ainda assim, é a mais suportadora das graças. É a menos suportadora graça em um sentido: o amor não suportará que pecados conhecidos permaneçam na alma, sem arrependimento; não suportará abusos e desonras praticados contra Deus; assim, ele é a menos tolerante graça. Ainda assim, ele é a mais suportadora graça: o amor suportará reprovações, algemas e prisões, pela causa de Cristo. “Estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13). É verdade que nem todo cristão é um mártir, mas todo cristão tem nele o espírito do martírio. Ele diz, assim como Paulo: “Eu estou pronto para ser preso”; ele possui uma disposição da mente para sofrer, se Deus o chamar a isso.

O amor levará os homens para além de suas forças. Tertuliano observa o quanto os pagãos sofriam por amor à sua nação. Ora, se a semente natural pode chegar tão alto, certamente a graça se fará ainda mais elevada. Se o amor à pátria faz os homens sofrerem, muito mais deveria fazer o amor a Cristo. “O amor tudo suporta” (1Co 13.7). Basílio fala acerca de uma virgem condenada à fogueira, a qual, sendo-lhe oferecidos de volta a sua vida e os seus bens se ela se prostrasse diante do ídolo, respondeu: “Que se vão a vida e os bens; seja bem-vindo, Cristo”. Houve também aquele nobre e zeloso discurso de Inácio: “Que eu seja moído pelos dentes das feras selvagens, para que possa ser o puro trigo de Deus”. De que maneira a paixão divina elevou os primeiros santos acima do amor da vida e do temor da morte! São Estevão foi apedrejado, São Lucas, pendurado numa oliveira, São Pedro, crucificado em Jerusalém de cabeça para baixo. Esses herois divinos estavam dispostos a sofrer, ao invés de, pela sua covardia, fazer com que o nome de Deus sofresse. Como São Paulo valorizava as cadeias que ele suportou por Cristo! Ele se gloriava nelas, como uma mulher tem orgulho de suas jóias, como diz Crisóstomo. E o santo Inácio carregava os seus grilhões como um bracelete de diamantes. “Não aceitando o resgate” (cf. Hb 11.35). Eles se recusaram a sair da prisão sob condições pecaminosas; preferiram a sua inocência à sua liberdade.

Assim testemos o nosso amor a Deus. Temos nós o espírito do martírio? Muitos dizem amar a Deus, mas como tal amor se manifesta? Eles não abandonam sequer o menor conforto, tampouco suportam a menor cruz por Sua causa. Se Jesus Cristo houvesse dito a nós: “Eu os amo muito, vocês são queridos a mim, mas eu não posso sofrer, eu não posso dar a minha vida por vocês”, nós questionaríamos fortemente o Seu amor. Acaso não pode Cristo suspeitar de nós, quando nós fingimos amá-Lo, e ainda assim não enfrentamos nada por Ele?
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas Watson

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pé na estrada!

A Bíblia em um ano:
Oséias 6-10


"Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Veja, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo."
Isaías 43.18-19

Imagem: Google.
É incrível esse poder de regeneração e força que os filhos de Deus possuem, que não os deixa sucumbir nos desertos da vida!

Deus deu aos Seus filhos o poder de recomeçar sempre e de vencer os fantasmas do passado, porque se Deus estivesse atrelado ao passado como nós muitas vezes insistimos em estar, Ele não exerceria sobre nós Sua misericórdia nem nos daria Sua graça para levantarmos dos tombos da vida. Simplesmente olharia constantemente tudo o que de errado fizemos (ou deixamos de fazer), e para tudo o que Lhe ofendeu, e certamente não sobraria mais espaço para nenhum tipo de coisa boa a nosso respeito.

Se Deus vivesse do passado, Ele manteria vivas as cenas dos pecados do mundo e jamais deixaria Jesus descer da Sua glória a esse lugar fétido e imundo. Ele nos veria escarnecendo de Cristo e, em vez de perdoar nossas culpas, nos aniquilaria de uma vez.

Se Deus fosse amarrado ao passado como nós nos permitimos ser muitas vezes, Ele guardaria cada uma das nossas reclamações e ingratidão, e fecharia as portas da graça, por onde chegam livremente, a todo instante, tudo o que nós precisamos.

Se Deus Se apegasse ao passado, Ele abriria mão de nosso presente e nos entregaria à própria sorte quanto ao nosso futuro. Porque tudo o que Ele veria em nosso passado são mistos de desobediência, imaturidade, arrogância, autossuficiência, esnobismo, prepotência, da parte de quem não enxerga sozinho um palmo à frente do próprio nariz.

Se o passado cegasse a visão do presente de Deus, o Senhor veria somente nossas culpas em vez da redenção de Cristo em nós. Ele veria somente nossas fraquezas e quedas, em vez da Sua força e renovo em nós. Ele nos veria sempre enfermos em vez da Sua cura operando milagres hoje em nós. Ele não teria tanta paciência conosco, como tem, e Ele não nos daria uma nova oportunidade de recomeçar.

Mas Deus não lamenta pelo rabo que foi cortado da lagartixa. Ele lhe concede um novo. Ele não chora pelo leite derramado, mas enche novamente a vasilha e pacientemente ensina o gatinho a se comportar direito durante sua refeição.

O Senhor não Se apega ao sofrimento de ver as belas águas correndo puras da fonte e se despencando no abismo. Tampouco o faz ao vê-las colhendo sujeira e contaminação, velozes e insanas, abrindo seus braços em direção à foz e se perdendo num eterno beijo com o mar. Não. O Senhor Deus faz nascer novas águas da fonte, puras e cristalinas, e deixa-lhes livres para recomeçarem seu grande espetáculo outra vez, e outra vez, e outra vez...

Ele supera nosso passado errado (até os últimos segundos), e nos ajuda a começar novamente, porque Ele sabe que para lidarmos com o presente, nós – reles mortais cheios de limitações – já temos grandes dificuldades. Quão impossível será lidar com o passado, coisa que nunca mais poderemos alcançar de novo!

Melhor deixarmos tudo ali, no mais profundo mar (Miqueias 7.18-19). Melhor deixarmos as coisas ruins que nos aconteceram no passado ali mesmo, no passado. Pois é bem como observou Phill Ware: “A única coisa que ganhamos olhando pelo retrovisor é um grande desastre no pára-brisa! Nossos melhores dias como cristãos estão sempre pela frente.”

Então, fé em Deus, com muita atenção.
E pé na estrada.
 

Festival revela talentos musicais em Xapuri


O festival de musica de Xapuri aconteceu nos dias 22 e 23 de setembro no painel dos mártires na praça São Gabriel.
Centenas de pessoas prestigiaram as apresentações dos jovens xapurienses que mostraram seus talentos e o quanto Xapuri está bem servido de novos músicos.
O ultimo dia do festival começou com as apresentações concorrendo na categoria de composição própria que teve premiação de R$ 400 reais, Maria Jeane concorreu com a musica Firmado na Rocha e Douglas Vidal com a musica Valor. Na categoria interprete foram cinco apresentações tendo como vencedora Iveny Kelle de apenas sete anos de idade que cantou a musica set fire to the rain de Adele faturando a premiação de R$ 300 reais, ficando em segundo lugar Maria Jeane com a premiação de R$ 200 reais e terceiro lugar Juliana dos Santos com  a premiação de R$ 100.
Maria Jeane e Douglas  que concorreram na categoria canção própria empolgaram o publico presente e mostraram o quanto Xapuri tem talentos musicais a serem explorados e mostrados para todo o Brasil. Douglas Vidal obteve a maior nota do corpo de jurados vencendo com uma diferença de nove pontos a categoria canção própria.
Fonte: xapuri em destaque

domingo, 23 de setembro de 2012

Festival de musica de Xapuri

A Fundação Municipal de Cultura de Xapuri está realizando o Festival  de Musica de Xapuri no painel dos mártires.
 
A ideia é proporcionar a novos talentos a oportunidade de se apresentar para comunidade, 17 pessoas foram inscritas concorrendo em duas categorias de interprete e canção própria. Na categoria de interprete a premiação é de R$ 300 reais para o vencedor, R$ 200 para o segundo e R$ 100 para o terceiro, para canção própria a premiação é de R$400.
 
No primeiro dia do evento foram apresentados 13 concorrentes dos quais 6 foram classificados para o segundo e ultimo dia do festival. 
 
o evento contou com a participação do musico Xapuriense Paolo que abrilhantou a primeira noite do festival fazendo uma apresentação de uma de suas músicas que fala sobre as águas e conta um pouco da história que o Acre passou com a cheia do rio Acre este ano.
 
Confira os classificados para a grande final:
1º Iveny Kelle 221 pontos;
2º Andreza, Kaiene e Lara 210 pontos;
3º Maria Jeane 203 pontos;
4º Juliana dos Santos 194 pontos;
5º Diego Ferraz 190 pontos;
6º Quelma Viana 182 pontos.

Fonte: xapuri em destaque

ROTINA: O ESTADO LAICO CORINGA

LUCIANO AYAN



Esta rotina é utilizada constantemente em qualquer site de pregação neo-ateísta que se preze. Também é utilizada continuamente por associações humanistas. Jornalistas enfezados contra a religião tradicional também não se furtam de usar o truque.
 
Basicamente, a coisa envolve fazer qualquer tipo de protesto (qualquer um mesmo), especialmente quando se fala sobre manifestações de pessoas ou grupos religiosos, concluindo com um questionamento do tipo “Mas o estado não deveria ser laico?” ou uma afirmação como “É um absurdo que isso ocorra em um estado laico”.
 
Vamos a exemplos.
 
Imagine que vários deputados evangélicos iniciem uma campanha contra a PL 122. Isso seria uma manifestação legítima em um país democrático, certo? Não para os esquerdistas, que dirão que a existência de uma bancada evangélica é uma “afronta ao estado laico”.
 
Outro exemplo recente é o da comemoração de várias atletas nas Olimpíadas com uma oração em público. Segundo André Barcinski, isso é “inaceitável em um país laico”.
 
O exemplo já conhecido da manifestação contra a presença dos crucifixos nas repartições públicas, que foi chamado por manifestantes gayzistas e humanistas se “ataque ao estado laico”, também é uma clara deturpação, pois no conceito de estado laico não existe nada que impeça a presença de um símbolo de valor cultural em qualquer lugar que seja. Aliás, conforme já apontado aqui, enquanto há um crucifixo exibido em repartições, também existe a estátua da Deusa Dicé nos tribunais, e a existência dos jogos Olímpicos (que eram um tributo aos deuses gregos, e a pira olímpica não é menos um símbolo de religiões gregas do que o crucifixo é um símbolo de algumas doutrinas cristãs).
 
E assim sucessivamente, o conceito de estado laico é maquiado para ser disfarçado de estado anti-religioso ou estado humanista. E exatamente por isso o truque esquerdista é usar o conceito de estado laico como um ‘coringa’. A tendência é que futuramente se em sua empresa vários religiosos se juntarem para rezar, virá uma ação judicial dizendo que isso “viola o estado laico”. Ou mesmo quando um humanista entrar em um táxi que tenha um crucifixo pendurado no espelhinho, anotar a placa do carro, o nome do motorista e mandar um processo por “afronta ao estado laico”.
 
Isso ocorre por que grande parte da população absolutamente não sabe o que significa estado laico, e, então, o benefício psicológico é obtido.
 
Este estratagema, portanto, só pode ser revertido com uma conscientização pública (e simplificada, sem linguagem empolada, por favor) a respeito do que significa de fato o estado laico, e posteriormente, com uma campanha de contra-ataque mostrando que os humanistas, enquanto afirmam defender o estado laico, são na verdade seus maiores violadores.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Denúncia e Desabafo


Enganados Pelo Processo Dialético do Consenso

Autora: Berit Kjos



Excerto do artigo Twisting Truth through Classroom Consensus (Torcendo a Verdade Por Meio do Consenso na Sala de Aula):
A tensão, criada pela diversidade, é essencial para o processo dialético. Ela energiza os membros e — quando manipulada por facilitadores experientes — produz sinergia. Não é possível guiar as pessoas em direção à síntese (a contemporização) se não existirem visões opostas — tanto "tese e antítese". Por este motivo, o processo do consenso precisa incluir todos os seguintes elementos:
  • Um grupo diverso.
  • Dialogando para atingir o consenso.
  • Sobre uma questão social.
  • Liderados por um facilitador treinado.
  • Em direção a um resultado pré-planejado.

O verdadeiro grupo dialético nunca chega a um consenso final, pois a "transformação contínua" é um processo permanente: um passo hoje, outro amanhã. Para transformar permanentemente o modo como pensamos e nos relacionamos uns com os outros, nossos líderes precisam armar o cenário para o conflito e a contemporização uma semana após a outra, ano após ano. O pensamento dialético e o consenso do grupo precisam se tornar tão normais quanto comer ou respirar. Eventualmente, as pessoas aprendem a descartar suas antigas âncoras e fronteiras mentais — todos os fatos e certezas que criam firmes convicções. Elas se tornam como barcos à deriva, sempre prontos para mudar de rumo de acordo com as mudanças dos ventos e das correntes marítimas.



Excerto do artigo "Os Grupos Pequenos e o Processo Dialético" (http://www.espada.eti.br/db039.asp):
Os grupos pequenos, ou equipes, de hoje não são como os antigos estudos bíblicos que muitos de nós frequentaram anos atrás. Naquele tempo, discutíamos a Bíblia e suas maravilhosas verdades; agora, as pessoas dialogam até que atinjam uma forma emocional de unidade com base na "empatia" pela diversidade de visões e valores. O Dr. Robert Klenck descreve o processo em sua série de três artigos intitulada "O Que Há de Errado com a Igreja do Século 21?" (disponível em http://www.espada.eti.br/klenck-1.asp):
"O Gerenciamento da Qualidade Total (TQM) baseia-se na Dialética Hegeliana, inventada por George Wilhelm Freidrich Hegel, um psicólogo social marxista e transformacional. Sucintamente, o processo da Dialética Hegeliana funciona assim: um grupo diverso de pessoas (na igreja, é a mistura de crentes (tese) com incrédulos (antítese), se reúnem em um encontro facilitado (com um facilitador / professor / líder de grupo / agente de transformação treinado), usando dinâmica de grupo (pressão dos pares), para discutir uma questão social (ou dialogar a Palavra a Deus), e alcançam um resultado pré-determinado (consenso, contemporização, ou síntese)."
"Quando a Palavra de Deus é colocada como tema de diálogo entre crentes e incrédulos (em vez de ser ensinada didaticamente)... e o consenso é alcançado — um acordo com o qual todos se sentem confortáveis — então a mensagem da Palavra de Deus fica diluída em água, e os participantes são condicionados a aceitarem (e até a comemorarem) sua contemporização (a síntese). A nova síntese torna-se o ponto inicial (tese) para o próximo encontro, e o processo de transformação (inovação) contínua se repete."
"O medo da alienação do grupo é a pressão que impede o indivíduo de se posicionar firmemente pela verdade da Palavra de Deus, e essa pessoa normalmente permanece calada (autoedição). O temor do homem (a rejeição) torna-se maior que o temor a Deus. O resultado final é uma "mudança de paradigma" no modo como a pessoa processa as informações factuais."


Informações de Pano de Fundo

George Hegel (1770-1831) — Um ocultista que lançou o fundamento para a lavagem cerebral comunista. Hoje, sua filosofia da contemporização e o processo transformacional estão modificando as igrejas, bem como a política, a educação, as empresas e as cidades.
Karl Marx (1818-1883) — Adotou a filosofia de Hegel em sua visão de um sistema mundial comunista/socialista. (Leia o artigo "De Marx a Lênin, Gramsci e Alinsky", em http://www.espada.eti.br/marx-gramsci.asp.).
Exatamente da mesma forma como Marx, Lenin e Stalin viam o processo dialético hegeliano como um instrumento fundamental para gerenciar as massas. Por meio de seu sistema hierárquico de Sovietes (grupos liderados por facilitadores treinados que levavam o diálogo do grupo rumo a um consenso prescrito e em evolução), todos tinham de trocar o pensamento individual pelo pensamento de grupo e adotar os valores comunitários. A visão do "bem comum" era simplesmente a cenoura que justificava o controle total e cruel.
A Organização das Nações Unidas promove o processo dialético em todo o mundo. Como a mítica fênix que ressuscita de suas cinzas, a ONU emergiu da feroz devastação da Segunda Guerra Mundial como um farol de luz para os humanistas utópicos e seus esperançosos seguidores. Dois anos após o líder comunista Alger Hiss ter presidido sua fundação, algumas de suas mais poderosas agências já tinham sido criadas.
A UNESCO (Organização Cultural, Científica e Educacional das Nações Unidas) — teve como primeiro presidente Julian Huxley — irmão do escritor Aldous Huxley (autor de Admirável Mundo Novo) e um socialista fabiano. Ele colocou o processo dialético no coração do plano de educação global da UNESCO. Em seu livro UNESCO: Its Purpose and Philosophy (UNESCO: Seu Propósito e Filosofia), publicado em 1947, ele escreveu:
"A tarefa que está diante da UNESCO é necessária e oportuna e, apesar de todos os múltiplos detalhes, é simples. A tarefa é ajudar o aparecimento de uma única cultura mundial, com sua própria filosofia e pano de fundo de ideias, e com seu próprio propósito amplo. Isto é oportuno, pois esta é a primeira vez na história que a plataforma e os mecanismos para unificação mundial se tornaram disponíveis e também a primeira vez que o homem tem os meios (na forma de descoberta científica e suas aplicações) de lançar um alicerce mundial para o bem-estar físico mínimo de toda a espécie humana. E é necessário, pois no momento duas filosofias opostas de vida se confrontam a partir do Ocidente e do Oriente..."
"Você pode categorizar as duas filosofias como dois supernacionalismos, ou como individualismo versus coletivismo, ou como o modo de vida americano versus o modo de vida russo, ou como capitalismo versus comunismo, ou como cristianismo versus marxismo, ou em seis outras formas... Pode esse conflito ser evitado, esses opostos serem reconciliados, essa antítese ser resolvida em uma síntese mais elevada? Acredito que não somente isto possa acontecer, mas que, por meio da inexorável dialética da evolução, precisa acontecer..." .
"Na busca desse objetivo, precisamos evitar o dogma — seja ele o dogma religioso, ou o dogma marxista... O Oriente e o Ocidente não concordarão em uma base do futuro se meramente lançarem um contra o outro as ideias fixas do passado. Os dogmas são as cristalizações de algum sistema de pensamento dominante... Para alcançarmos o progresso, precisamos aprender a descristalizar nossos dogmas." [tradução nossa].
A OMS (Organização Mundial da Saúde) — Presidida pelo psiquiatra canadense Brock Chisholm. Ele resumiu sua filosofia socialista em uma Conferência Sobre Saúde Mental, em 1946, nos EUA. A mensagem dele foi publicada pela (agora prestigiosa) revista Psychiatry e por seu amigo comunista Alger Hiss em sua revista socialista intitulada International Conciliation (Conciliação Internacional). Observe os obstáculos à "saúde mental":
"Podemos identificar as razões pelas quais travamos as guerras? Muitas delas são fáceis de listar — preconceito, isolacionismo, a capacidade de acreditar emocionalmente e sem críticas em coisas irracionais..."
"A única força psicológica capaz de produzir essas perversões é a moralidade, o conceito de certo e errado... Por muitas gerações temos curvado nossos pescoços ao fardo da convicção do pecado. Temos engolido todas as formas de certezas venenosas oferecidas por nossos pais e pelos professores das escolas regulares e dominicais..."
"... há tempos tem sido aceito de modo geral que os pais têm o direito perfeito de impor qualquer ponto de vista, qualquer mentira ou temor, superstição, preconceito, ódio ou fé aos seus filhos indefesos. Entretanto, somente recentemente se tornou um fato comprovado que essas coisas causam neuroses, desordens comportamentais, incapacidades emocionais e falhas no desenvolvimento de um estado de maturidade emocional que permita que alguém se torne um cidadão de uma democracia..."
"Certamente a educação das crianças em casa e nas escolas deve ser, no mínimo, uma preocupação pública tão grande quanto a vacinação para sua própria proteção... Indivíduos que possuem incapacidades emocionais por seus próprios temores, culpas e inferioridades, certamente projetarão seus ódios sobre os outros... Eles são uma ameaça muito real... Custe o que custar, devemos aprender a viver amigavelmente e em paz com... todos os povos do mundo..."
"Há algo a ser dito... para gentilmente colocar de lado os antigos modos equivocados dos nossos ancestrais, se isso for possível. Se não puder ser feito gentilmente, deve ser feito hostilmente ou até violentamente..."
Essas "certezas venenosas" incluem todas as verdades e valores imutáveis que não podem ser contemporizados. É por isto que o cristianismo bíblico era — e continua a ser — incompatível com os padrões mundiais de "saúde mental". Muitos dos que rejeitam se conformar com as novas diretrizes sobre tolerância, inclusividade, diálogo em grupo e adaptabilidade ao plano da ONU para "transformação contínua" estão enfrentando severas consequências.
Como Karl Marx, os líderes globalistas de hoje procuram formas de solapar a verdade bíblica. Eles sabem que o principal obstáculo à solidariedade global é a Palavra de Deus, que não contemporiza. Eles não podem criar uma "única cultura mundial" sem primeiro solapar a Verdade absoluta. Afinal, esta é a razão por que os cristãos eram perseguidos na União Soviética e nos outros países comunistas!
A ASCD (o braço do currículo da NEA — Associação Nacional dos Educadores) publicou um livro em 1970 com um capítulo escrito pelo Dr. Raymond Houghton, que prevê um mundo gerenciado por meio do "diálogo" sutil, porém manipulador. A advertência dele deve ser um chamado para o despertar de todos os que amam a verdade e a integridade factuais.
"... o controle absoluto do comportamento é iminente... O ponto crítico do controle do comportamento está sendo colocado furtivamente sobre a humanidade sem que esta perceba que uma crise está para acontecer. O homem ... nunca conscientemente saberá o que aconteceu."
Em 1955, a UNESCO publicou um livro intitulado Our Creative Diversity (Nossa Diversidade Criativa). Ele nos diz:
"O desafio diante da humanidade é adotar novas formas de pensar, novas formas de agir, novas formas de se organizar em sociedade, em resumo, novos modos de viver." [2].
Marc Tucker, o cérebro que está por trás do sistema Escola Para o Trabalho global atual:
"Nosso objetivo requererá uma mudança na cultura dominante — as atitudes, valores, normas e fomas aceitas de fazer as coisas." [3].
Em outras palavras, os antigos modos e valores cristãos estão superados! O novos modos pós-modernos subjetivos é que estão na moda. A juventude moderna, já treinada a seguir os sentimentos e não os fatos (e a cultura de seus pares, em vez de o conselho dos pais), está marchando alegremente rumo a uma sociedade coletiva que é amoral e permissiva (pelo menos por enquanto). Muitos já internalizaram as regras para o processo dialético:
  1. Buscar "terreno comum" no meio da diversidade atual.
  2. Mostrar respeito, tolerância e consideração por todas as crenças e valores (menos para aqueles que refletem a verdade bíblica).
  3. Treinar todos a compartilharem seus sentimentos, ouvir com simpatia e se identificar com as opiniões opostas, depois alegremente seguir o consenso do grupo.
Isto funciona! O processo transforma os pensadores individuais em pensadores grupais. Como a sensação de pertencer é agradável, a ameaça de desaprovação do grupo inibe os membros de expressarem verbalmente suas opiniões "ofensivas".



O Dicionário Webster define a palavra dialética como "(Filosofia Hegeliana) um desenvolvimento lógico e subjetivo no pensamento, a partir de uma TESE, passando por uma ANTÍTESE e chegando a uma SÍNTESE, ou... uma contínua unificação dos opostos."
No processo dialético, precisam existir dois ou mais lados para tudo. Nada é absoluto; tudo está mudando em uma direção pré-planejada. Como Ismail Serageldin, ex-vice-presidente do Banco Mundial, disse na Conferência da ONU de 1996 Sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), em Istanbul, na Turquia: "Devemos apenas garantir que a mudança e a transformação social estejam ocorrendo na direção correta."



Excerto do artigo Legalizing Mind Control (Legalizando o Controle Mental):
O povo americano permitirá que o controle do governo e o coletivismo substituam a liberdade e o individualismo? Pode apostar que sim! Da mesma forma fará o resto do mundo. Essa transformação social está bem avançada e as massas simplesmente seguem com a mudança. Planejada mais de cem anos atrás, a estrutura para gerenciar e monitorar essa revolução em escala mundial foi estabelecida por volta de 1945.



Excerto do artigo Justifying Mind Control (Justificando o Controle Mental):
O amigo de Chisholm, Alger Hiss, concordava. Em 1948, o infame espião soviético publicou a mensagem de Chisholm sobre saúde mental em sua revista socialista International Conciliation. Hiss, que era então presidente do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, acrescentou seu próprio Prefácio, que mostrou o envolvimento da Fundação Rockefeller no movimento de saúde mental.
Anteriormente, outro amigo leal tinha lançado um nova revista, chamada Psychiatry, que ganharia imenso prestígio por volta do fim do século. Seu proprietário, o psiquiatra americano Harry Stack Sullivan, também publicou a mensagem de Chisholm.
O Dr. Sullivan e o Dr. Chisholm tinham trabalhado em conjunto com o general-de-brigada britânico John Rawlings Rees. O Dr. Rees tinha ajudado a fundar o Instituto Tavistock de Psicologia Médica, onde nasceu o infame Instituto Tavistock de Relações Humanas...
O Dr. Rees tinha planejado uma ONG (Organização Não-Governamental) global que faria uma rede com os líderes políticos e civis de todo o mundo. Sua liderança levou à criação da Federação Mundial para a Saúde Mental, em 1948. Ela usufruiria de um "relacionamento consultivo com várias agências da ONU e... grupos nacionais", porém permaneceria livre da supervisão por parte do governo.
O Dr. Chisholm, Margaret Mead (a segunda presidente da federação) e outros cientistas sociais de dez países escreveram o documento de fundação, "Saúde Mental e Cidadania Mundial". Observe a atitude deles com relação aos valores tradicionais:
"As instituições sociais como a família e a escola impõem suas marcas digitais bem cedo... O homem e a mulher em quem esses padrões de atitude e comportamento foram incorporados apresentam resistência imediata às transformações sociais, econômicas e políticas. Assim, o preconceito, hostilidade ou nacionalismo excessivos podem se tornar profundamente incorporados na personalidade em formação... frequentemente a um grande custo humano."
"... a transformação encontrará grande resistência, a não ser que uma atitude de aceitação tenha sido primeiro engendrada."
Hoje, mais de meio século depois, essa "atitude de aceitação" está construída. As nações de todo o mundo estão rapidamente se conformando ao padrão definido nos anos 1940s. A rede global de parceiros em "saúde mental" está trabalhando para evitar qualquer coisa que possa obstruir o pensamento coletivo "positivo" na aldeia global que está surgindo.
A imigração em massa (planejada já nos anos 1940s) e conflitos multiculturais fizeram aumentar a urgência e a crise intencional ajudou a promover as soluções pré-planejadas. Hoje, estratégias para a mudança social, tais como o pensamento de grupo, solução de conflitos, criação de consenso e contemporização contínua estão se tornando a norma. Todos eles estão baseados no Processo Dialético utilizado na antiga União Soviética para conformar as mentes à ideologia soviética...



Excerto do artigo Anything But the Truth (Qualquer Coisa, Menos a Verdade):
O Islã pode não combinar com o modelo da ONU para uma espiritualidade global, mas sua influência em expansão o torna uma ferramenta útil nas mãos dos agentes de transformação.
Lembre-se do processo dialético hegeliano (Processo do Consenso). A classe discute uma história ou uma experiência provocativa. Os alunos compartilham suas opiniões, emoções e ideias ao grupo. Todos precisam buscar um "terreno comum" e sentir empatia pelas ideias contrárias. Refutações factuais que possam ofender um membro do grupo não são permitidas. Em todo o diálogo, um facilitador treinado guia o grupo de volta para o caminho se ocorrer algum desvio do rumo em direção ao consenso prescrito ou à conclusão do grupo.
Quando sugestões islâmicas de se sentir bem se tornam parte dessa mistura, elas ajudam a desviar o consenso um pouco mais para longe da posição cristã. Quantos alunos da sétima série do Ensino Fundamental são fortes o suficiente em sua fé para discordarem de uma conclusão do grupo que Alá e Deus são o mesmo? Quem se atreve a expressar a singularidade de Cristo, quando até o príncipe Charles, o primeiro na linha sucessória ao trono britânico diz: "Compartilhamos como muçulmanos e cristãos de uma essência poderosa de crença espiritual — em um Deus"?
Esta tática — usada anos atrás para doutrinar as crianças soviéticas com a ideologia comunista — agora pressiona as crianças nascidas em lares cristãos a "abrirem suas mentes" para as novas combinações religiosas. O Islã se torna uma pedra a ser pisada na travessia do rio, não um fim. Ele alarga as opções. Como parte de um programa de sala de aula, ele sujeita a fé pessoal de uma criança a um processo grupal psicossocial que pressiona os alunos à contemporização: trocar as convicções pessoais por um "terreno comum" pré-planejado.
E aqui está a chave. Vivemos em um mundo em que — como os educadores, políticos e gerentes nas empresas gostam de nos fazer lembrar — "a única constante é a mudança". O objetivo principal é desconectar as crianças de suas antigas âncoras espirituais para que suas mentes possam seguir as transformações e as soluções de grupo gerenciadas atuais.



A "práxis" é a chave para a transformação — ela era uma parte vital da lavagem cerebral soviética. Isto significa que os grupos dialéticos precisam aplicar continuamente novas informações sobre a teoria comunista e os valores socialistas. Como os educadores da atualidade gostam de dizer, "o aprendizado" precisa ser prático e experimental: não existe a necessidade de memorizar fatos desnecessários sobre a história e a ciência que possam estar em conflito com a nova visão. A prática contínua torna a nova forma de pensar tão natural quanto o ato de andar. Fechar os ouvidos aos "inimigos" que resistem a esse processo se torna tão habitual quanto trancar a porta da casa.



Excerto do livro UNESCO: Its Purpose and its Philosophy, de Julian Huxley, primeiro diretor-geral da UNESCO:
"A tarefa que está diante da UNESCO é necessária e oportuna e, apesar de todos os múltiplos detalhes, é simples. A tarefa é ajudar o aparecimento de uma única cultura mundial, com sua própria filosofia e pano de fundo de ideias, e com seu próprio propósito amplo. Isto é oportuno, pois esta é a primeira vez na história que a plataforma e os mecanismos para unificação mundial se tornaram disponíveis e também a primeira vez que o homem tem os meios (na forma de descoberta científica e suas aplicações) de lançar um alicerce mundial para o bem-estar físico mínimo de toda a espécie humana. E é necessário, pois no momento duas filosofias opostas de vida se confrontam a partir do Ocidente e do Oriente..."
"Você pode categorizar as duas filosofias como dois supernacionalismos, ou como individualismo versus coletivismo, ou como o modo de vida americano versus o modo de vida russo, ou como capitalismo versus comunismo, ou como cristianismo versus marxismo, ou em seis outras formas... Pode esse conflito ser evitado, esses opostos serem reconciliados, essa antítese ser resolvida em uma síntese mais elevada? Acredito que não somente isto possa acontecer, mas que, por meio da inexorável dialética da evolução, precisa acontecer..." [16; tradução nossa; ênfase no original].
"Ao perseguir esse objetivo, devemos evitar os dogmas — seja o dogma teológico ou o dogma marxista... O Oriente e o Ocidente não concordarão numa base no futuro se meramente lançarem um contra outro as idéias fixas do passado. É isso que dogmas são — cristalizações de algum sistema dominante de pensamento... Para alcançarmos progresso, precisamos aprender a descristalizar nossos dogmas."



Excerto de A More Adaptable Bible? (Uma Bíblia Mais Adaptável?):
Os grupos ou equipes precisam ser treinados para desaprovar se qualquer membro deixar de demonstrar respeito, apreço e tolerância por todas as crenças e posições que se choquem com a sua própria. Em outras palavras, a intolerância precisa ser usada para intimidar os dissidentes a aderirem às regras do jogo. Não existe liberdade para compartilhar fatos ou verdades "divisivos". Em vez disso, cada pessoa precisa ouvir com empatia, procurar se identificar com as emoções diversas e se juntar à busca por "terreno comum".
As questões podem mudar de semana a semana, mas com cada encontro do grupo, esse processo dialético se torna cada vez mais habitual e "normal". Se uma pessoa tem uma crença particular (tese) com relação a uma questão atual, ela ouve e se identifica com uma noção oposta e conflitante (uma antítese). Sob a liderança de um facilitador treinado, o diálogo avança rumo a uma nova síntese, uma combinação dos dois opostos. Semana após semana, a antiga síntese se torna uma nova tese, que por sua vez se combina com outras novas visões (antíteses) e uma nova síntese é encontrada. Este processo se repete sucessivamente... A mudança se torna a norma e os opostos como as cores preta e branca se aproximam cada vez mais para atingirem uma perfeita e mútua cor cinza.
Em sua busca compulsória por terreno comum, os alunos aprendem que precisam existir dois ou mais lados em todas as coisas. Todos os membros do grupo precisam apresentar suas visões pessoais, receber comentários e opiniões do grupo e buscar um consenso evolutivo. Tese + Antítese = Síntese (que se torna a nova Tese) + Nova Antítese = Nova Síntese... O objetivo principal é aprender o raciocínio dialético e o pensamento de grupo, não o conteúdo. Qualquer resultado que seja produzido por esse pensamento de grupo poderá ser modificado amanhã.
Como resultado da imigração que ocorreu para dentro deste país, uma sala de aula no ensino médio, como também uma equipe de funcionários em uma empresa, provavelmente incluirá membros que favoreçam o islã, o budismo, o hinduísmo, a bruxaria e as várias versões de "cristianismo". Nesse cenário multicultural, cada pessoa será desafiada a abrir mão de suas certezas e a se dispor a adotar a síntese em mutação constante do grupo.



Exemplo: "Isto me faz lembrar da velhinha que orava: "Senhor, perdoa-me. Faço tantas coisas que antes eu dizia que era pecado..." Liberal, Evangélical, or Fundamentalist?



Excerto de Reinventing the World — Part 2: The Mind-Changing Process) (Reinventando o Mundo — Parte 2: O Processo de Mudança da Mente):
A Dialética Hegeliana se tornou uma pedra fundamental não somente do sistema educacional global, mas do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM) em todos os tipos de organizações governamentais, corporativas e privadas em todo o mundo. Enquanto isso, os programas de treinamento, a tecnologia de avaliação e os sistemas de rastreamento de dados que complementam e monitoram esse processo psicossocial estão se tornando cada vez mais sofisticados e intrusivos.
Nossa sociedade pós-moderna mostra os efeitos dessa ideologia revolucionária. Portanto, não deve ser surpresa para nós que uma professora da quinta-série em uma escola do ensino fundamental na região de Seattle tenha usado a intimidação para torcer a verdade absoluta de um aluno e torná-la uma opinião pessoal. Ela tinha dito para a classe completar a frase: 'Se pudesse desejar três coisas, eu escolheria..."
Um aluno cristão escreveu "infinitamente mais desejos, encontrar Deus e que todos meus amigos sejam cristãos". Como os desejos de cada aluno seriam colocados na parede para uma exposição promovida pela escola e que seria aberta ao público, eles tinham de ser absolutamente corretos. Mas, os desejos escritos por Mateus não foram aprovados. A professora lhe disse que seu último desejo poderia ofender aqueles que não compartilhavam de suas crenças. Mateus não queria ofender ninguém, de modo que concordou em acrescentar "se eles quiserem".
Ele também tinha de completar outra frase que iniciava assim: "Se eu pudesse me encontrar com uma pessoa, gostaria de me encontrar com..." Mateus escreveu: "Deus, pois é o nosso Criador!". A professora lhe disse para acrescentar "em minha opinião" na frase.
Quando os pais de Mateus visitaram a escola durante a exposição, observaram as correções que tinham sido feitas.

"— Por que você acrescentou isto?", sua mãe perguntou.
"— A professora não queria que eu ofendesse os sentimentos das outras pessoas."
"— Mas estes são apenas os seus desejos..."
"— Foi o que pensei."
Mateus parecia confuso. Mais tarde, a professora explicou para os pais dele que queria "diversidade" em sua classe e estava cuidando dos outros alunos. Mas por que Mateus não podia compartilhar suas opiniões?
"— Tento instilar as verdades de Deus em meu filho", disse o pai de Mateus, "mas parece que a escola quer removê-las."
Ele está correto. A verdade absoluta e os fatos contrários se chocam com a mentalidade necessária para os sistemas de gerenciamento globais. A unidade planejada exige "um novo modo de pensar, novas estratégias, novos comportamentos e novas crenças" que viram a Palavra de Deus e os valores cristãos de cabeça para baixo. A discussão em grupo sob a liderança de um facilitador é a chave para a transformação e o plano da UNESCO para "aprendizado por toda a vida" propõe a participação universal. Em toda a parte, os jovens e os idosos precisam ser treinados para pensar e trabalhar coletivamente.
O professor Benjamin Bloom, chamado de "Pai da Educação Orientada para Resultados" (também chamada de Educação Pragmática), resumiu bem:
"O propósito da educação e das escolas é modificar os pensamentos, sentimentos e ações dos alunos... uma grande parte daquilo que chamamos de 'bom ensino' é a capacidade do professor de alcançar objetivos afetivos por meio do desafio das crenças estabelecidas dos alunos e levá-los a discutir as questões."
Como o último comentário de Mateus expunha suas "crenças estabelecidas", a professora as desafiou. Verdades absolutas como "Deus nos criou" não podem ser modificadas ou sintetizadas para agradar ao grupo. Aqueles que adotam uma posição firme com base na verdade ou nos fatos resistem à contemporização e ofendem o grupo.
Este processo de transformação da mente (a Dialética Hegeliana) exigia que os alunos nos países comunistas "confessassem" seus pensamentos e sentimentos em seus respectivos grupos. Professores-facilitadores treinados guiavam então o diálogo no grupo em direção a um consenso pré-planejado. A tese original e a antítese — visões opostas, como cristianismo versus marxismo — seriam fundidos ou sintetizados em "verdades" mais elevadas e sempre em evolução.
Esse programa revolucionário foi incorporado oficialmente na educação pública nos EUA em 1995, quando o presidente Ronald Reagan e o presidente soviético Gorbachev assinaram o Acordo de Intercâmbio em Educação EUA-URSS. Esse acordo colocou a tecnologia americana nas mãos dos estrategistas comunistas e sancionou o uso das estratégias psicossociais soviéticas, incluindo a mídia de massa. Como Julian Huxley sugeriu em 1947:
"As técnicas de persuasão, as informações e a verdadeira propaganda precisam ser deliberadamente usadas como Lenin imaginou — para superar a resistência de milhões à mudança desejada."
Hoje, uma versão mais sofisticada desse processo de lavagem cerebral dirige a transformação social... ela ajuda a erradicar o individualismo e as atitudes "intolerantes" que poderiam produzir conflito e divisão. Quando vinculados a um grupo e treinados nas novas regras relacionais, poucos se atrevem a ofender a maioria e tomar uma posição contrária.
"Nós nos movemos para uma nova era", disse a Dra. Shirley McCune, oradora na Conferência do Governador Sobre Educação, em 1989. "O que estamos vendo é a total reestruturação da sociedade.... Não estamos mais ensinando fatos para as crianças."
As massas precisam aprender a achar que os valores tradicionais são uma ameaça intolerável à paz e os cristãos precisam estar dispostos a trocar seus absolutos dados por Deus pela visão de Huxley de verdades em evolução e pensamento coletivo."
Mas a Palavra de Deus diz: "E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.". Portanto, que nosso lema seja "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." [Romanos 12:2 e Atos 5:29].


Excerto do livro Brave New Schools, Cp 3: A New Way of Thinking:
Um conjunto de diretrizes para discussão em grupo foi dado aos alunos na Escola de Segundo Grau Homestead, em Cupertino, na Califórnia, junto com uma versão recente da famosa e muito usada "Lição do Abrigo Nuclear". Considere as seguintes diretrizes na lição:
Discussão em Grupo
A discussão em grupo é uma forma de pensar juntos. Ela é um método de criar um banco de ideias e informações, suas e dos outros, e chegar a algumas conclusões gerais. Um líder geralmente guia o processo do grupo, mas cada pessoa precisa ter a responsabilidade de contribuir com a sua parte.
Propósito da discussão em Grupo
  • Obter informações, fatos e ideias.
  • Solucionar problemas de interesse.
  • Aprender a participar na discussão das questões sociais ou públicas.
  • Aprender princípios da boa liderança e cooperação social.
  • Tornar-se uma pessoa de mente aberta e respeitar as ideias dos outros.
  • Fazer cada um sentir que participa ativamente no modo de vida democrático, expressando suas próprias ideias.
Parece bom, não é mesmo? Entretanto, "criar um banco de ideias e informações" se refere ao processo da síntese, o que significa que o grupo precisa chegar a algum tipo de consenso. Por exemplo, quando um menino vê um amigo roubar um livro, ele deve ser honesto e dizer a verdade, ou deve ser leal ao seu amigo e contar uma mentira? Os alunos chegam ao consenso em conjunto.
Tese: a crença de uma criança no Grande Espírito + Antítese: a crença de outra criança em Deus = Síntese: nova crença conjunta na existência de muitos deuses.
Eis aqui como o processo poderia funcionar: se uma pessoa crê em Deus (Tese 1), outra em Buda (Tese 2) e outra no Grande Espírito (Tese 3), elas podem concordar que "existem muitos deuses" ou que "todos os caminhos levam à mesma realidade final". Essa nova tese, é claro, não seria considerada absoluta, ou a verdade final. Ela seria meramente uma etapa mais elevada na evolução que está acontecendo rumo a uma compreensão e perfeição cada vez maiores.
  • Como este processo se encaixa na antiga cosmovisão judaico-cristã?
  • Como a conclusão acima se encaixa na antiga cosmovisão judaico-cristã?
  • Como ambos se encaixam no novo paradigma?
  • Como você pode esperar, as crianças cristãs frequentemente sentem qualquer coisa, exceto a liberdade de "expressar" suas crenças e ideias neste tipo de grupo. Isto é parte do plano.


Excerto do artigo "Conspirações Reais — Parte 3: Subvertendo a Igreja para Transformar o Mundo" (http://www.espada.eti.br/db077.asp):
Para "controlar os 90% restantes", que agem e pensam de forma individualista, os ex-líderes comunistas colocaram todos os seus súditos — trabalhadores, gerentes, prisioneiros e alunos — em "Sovietes" (grupos ou conselhos) locais, onde eles eram treinados no Processo Dialético do filósofo George Hegel. Eles tinham de:
  • Compartilhar pensamentos e noções [Agora saudadas como "autenticidade"].
  • Confessar as atitudes contrárias [Veja Lavagem Cerebral e Reforma da Educação].
  • Escrever autocríticas para a avaliação do grupo.
  • Celebrar os ideais e os heróis comunistas.
  • Comprometer-se a seguir o consenso do grupo.
  • Praticar aquilo que o grupo (liderado pelo facilitador) decidisse. [Práxis].
O processo dialético é agora o ponto central dos sistemas de administração em todo o mundo. Criado para conformar todas as mentes a uma visão comum e a uma missão (ou propósito), ele propõe regras que proíbem as verdades divisivas, mas que exigem a tolerância aos valores corruptos do mundo.
Esse processo foi descrito em nosso artigo "Os Grupos Pequenos e o Processo Dialético" (http://www.espada.eti.br/db039.asp), que resume as estratégias ensinadas no livro Leading Congregational Change (LCC). "Esse é um livro que você deve ler antes de mudar qualquer coisa", escreveu Rick Warren em seu caloroso endosso na quarta capa.
Se você quiser proteger a mente de seus filhos, veja a seguinte lista de coisas a fazer:
Conheça a verdade bíblica — a única fonte de genuína sabedoria (Provérbios 2:6).
  • Aprenda os fatos necessários para defender aquilo que eles conhecem e acreditam.
  • Reconheça a diferença entre lógica e especulação.
  • Firme os planos pessoais na realidade, não na fantasia.
  • Confie na ciência genuína baseada em fatos e na lógica, não na pseudo-ciência ou na psicologia social.
  • Aprenda as lições encontradas no estudo factual da história.
  • Baseie ações no pensamento objetivo, não nas emoções subjetivas.
Deus diz: "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele." [Provérbios 22:6].

Autora: Berit Kjos (Kjos Ministries, em http://www.crossroad.to)
Data da publicação: 1/5/2011
Transferido para a área pública em 5/8/2012
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito
: http://www.espada.eti.br/dialetica.asp

A grande Alemanha, um sonho esotérico

Entrevista com Giorgio Galli a respeito das raízes ocultistas do nazismo, que estão entre as fontes da idéia de que o “espaço vital” do Terceiro Reich deveria chegar até os Urais. Um aspecto pouco estudado pelos historiadores, do qual se voltou a falar depois da queda do muro de Berlim

de Paolo Mattei

No alto, um cartaz das SS (Schutz-Staffeln, “Esquadrões de Proteção”), com a estilização rúnica da sigla. Os símbolos rúnicos foram estudados por Guido von List, um esoterista que foi referência 
para Adolf Hitler (embaixo) nos anos de sua formação intelectual
No alto, um cartaz das SS (Schutz-Staffeln, “Esquadrões de Proteção”), com a estilização rúnica da sigla. Os símbolos rúnicos foram estudados por Guido von List, um esoterista que foi referência para Adolf Hitler (embaixo) nos anos de sua formação intelectual
O professor Giorgio Galli não se considera apto a avaliar o esoterismo “por dentro”. Mas é um reconhecido estudioso do tema. A posição que assume, em suas palavras, “é a de um historiador e politólogo que considera que a cultura esotérica se entrelaça com a historiografia e as ciências políticas mais do que essas disciplinas consideraram até hoje”.
Foi também com esse posicionamento que estudou a história do Terceiro Reich, publicando o resultado de seu trabalho num livro de 1989 que se tornou famoso: Hitler e il nazismo magico. Le componenti esoteriche del Reich millenario (Milão, Rizzoli). Galli enxerga coincidências significativas no ano de 1989: é o centenário do nascimento de Hitler, mas também o bicentenário da Revolução Francesa. Como explica no prefácio à segunda edição do livro, “esse ano de 1989 entraria para a história graças à revolução no Leste: exatamente um século depois do nascimento do Führer, caía o muro de Berlim, premissa de uma Alemanha novamente unida, potência hegemônica na Europa”.
Depois de quinze anos e de tantos fatos, depois da tragédia de 11 de setembro de 2001, estopim para guerras que continuam até hoje, a história de violência e morte da qual Hitler e o nazismo foram protagonistas continua a suscitar perguntas inquietantes, e a impor-se como parâmetro para medir a violência e a morte que todos os dias se espalham pelos lugares do mundo martirizados pelos conflitos. O possível subs­trato ocultista, mágico e esotérico do nazismo desperta o interesse de muita gente. A televisão tratou do tema várias vezes, e neste último ano ao menos dois livros tiveram razoável difusão na Itália de Giorgio Galli (Marco Dolcetta, Nazionalsocialismo esoterico, Roma, Cooper Castelvecchi, 2003; Mel Gordon, Il mago di Hitler. Eric Jan Hanussen: un ebreo alla corte del Führer, Milão, Mondadori, 2004).
Dirigimos algumas perguntas ao historiador, autor, entre outros ensaios sobre esoterismo e política, de La politica e i maghi (Milão, Rizzoli, 1995), Politica ed esoterismo alle soglie del 2000 (Milão, Rizzoli, 1992) e Appunti sulla new age (Milão, 2003), obra na qual analisa esse movimento cultural a partir também de documentos pontifícios.


Em seu ensaio sobre o Nazismo mágico, o senhor identifica uma “ponte esotérica” entre a Inglaterra e a Alema­nha, entre teorias e sociedades esotéricas e ocultistas presentes nas duas nações na passagem do século XIX para o XX. Essa ponte chegaria até os fundadores do nazismo. Como seria isso?

GIORGIO GALLI: Entre o final do século XIX e o início do século XX, as tradições esotéricas ganharam novo vigor tanto na Alemanha quanto na Inglaterra. Efetivamente, uma “ponte esotérica” entre os dois Estados, a ponte da Ordem Rosa-cruz, remonta já ao século XVII, inserida no quadro de uma cultura ocultista que não foi estranha à Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Alemanha. Nas últimas décadas do século XIX, as relações entre os grupos esotéricos ingleses e alemães recobram sua força, e estabelecem-se laços estreitos entre pessoas influentes - baseados numa concepção “mágica” da realidade -, laços que se transmitem por algumas gerações. Há também elementos inquietantes nessa reconstituição. Um deles consiste na chamada “magia sexual”, ou seja, a conquista de poderes “especiais” derivados de práticas sexuais: em 1888, ano seguinte ao da fundação da Hermetic Order of the Golden Dawn, Londres foi agitada por uma série de crimes sexuais, cometidos por Jack, o estripador. O mistério a respeito dele dura até hoje. Alguns personagens e algumas relações marcam significativamente essa reimersão da cultura esotérica na Europa, como o encontro, em Londres, entre o ocultista francês Eliphas Levi, pseudônimo bíblico de Alphonse-Louis Constant, um ex-seminarista que depois se tornou revolucionário em Paris em 1848, e Edward Bulwer-Lytton, que teria um papel crucial no desenvolvimento da sociedade Rosa-cruz na hermética Golden Dawn. Depois de várias peripécias, entre atividades políticas e ocultistas, Levi escreveria um livro, A raça vindoura: nele, o autor fala do “Vril”, a forma de energia que viria a dar o nome a uma sociedade que, ao lado da atividade do fundador do Instituto de Geopolítica de Berlim, Karl Haushofer, forneceria uma contribuição fundamental para a elaboração da ideologia nazista, no que diz respeito à idéia de raça ariana e de “espaço vital”, o Lebensrau­m.

Qual é o precedente cultural e quais são as teorias comuns a esses grupos?

GALLI: Em primeiro lugar, uma concepção segundo a qual a história que conhecemos é apenas uma parte da história da humanidade. Só algumas elites de iniciados conhecem “toda” a história. A história antiqüíssima de civilizações puras e incorruptas. Esse saber e esses conhecimentos, dos quais é possível haurir mediante práticas e ritos ocultistas, transmitem um poder particular aos iniciados, que devem desempenhar também um papel político para administrar o futuro de uma humanidade decaída cujos dotes e características perdidos com o tempo é preciso restituir. Os componentes dessa sociedade se consideram depositários de uma antiga sabedoria primordial, que se manifesta muitas vezes em ritos particulares. Um fato interessante é que alguns adeptos de grupos esotéricos ocupam funções também nos serviços secretos de seus países. Um personagem chave, nesse sentido, é o alemão Theodor Reuss, da sociedade ocultista Ordo Templi Orientis, mestre do inglês Aleister Crowley. Crowley, também mestre do ocultismo e ao mesmo tempo agente do serviço secreto inglês, no final do século XIX adere à célebre Golden Dawn - uma derivação, como eu já disse, da Sociedade Rosa-cruz - e depois funda uma seção inglesa da Ordo Templi Orientis. A Golden Dawn, por sua vez, está ligada a associações alemãs conectadas à doutrina secreta da russa madame Elena Blavatskij - fundadora da Sociedade Teosófica, em Nova York, em 1875 - e à antroposofia de Rudolph Steiner.

Mas a história de Hitler e do nazismo se desenvolve depois desses episódios...

GALLI: Minha hipótese é de que essa “ponte”, que, como expliquei, unia a cultura esotérica, as ordens herméticas e os serviços secretos ingleses e alemães entre os séculos XIX e XX, tenha continuado a existir também no período imediatamente posterior, de modo tal que a formação intelectual de Hitler e de parte do grupo dirigente nazista se dá nesse tipo de cultura ocultista. Reuni dados que me permitem dizer também que esse grupo, que chegou à cúpula do Terceiro Reich, discute em seu âmbito como pôr em prática uma estratégia derivada daquela cultura, ou seja, a reconquista da “sabedoria ariana”. Da mesma forma, tenho condições de afirmar que a decisão de Hitler de entrar em guerra, convicto de que a Inglaterra não interviria, possa ser compreendida na ótica daquela cultura esotérica, a respeito da qual ambientes na cúpula da vida política inglesa estavam também informados. Toda a história do nazismo, a meu ver, deve ser lida levando em conta esse fator também.
No alto, Hitler reconstitui o Partido Nacional-Socialista (cassado depois do putsch de 1923), em Munique, no ano de 1925; o primeiro, a partir da esquerda, é Alfred Rosenberg; o primeiro, a partir da direita, é Heinrich Himmler, chefe das SS desde 1929, idealizador e organizador dos campos de extermínio; embaixo, o ocultista Aleister Crowley, agente do serviço secreto inglês e membro da Golden Dawn
No alto, Hitler reconstitui o Partido Nacional-Socialista (cassado depois do putsch de 1923), em Munique, no ano de 1925; o primeiro, a partir da esquerda, é Alfred Rosenberg; o primeiro, a partir da direita, é Heinrich Himmler, chefe das SS desde 1929, idealizador e organizador dos campos de extermínio; embaixo, o ocultista Aleister Crowley, agente do serviço secreto inglês e membro da Golden Dawn
De que forma Hitler entrou em contato com as experiências esotéricas? Quem foram seus mentores?

GALLI: O ponto de referência i­nicial pode ser a revista Ostara, da qual Hitler foi leitor assíduo, nos anos que passou em Viena. A publicação - que leva o nome de uma antiga deusa germânica da primavera, denotando, portanto, a ligação com a tradição nórdica e com as velhas divindades pagãs anteriores à difusão do cristianismo na Alemanha - foi fundada em 1905 por um ex-frade, Jörg Lanz von Liebenfels, que, entre outras coisas, instituiu uma sede em Werfenstein, o “Castelo da Ordem”, onde provavelmente, com o apoio financeiro de industriais, começou a patrocinar uma organização baseado na teoria da superioridade da raça ariana. Outro ponto de referência para a formação esotérica do futuro Führer é Rudolf von Sebottendorff, estudioso da cabala, de textos alquímicos e rosa-crucianos e das práticas ocultistas dos dervixes, e promotor, em Munique, no ano de 1918, da Thule Gesellschaft, associação derivada da Germanorden, uma sociedade que nasceu nos primeiros anos da década de 1910, fortemente caracterizada por elementos de anti-semitismo e racismo. Ao redor da Thule gravitaram Hitler, Rudolf Hess, Karl Haushofer e Hans Frank, o futuro governador-geral da Polônia. Era uma associação na qual dominavam a cultura ocultista e as doutrinas secretas amadurecidas nas décadas anteriores. A Thule - a mítica Atlântida, pátria dos hiperbóreos - foi, portanto, a matriz do grupo de intelectuais que está na origem do nazismo. Von Sebottendorff, além disso, publicou um livro em 1933, Antes que Hitler chegasse, no qual, desejando reacender o debate em torno das origens esotéricas do nazismo, conta ter sido o mestre ocultista do Führer. Mas aquele grupo de intelectuais, então já no poder, decidira havia tempo que era conveniente manter ocultos os elementos esotéricos e ocultistas a que fazia referência, para pôr em primeiro plano a organização política. Hitler, no ano da publicação do livro de Von Sebottendorff, já era chanceler do Reich. O ensaio, por isso, foi retirado das livrarias.

Quais são as características fundamentais do grupo esotérico a que Hitler faz referência?

GALLI: É preciso dizer como premissa que uma das dificuldades quando se trabalha neste campo é o fato de que a historiografia oficial, a historiografia acadêmica, ocupa-se pouco dessas coisas. O trabalho sobre o setor da cultura esotérica é deixado às vezes a estudiosos minoritários ou até a personagens muito extravagantes, que de qualquer forma elaboram freqüentemente pesquisas marginais. O fato de a historiografia oficial não se empenhar nessa direção torna mais difícil o encontro de documentos seguros. Estou convencido de que, se houvesse mais interesse, alguma coisa se encontraria. Mas respondo a sua pergunta. Mencionei civilizações e patrimônios sapienciais antiquíssimos - a Atlântida é a referência mais importante -, um componente cultural baseado na história fantástica, na geografia fantástica, na cosmogonia fantástica e nas leis ocultas que as guiaram. Hitler considera que as razões fundamentais de sua ação política se encontram nesse passado distante, numa sabedoria mágica que deve ser recuperada e na qual está o instrumento para forjar o futuro luminoso. O grupo de intelectuais da Thule, que na década de 1920 decide transformar a seita ocultista em partido político de massas, crê convictamente nessas coisas. Existem, portanto, duas dinâmicas: a profunda convicção dos iniciados que trabalham nesses grupos e, ao mesmo tempo, uma certa influência que eles, por motivações amplamente aprofundadas pelos estudiosos, exercem em alguns momentos históricos sobre os movimentos políticos. Hitler, Himmler, Hess, Rosenberg, Frank: eles se consideram os herdeiros de uma sabedoria antiga que lhes permitirá serem construtores de uma nova civilização. Deve-se dizer que até um historiador muito admirado e “tradicional” identificou e valorizou alguns desses filões esotéricos: foi George Mosse, que, nas Origens culturais do Terceiro Reich, aponta explicitamente para o esoterista Guido von List e sua simbologia rúnica como um dos pontos de referência de Hitler. Das runas estudadas por Von List provém a sigla das SS, as milícias que Himmler utilizará para pôr em prática seus projetos elaborados no âmbito da cultura ocultista.
No alto, Adolf Hitler com Rudolf Hess numa foto de 1939; embaixo, militares ingleses removem os restos do aeroplano com o qual, em maio de 1941, Hess voou à Grã-Bretanha para tentar um acordo pouco antes da invasão alemã à Rússia
No alto, Adolf Hitler com Rudolf Hess numa foto de 1939; embaixo, militares ingleses removem os restos do aeroplano com o qual, em maio de 1941, Hess voou à Grã-Bretanha para tentar um acordo pouco antes da invasão alemã à Rússia
Hitler é descrito muitas vezes como um homem ignorante, um homem sem qualidades. Como consegue se impor no grupo esotérico do qual faz parte?

GALLI: A tendência muito difundida a designá-lo como um ignorante caracteriza também o trabalho de Joachim Fest, o biógrafo do Führer, que foi consultor deste último filme sobre Hitler que saiu na Alemanha, Der Untergang (A queda). Fest compôs uma excelente biografia de Hitler, mas tende a representá-lo como um líder de batalhão e homem de poucas leituras, limitadas a opúsculos de propaganda anti-semita. Isso não é exato. Hitler leu Nietzsche e Schopenauer. Ele se destaca no grupo de Rosenberg, Hess, Himmler e Frank porque possui duas características que podem até prescindir da cultura esotérica. É um orador extremamente eficaz e um hábil organizador. Talvez tenha aprendido com o mago Hanussen a primeira característica, a forma quase hipnótica de se comunicar com os ouvintes. Sabemos, com segurança, que Hitler tomava aulas de dicção com Hanussen. Mas aprendeu alguma coisa a mais daquele mago. Hanussen era um personagem dotado de capacidades hipnóticas, e o livro de Mel Gordon reconstrói bastante bem essa história. Em Mein Kampf, Hitler propõe, além de uma ideologia esotérica, também programas precisos de organização, que dão a idéia de que foram elaborados por um bom político. Himmler, o burocrata do extermínio, tem características organizativas semelhantes, mas não é de modo algum um bom comunicador. Tal como Hess também não é. Rosenberg é apenas um escritor muito eficaz... Desse grupo ligado à cultura esotérica, ninguém tinha, enfim, os dois dotes específicos que Hitler possuía.

No Mein Kampf são indicados os objetivos prefixados por Hitler: a criação de uma Eurásia de fronteiras orientais indefinidas, um “condomínio” mundial com a Inglaterra...

GALLI: Sim, é uma estratégia esotérica, na qual se entrelaçam ocultismo e geopolítica. Haushofer é quem elabora as teorias relativas ao “espaço vital”. Baseado em considerações místicas e espirituais que identificam a nação alemã como o centro do mundo, mas também fazendo referência a outros teóricos de geopolítica - como o inglês Halford John Mackinder, que havia identificado a Europa Oriental e a Rússia européia como o “coração da terra” -, Haushofer está convencido de que para reconstituir a civilização ariana seja preciso construir uma grande área que vá da Europa Ocidental aos Urais. O espaço vital - o Lebensraum - da nova sociedade ariana. A Alemanha é o fundamento dessa organização geopolítica que prenuncia a criação de uma nova civilização e de um homem novo que recupere as antigas virtudes perdidas. Os judeus, que têm um sonho hegemônico mundial contraposto a este, são marginalizados e, depois, eliminados. Portanto, o Drang nach Osten nasce desse projeto de natureza esotérica.

Mas há homens na cúpula do Terceiro Reich que não compartilham da mesma cultura de Hitler e de seus companheiros...

GALLI: É verdade, mas eles também são influenciados pelo ocultismo: o pragmático Göring interessa-se pela teoria da “terra oca”, Goebbels fica intrigado com Nostradamus... De qualquer forma, Goebbels e Göring compartilham o programa de Hitler justamente porque, de um modo ou de outro, são sugestionados por suas convicções esotéricas.

Chegamos à viagem de Hess à Escócia, em maio de 1941. Essa travessia acontece também sob signo esotérico...

GALLI: O projeto de condomínio com a Inglaterra, com base no Lebensraum como premissa para a construção de uma nova humanidade, nunca foi deixado de lado, nem mesmo depois do início da guerra, quando ficou evidente que a previsão de neutralidade da Grã-Bretanha não se havia realizado. A “ponte” ainda estava de pé. O episódio da prisão dos tanques alemães em Dunquerque, em 1940, que permitiu a fuga dos anglo-franceses, pode ser interpretado também com essa chave de leitura: seria uma tentativa de chegar a um acordo com os interlocutores esotéricos presentes na Ilha. Em 10 de maio de 1941, Hess voa para a Escócia para tentar convencer esses interlocutores a não intervirem no momento da invasão da URSS. Provavelmente, quer encontrar os herdeiros de sociedades do tipo da Golden Dawn, com os quais se pode discutir, e que têm relações com a Família Real. Seja como for, é o duque de Hamilton que Hess busca, sem dúvida. Ele é uma pessoa de confiança do rei da Inglaterra. É filonazista e há muito tempo tem relações com Hess e a cúpula do Reich. A decisão dessa viagem nasce provavelmente depois de um debate na cúpula esotérica nazista; portanto, é plausível que Hitler estivesse a par dela. A operação recebe a cobertura de um maciço esquema de desinformação. Mas Hess e os nacional-socialistas se iludem: aquela “ponte” ainda existe, mas já está fraca demais para permitir que passe por ela uma espécie de acordo entre a Alemanha e a Inglaterra a respeito do Drang nach Osten. Em maio de 1941, os aristocratas ingleses também já estão “resig­nados” a declarar guerra contra a Alemanha.
Hans Frank, governador-geral da Polônia nos anos do Terceiro Reich, fez parte do grupo que gravitava em torno da associação esotérica Thule Gesellschaft, matriz do grupo de intelectuais que deu vida ao nazismo
Hans Frank, governador-geral da Polônia nos anos do Terceiro Reich, fez parte do grupo que gravitava em torno da associação esotérica Thule Gesellschaft, matriz do grupo de intelectuais que deu vida ao nazismo
Em seu livro, o senhor explica como Hitler procura chegar a um acordo com a Inglaterra até o último minuto.

GALLI: Sim. Depois da derrota na Rússia, Hitler, em vez de tentar combater a contra-ofensiva russa, desloca as divisões blindadas do front oriental para o ocidental. A tática é sempre a mesma: “Obrigar a Inglaterra à paz pela força”, como ele mesmo parece ter dito. Hitler acredita até o fim que aquela “ponte” esotérica possa ser reconstruída.

Como é possível que a partir de experiências esotéricas se consiga chegar a um poder tão grande como o que detiveram Hitler e seus sócios na Alemanha?

GALLI: Eu sempre procurei evitar privilegiar exclusivamente a chave de leitura do esoterismo para explicar determinados fatos. Como eu já disse, certamente esse é um aspecto importante e negligenciado. Mas Hitler chega ao consenso por razões que a historiografia já estudou abundantemente e que eu não ponho em discussão: a humilhação alemã depois da Primeira Guerra Mundial, as frustrações que derivaram da derrota e do Tratado de Versalhes, a crise econômica de 1929, que produz 6 milhões de desempregados, a política de Weimar, que não consegue exprimir uma resposta eficaz a esses problemas. Essas são as principais razões que permitem a Hitler tomar o poder. Hitler consegue enfrentar o desemprego mesmo antes do rearmamento, por meio de grandes obras públicas, aceitando os conselhos do financista e político Hjalmar Schacht, que é um keynesiano. Por outro lado, Hitler, no Mein Kampf, apresenta um projeto político que têm aspectos normais, como, justamente, a luta contra o desemprego.

August von Galen, bispo de Münster durante o período nazista, definido pelo New York Times como “o opositor mais obstinado do programa nacional-socialista anticristão”, falou do nazismo como um “engano religioso”...

GALLI: De certa forma, é mesmo. Pio XI também demonstrou sua forte preocupação por meio da publicação da Mit Brennender Sorge. Ele falava do neopaganismo. Na realidade, pode-se falar de algo mais que o neopaganismo. Todas as cerimônias nacional-socialistas seguem um modelo religioso: as luzes, o Führer que aparece como uma revelação mágica. Todas têm um caráter de liturgia mágica.

Parece que Churchill, o grande opositor dos programas esotéricos do Führer, também não desdenhava da companhia dos ocultistas...

GALLI: Em meu livro La politica e i maghi, eu explico como até mesmo Churchill acreditava em videntes. Churchill era um conservador absoluto e um anticomunista absoluto. Não nos esqueçamos de que colaborou com o Popolo d’Italia de Mussolini. Em sua visão de mundo, só os povos de língua inglesa estão à altura da democracia. Para os outros povos, serve qualquer forma de regime. Para ele, a história do Ocidente coincide com a história dos povos anglófonos. Hitler, portanto, poderia até tê-lo agradado, como agradava a certos setores conservadores da sociedade inglesa. Mas, a meu ver, Churchill tinha relações com sociedades esotéricas que lhe haviam fornecido certo número de informações relativas à “contra-iniciação do Führer”.
Karl Haushofer, fundador do Instituto de Geopolítica de Berlim e principal idealizador da teoria nazista do Lebensraum, o “espaço vital”
Karl Haushofer, fundador do Instituto de Geopolítica de Berlim e principal idealizador da teoria nazista do Lebensraum, o “espaço vital”
Como assim?

GALLI: Na cultura esotérica, existe uma diferença fundamental entre “iniciação” e “contra-iniciação”. A iniciação - a maçônica, para dar um exemplo claro - seria positiva. A contra-iniciação, por sua vez, teria algo de diabólico: Churchill ficou sabendo que Hitler era um “contra-iniciado”. Churchill, portanto, estando a par do precedente “esotérico-diabólico” da contra-ini­ciação de Hitler, temia que, por trás dos objetivos negociáveis - mão livre na Europa e no Leste da Alemanha e garantia de continuidade do Império inglês -, que provavelmente ele poderia aceitar, houvesse objetivos não negociáveis: o império do mal. Hitler não queria apenas um império de tipo geopolítico. Queria um império sobre as consciências, baseado numa série de valores que até o conservador anticomunista Churchill via como negativos e inegociáveis. O fato é que a profecia de Hitler sobre o fim do império britânico substancialmente se realizou. Hitler profetizou que Churchill destruiria o império inglês e entregaria o cetro imperial aos Estados Unidos.

Uma última pergunta, professor. René Girard disse recentemente numa entrevista que “o desprezo nazista pela ternura cristã para com as vítimas não tem origem na história”. O professor francês afirmou também temer que “no futuro alguém tente reformular o princípio de maneira mais politicamente correta, talvez revestindo-o de cristianismo”. O que o senhor diz disso?

GALLI: Girard é um grande estudioso, documentado e de intuições muito ricas. Creio que seja possível pensar num nazismo “revestido de cristianismo”, mesmo porque o nazismo, com suas características específicas, é irrepetível. Eu não acredito que a democracia representativa possa ser posta em crise por movimentos autoritários como os das décadas de 1920 e 1930. Existe, porém, o risco de que nas democracias ocidentais se mantenha a forma da democracia, sem a substância. Os partidos já não serão postos fora da lei, as liberdades civis serão garantidas em certa medida, mas, ao mesmo tempo, pode haver o risco de que só restem as fórmulas da democracia e se elimine a substância. Poderia haver uma não-democracia disfarçada de democracia. Da mesma forma, a intuição de Girard é plausível: tal como é possível que uma antidemocracia se apresente com fórmulas aparentemente democráticas, do mesmo modo é possível que um anticristianismo que despreza as vítimas como fez o nazismo possa, na realidade, agir revestido de formas cristãs. Eu não gostaria de entrar demais num campo que não conheço, mas sei que existem, e são cada vez mais difundidas, publicações que exprimem tendências que eu creio possam ser definidas como “integralismo apocalíptico”. Essas tendências poderiam de alguma forma prefigurar um risco como esse de que fala Girard. Algumas das características isoladas que concorreram para a difusão do nazismo poderiam reaparecer nesse contexto.