quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Vida em Marte. Ou: Usando o materialismo marxista para explicar o marxismo


A prova de que Marx ainda vive entre nós!

Imagine, caro leitor, que um “profeta” certo dia anunciou que havia vida em Marte. Mas não ficou apenas nessa revelação. Usou métodos “científicos” para “demonstrar” que era inevitável existir vida em Marte, que era um estágio natural do cosmos, que após a vida na Terra, o próximo passo de evolução só poderia ser a vida em Marte.

Lá, tudo era muito diferente. Os marcianos viviam de forma pacífica, eram altruístas, abnegados, dividiam todas as propriedades e os frutos do trabalho. Uma grande família, formada por uma espécie de ET que mais parecia um “novo homem”.

Em seguida, milhares de teses de mestrado e doutorado foram escritas sobre os marcianos. Inúmeros professores se especializaram no assunto, e dedicaram suas vidas inteiras ao estudo do tema. Havia vasta literatura sobre a vida em Marte, e os mais renomados professores da área eram vistos como verdadeiras celebridades.

Até que um belo dia… veio o teste do pudim! Os americanos capitalistas, sempre esses chatos, criaram robôs capazes de chegar a Marte. O que constataram foi cruel, para os especialistas no tema: simplesmente não havia vida em Marte. Cada canto do planeta fora explorado, e nada. Nem um único ET para contar história. Tudo vazio.

Qual seria a reação de tanta gente cuja vida fora dedicada apenas a essa obsessão? Como aqueles cujos empregos dependiam da expectativa de vida em Marte reagiriam a essa notícia devastadora?
Essas são perguntas que nos ajudam a compreender melhor a reação de tantos marxistas hoje. Os marcianos, digo, os marxistas acreditaram em um “profeta”, que deu verniz pseudocientífico a uma “revelação”. Só que cada experiência deixou bastante evidente que esse troço não existia, que, quando a teoria era colocada em prática, o resultado não era um “novo homem”, mas muita miséria, escravidão e terror.

Reconhecer o fracasso da tese, da seita, era o mesmo que sucatear uma vida de estudos dedicados ao tema, e colocar em risco o próprio emprego. “Especialista em Marx? Desculpa, mas é o mesmo que especialista em marcianos, e eles não existem”. Como aceitar isso sem reagir, sem negar os fatos, sem cuspir na realidade, sem alegar que todas aquelas experiências não eram, na verdade, atreladas ao marxismo?

Voltando ao exemplo hipotético acima, os “cientistas” diriam que os robôs é que estavam errados, que não tinham procurado direito pelos ETs, que eram espiões da CIA com a missão de enganar os demais. Tudo, menos reconhecer que dedicaram suas vidas a uma fraude! Isso, só os mais corajosos, sempre em minoria.

Acredito que essa explicação mais prosaica, usando o próprio materialismo tão caro aos marxistas, ajuda a entender como ainda existem tantos marxistas aguerridos por aí, negando-se a admitir o fracasso retumbante de sua seita, digo, ideologia.

Vestem novas embalagens, revisam o mestre, rescrevem a história, dissociam as experiências marxistas do marxismo, colocam a culpa das desgraças em causas exógenas, qualquer coisa para não jogarem no lixo toda a bagagem que acumularam e que justifica seus empregos.
Sim, o marxismo é uma espécie de religião laica, como vários pensadores perceberam. E isso explica boa parte de sua persistência mesmo após 1989 ou 1992. Mas há esse outro lado mais materialista, mais vulgar mesmo, de quem luta desesperadamente para preservar o que tem, pois a alternativa é dolorosa demais, ameaçadora.

Quantos doutrinadores, digo, professores não existem ainda hoje por aí pregando o marxismo, enfiando goela abaixo dos pobres alunos Marx? Milhares! Eles são “especialistas” em vida em Marte, aquela que não existe. Não vão jamais reconhecer isso, pois teriam que abandonar toda a trajetória e recomeçar do zero.

Contam, felizmente para eles, com o fato de que o marxismo sempre vende bem entre os jovens, pois é utópico na teoria, oferece uma fuga sensacionalista para os ressentidos e invejosos, para os recalcados e alienados. Os jovens rebeldes, insatisfeitos com a vida real (típico da juventude), encantam-se com a promessa de vida em Marte, aquela igualitária do “novo homem”, onde os melhores não existem.

Os professores e intelectuais exploram isso de forma oportunista, e conseguem, então, preservar seus empregos e até sua aparência de celebridade (Zizek que o diga). Esqueçam aquilo que os robôs americanos mostraram. Há, sim, vida em Marte. Se ao menos tentarmos mais uma vez…

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