quarta-feira, 9 de abril de 2014

Deputada venezuelana cassada dá um show de consciência política a ser assimilada pela parte da direita que adota o direitismo depressivo

 


mariacorina
Sempre é bom lembrar o que significa o direitismo depressivo, termo criado por este blogueiro que vos escreve.
Direitismo depressivo é a condição do discurso político de uma pessoa da direita que assume um padrão de composto de propaganda de inevitabilidade para o adversário (ou seja, o adversário de esquerda sempre tem a vitória garantida quando e da forma que quiser), que serve como racionalização para um pedido por intervenção militar que, inevitavelmente, serve como mais uma propaganda não intencional para ajudar a esquerda.
Dentro dessa ótica, o direitista depressivo opera em um continuum no qual seus discursos se baseiam em racionalizações para
  • (a) Dizer que a esquerda sempre terá a vitória garantida e sempre se tornará invencível se jogarmos em termos democráticos
  • (b) E, portanto, os militares precisam intervir
Quando (b) é refutado, o discurso (a) é propagado cada vez com mais força (e com mais arrogância), sempre para prover a racionalização para (b). O direitista não percebe, no entanto, que (a) significa a aplicação da técnica da inevitabilidade (ou seja, demonstrar que o objeto sob propaganda é “inevitável”), só que em favor do adversário, e (b) significa outra propaganda dizendo que “democracia” é o rótulo da esquerda, e que, portanto, não deve ser atribuído à direita.
O direitismo depressivo, avaliado politicamente, chega a ser tão absurdo que parece até ter sido contratado pela esquerda.
De maneira diametralmente oposta, a deputada venezuelana (não sei se é de direita ou de esquerda moderada) Maria Corina Machado compõe uma antítese do discurso do direitismo depressivo. Veja a matéria da Folha:
A deputada cassada da Venezuela María Corina Machado disse nesta quinta-feira em São Paulo que a mudança política na Venezuela é irreversível e acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de ser o único responsável pela violência.
“Nós não queremos a guerra civil, são eles que se interessam pela violência. Nosso movimento é pacífico e, só com a nossa voz, conseguimos que a transição política se torne irreversível”.
A entrevista foi feita após um encontro com 70 venezuelanos que moram na capital paulista. Ela não quis comentar sobre as declarações do chanceler Luiz Alberto Figueiredo sobre a mediação da Unasul, negando que o órgão tenha a intenção de interferir em assuntos internos do país.
No entanto, criticou os países sul-americanos por não terem aplicado a carta democrática da OEA, como foi feito no caso de Honduras e do Paraguai quando houve a saída de Manuel Zelaya e Fernando Lugo.
María Corina Machado deve voltar para Caracas na madrugada de sábado. Amanhã, ela se encontrará com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio dos Bandeirantes.
A líder opositora deverá voltar ao Brasil em duas semanas para uma audiência pública na Câmara de Deputados. Ela foi convidada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Barbosa (PSDB-MG).
OVACIONADA
Por volta das 19h, Corina se reuniu com seus conterrâneos em um hotel na avenida Paulista, que a receberam sob o grito de “valente”.
Ela disse ter ficado emocionada com a recepção no Congresso, na quarta (2). “Enquanto em um dia a Guarda Nacional me impediu de entrar na Assembleia Nacional do meu país, aqui me receberam de pé e me aplaudiram.”
Em seguida, pediu aos imigrantes que levem os motivos dos protestos à população do Brasil, considerado por ela o país mais importante para entregar a mensagem dos manifestantes.
E brincou sobre o papel dos venezuelanos no mundo. “Vocês são tão nossos embaixadores como eu sou deputada.”
“Hoje temos uma tarefa histórica a fazer. Vamos fazer uma transição pacífica e todos poderão voltar. Não há lugar melhor no mundo para essas crianças crescerem”.
O encontro foi encerrado com o hino nacional venezuelano e com fotos entre a deputada e os venezuelanos, que, em sua maioria, usavam bandeiras ou roupas com a cor do país.
Enfim, Corina diz que a transição política na Venezuela é irreversível, e que suas ações fazem parte de um momento histórico.
Ao dizer que a opção pelo lado que ela defende é “irreversível”, ela demonstra a confiança e combatividade que a opinião pública espera de qualquer lado da guerra política. E, segundo Horowitz, o lado mais combativo (e confiante em sua vitória) tende a prevalecer.
É claro que o governo de Nicolas Maduro está mais pra lá do que pra cá, e eles passam verdadeiros apuros políticos. E também é verdade que a censura na Venezuela é muito mais severa do que no Brasil.
Enquanto isso, os direitistas depressivos, no Brasil, dizem que “está tudo acabado, está tudo dominado (pelo PT)” e, portanto, “nada mais há para ser feito”, compondo o continuum de que falei deste tipo de discurso. Imagino se um direitista depressivo desses estivesse na Venezuela. Será que ele passaria a dizer apenas “estamos mortos”?
É claro que o discurso de Corina é politicamente muito mais consciente do que o discurso dos direitistas depressivos. O fato é que Corina fala para obter resultados, enquanto os direitistas depressivos destroem resultados (e constroem resultados para os oponentes).
As palavras de Corina deveriam servir para envergonhar os direitistas depressivos. E, quem sabe, fazê-los aprender uma coisa ou duas.
Fonte: http://lucianoayan.com/2014/04/04/deputada-venezuelana-cassada-da-um-show-de-consciencia-politica-a-ser-assimilada-pela-parte-da-direita-que-adota-o-direitismo-depressivo/

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