A esquerda gozou por tanto tempo do monopólio intelectual no país que sua visão (distorcida) de mundo virou lugar-comum, ao menos nos discursos das elites e na imprensa. O coletivismo é a marca registrada dessa visão, que acaba por retirar completamente a responsabilidade dos indivíduos e transferi-la para abstrações, como o estado ou a sociedade. Mas como fica a família? Como fica o próprio indivíduo, já com idade para distinguir o certo do errado?
Esse episódio dos arrastões que voltaram a assustar os cariocas desperta novamente o debate, mas dessa vez a esquerda não tem mais a única voz. Cada vez mais gente de direita encontra espaço para se expressar, e fica claro que falam em nome do grosso da população, ao contrário da esquerda intelectual. As pessoas sabem, no fundo, que a educação recebida em casa faz toda a diferença, e que ficar eximindo essas famílias de responsabilidade é o caminho do inferno.
Um comentário do GLOBO de hoje, aplaudindo medidas que punam os pais desses menores delinquentes que assaltam nas praias do Rio, vai direto ao ponto:
O sonho do “welfare state”, de que caberia ao estado cuidar de todos do berço ao túmulo, fracassou. Produziu gerações de mimados irresponsáveis, de gente sem limites, e de famílias destroçadas que não conseguem incutir nos filhos o respeito às regras, ao próximo. Por onde andam esses pais?
Não venham dizer que a pobreza justifica o descaso, pois pobreza não é sinônimo de abandono, como a imensa maioria dos pobres sabe. É uma ofensa afirmar que os pais, só por serem pobres, não têm como educar seus filhos com o rigor necessário para reduzir bastante as probabilidades de surgir um monstrinho marginal.
O paternalismo é um dos grandes problemas da modernidade. Esse estado-babá, que tenta substituir a família na função de educar, é um total fracasso. O ideal é cobrar sempre a responsabilidade do indivíduo, claro. Mas quando ele for ainda adolescente, que ao menos parte da culpa recaia sobre seus pais, pois não dá mais para achar normal pessoas colocarem filhos no mundo para depois simplesmente abandoná-los por aí.
Rodrigo Constantino
Nenhum comentário:
Postar um comentário