quinta-feira, 28 de agosto de 2014

LEI DE COLSON (CHUCK COLSON) - AS GUERRAS CULTURAIS



É uma das leis mais fundamentais da história humana. Ela sempre foi verdadeira, e sempre será verdadeira, a menos que a própria natureza humana mude em sua essência.

Poderia ser também chamada de Lei dos Quatro Cs: Community, Chaos, Conscience e Cops (Comunidade, Caos, Consciência, Policiais). É mais fácil memorizá-lo visualmente, pelo quadrado das oposições ou quadrado lógico: 


Comunidade e Caos são opostos "verticais" do bem versus mal, enquanto Policiais e Consciência são opostos "horizontais" de dois bens. Comunidade e Caos são forças inerentemente opostas, como exércitos em guerra. Policiais e Consciência são duas armas ou estratégias possíveis do exército de defesa (Comunidade) contra o exército de ataque (Caos). Os dois pares de opostos são inversamente proporcionais, mas opostos "verticais" necessariamente se opõem (Caos e Comunidade destroem um ao outro), enquanto que os opostos "horizontais" não. Na verdade, policiais e consciência são muitas vezes complementares. Mas a necessidade de um deles diminui na medida em que a oferta do outro aumenta: quanto mais consciência tem uma comunidade, menos policiais ela precisa e quanto mais policiais ela tem, menos ela precisa contar com a consciência.

O caos é para uma comunidade, o que a doença é para um corpo (pois o corpo político também é um corpo: sua unidade é orgânica, em vez de artificial). A comunidade integra, o caos desintegra. A comunidade é coerência, o caos é incoerência. A comunidade é construção, o caos é desconstrução (uma filosofia inteira, nos dias hoje, se chama orgulhosamente pelo mesmo nome desse processo).
Uma comunidade é uma unidade orgânica porque é um microcosmo, uma pequena imagem do próprio universo. Embora Deus tenha criado o Universo desde fora, ele o projetou para que se mantivesse ordenado desde dentro, "naturalmente", por sua própria força interna de unidade, e não escorado por forças externas. Como uma comunidade humana, o "universo" é o paradoxo de um "um" ("uni") em "muitos" ("versa") ou de "muitos" em "um". Como o universo, uma "comunidade" é o paradoxo de uma "comum unidade" de muitos indivíduos e subgrupos unidos em um trabalho comum, por um propósito comum e compartilhando um valor comum.

Agostinho definiu a alma unificante de uma comunidade (civitas, "cidade") como o amor comum. Portanto, existem essencialmente apenas duas "cidades", a Cidade de Deus (os que amam a Deus) e a Cidade do Mundo (adoradores do mundo, idólatras). Uma comunidade, assim como um indivíduo, pode verdadeiramente invocar a bela fórmula de Agostinho - "amor meus, pondus meum" - meu amor é o meu peso, minha gravidade, meu destino. Minha densidade é meu destino (lembre da confusão linguística da cantada de George McFly em De Volta para o Futuro).

Vamos fazer uma analogia do nosso corpo social com nosso corpo individual. O corpo humano tem duas defesas contra as doenças: internas e externas, natural e artificial, preventiva ou corretiva. Se ele perde sua imunidade interna à doença, necessita de medicamentos, cirurgia ou muletas para ampará-lo desde fora, para compensar sua desintegração interna. Um deficiente físico precisa de muletas pelo mesmo motivo que pecadores precisam de igrejas. A religião é de fato uma muleta, uma arma de defesa, um escudo.

E os corpos sociais, assim como os individuais precisam de defesas. Assim como o corpo físico, o corpo político tem duas defesas contra o caos: o escudo externo é a "lei positiva", isto é, a lei humana, que é fisicamente imposta pelos policiais. A defesa interna é a "lei natural", a lei moral, não feita pelo homem, mas por ele descoberta, que é imposta espiritualmente pela consciência.

A defesa interna é feita de liberdade: a defesa externa é feita de força. A defesa interna é o amor - o amor ao bem. A defesa externa é o medo - o medo da punição. E o amor é livre, enquanto o medo não é.

A Lei de Colson dita que uma comunidade com menos "policiais internos" precisa de mais "policiais externos". Os Fouding Fathers dos Estados Unidos perceberam isso e repudiaram um estado não-livre, baseado primeiramente no "policiamento externo". Eles disseram explicitamente que a democracia livre que estavam desenvolvendo era projetada somente para um povo moral. As pedras fundamentais de uma democracia são consciências.

Mas o paradoxo da democracia é que embora ela seja fundada sobre a premissa de sólidas consciências morais, ela tende a produzir consciências morais fracas, pela sua própria permissividade. A maximização da liberdade na democracia (no sentido de baixo policiamento) depende de sua submissão voluntária à consciência, porém essa liberdade de não ter policiamento nos deixa tentados a nos livrarmos da consciência também. E então, paradoxalmente, este excesso de liberdade externa, de liberdade física, requer mais policiamento para evitar o caos interno e espiritual (que resulta no caos público externo, mais cedo ou mais tarde). Assim, temos mais policiamento e menos liberdade, pois os dois tipos de liberdade - de consciência e de policiamento - também são inversamente proporcionais. Quanto mais houver de um, menos você precisa do outro (Pense bem nisso!)

A Lei de Colson afirma que as únicas alternativas à consciência são a polícia ou o caos. Se a defesa interna é diminuída, o escudo externo deve ser aumentado para prevenir o caos. Portanto, uma democracia que perde sua consciência se tornará, necessariamente, um totalitarismo.

Isso tudo deveria ser óbvio, mas parece chocante à maioria dos americanos. E, esse fato em si é chocante.

A ideia de os Estados Unidos se tornarem totalitários parecerá absurda à maioria dos americanos, mas isso é porque eles esquecem que existe tanto o "totalitarismo duro", bem como o que Tocqueville chamou de "totalitarismo suave", de que existe um Admirável Mundo Novo e um 1984. A ditadura do que Rousseau chamou "a vontade geral", isto é, a opinião popular, pode ser tão totalitária quanto a ditadura de qualquer rei ou tirano e muito mais difícil de derrubar, especialmente quando manipulada por uma mídia poderosa e ideologicamente unida. A mídia é mais poderosa do que os militares e a caneta é, sem dúvida, mais forte que a espada.

Os policiais em um "totalitarismo suave" empunham canetas em vez de espadas - por exemplo, códigos de discurso que veem "hate speech", "extremistas de direita" e "homofobia" em mais lugares do que os inquisidores medievais viam demônios e bruxas.

A Lei de Colson é baseada na observação da história. Não é ideológica e, portanto, não pressupõe nem conservadorismo, nem esquerdismo. Os esquerdistas e os conservadores discordam apenas nos acidentes da Lei de Colson e não na essência. Existem diferenças muito significativas entre esquerdistas e conservadores, é claro. Os esquerdistas têm menos confiança nos policiais do que os conservadores. E, muito mais importante, os esquerdistas de hoje, normalmente pensam que a consciência tem sua origem na sociedade e não em Deus ou na natureza humana e na "lei natural". Mas eles concordam com os conservadores que é melhor a consciência do que os policiais para proteger a comunidade do caos e, assim, eles também concordam, em geral, que a sociedade precisa de mais educação moral. Desse modo, uma nova união de esquerdistas e conservadores que desejam ensinar valores e até mesmo virtudes, pode estar se formando.

(...)

Os santos sempre entram nos guetos, especialmente nos guetos morais. Eles fazem ondas. Moisés fez ondas. Jesus fez ondas. (...). As ondas fazem o lixo subir até a superfície e as ondas de lixo muitas vezes afogam os santos e os fazem mártires, glóbulos brancos que se doam para lutar contra uma infecção. Os santos são os glóbulos brancos da sociedade, os salvadores da sociedade. Se ninguém quer crucificá-lo, você não está fazendo o seu trabalho. Ou então o seu trabalho não é obra Dele.

Trechos do Livro "Como Vencer A Guerra Cultural" de Peter Kreeft da editora Ecclesiae

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