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De vez em quando eu gosto de escrever sobre algo que não seja política. Eis que surgiu este assunto em minha mente.
Há muito tempo, quando não havia agendas, nem telefones, nem computadores, nem sequer relógios portáteis, quando as pessoas não se comunicavam a não ser pessoalmente, quando o mundo era tão maior do que o de hoje, porque as distâncias tinham que ser percorridas a pé ou a cavalo, muito tempo atrás um homem escreveu que tudo tem seu tempo nessa vida. Uma vida inteira é uma sequência de tempos, que vão se sucedendo de uma maneira que não temos muito controle e muitas vezes nem muito entendimento.
Alegria, tristeza, nascimento, morte, semeadura, colheita, abraço, distância, amor, ódio, choro, riso, criação, destruição, guerra e paz. Cada um desses momentos faz seu tempo em nossas vidas, e por mais que queiramos uns ou tentemos evitar outros, é simplesmente algo maior que nossa pequena existência. Aceitar o nosso destino é o único caminho que nos livra das culpas e dos medos. Para isso não precisamos acreditar que ele seja um destino pré-determinado, nem mesmo que haja alguém desenhando nosso futuro – basta entendermos que nossa vida acontece dentro de um universo imenso, em meio a bilhões de outras pessoas e trilhões de outras galáxias. Diante de tanta grandeza, dizer que temos nosso destino em nossas mãos é tão absurdo como dizer que podemos fazer que o Sol brilhe mais forte amanhã.
Abraçar o destino que nos cabe é nossa maior missão. Só assim podemos nos alegrar com o que temos, em vez de nos revoltarmos com o que não temos. Só assim podemos entender que ter alguém que nos ama é um privilégio e uma causa de celebração, e não um evento comum que acontece a toda hora. Só assim é que não nos sentiremos compelidos a comparar nossos destinos com o de outras pessoas, e a nos medir de acordo com elas. Afinal, se a cada pessoa cabe um destino único, não há razão para se desejar o destino de outrem.
Comer com alegria, gozar a vida com quem se ama, dormir com a tranquilidade de quem não deve e ser a pessoa mais justa que se puder ser – é assim que tornamos o pequeno mundo ao nosso redor um pouco melhor. Tempos difíceis fazem parte da vida, mas eles virão intercalados com tempos bons. Sempre haverá uma razão para a alegria, e sempre haverá esperança. Todos os tempos ruins que passamos nos dão a chance de crescer; o caráter de um homem é polido constantemente pelas adversidades, e a falta delas nunca fez bem a ninguém. Quem já leu meu livro vai se lembrar de quando falo que o Brasil é “amaldiçoado” por ser um lugar tão fácil de se viver.
Enfim, não sei se teremos guerras, se a humanidade vai acabar num cogumelo atômico, se entraremos numa era de maravilhas, se a Dilma vai ganhar ou não, mas sei que é possível viver cada dia de uma vez, na base do amor e com a ajuda de Deus. Abrace o seu destino e viva uma história bonita, sem tentar adivinhar o capítulo de amanhã, firme no propósito de fazer a melhor caminhada que puder. E que tudo mais vá para o inferno, como dizia o cantor.
Flavio Quintela é autor do livro “Mentiram (e muito) para mim“
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