ARTIGOS - CIÊNCIA
Hawking e Mlodinow fizeram um trabalho completamente suficiente de derrotar seu próprio argumento.
Há um velho ditado que diz “dê muita corda a alguém e ele vai se enforcar”. A ideia é que, se alguém está errado ou mentindo, quanto mais o tempo passa, mais óbvio isso se torna presente. Bem, a Bantam Books deu a Stephen Hawking e Leonard Mlodinow toda a corda que eles queriam, e o resultado é The Grand Design (O grande projeto), um novo livro no qual eles argumentam contra a necessidade (e a existência) de Deus. Aqui está o núcleo de seu argumento:
[Assim], como Darwin e Wallace explicaram como o projeto aparentemente milagroso de formas de vida poderiam aparecer sem a intervenção de um ser supremo, o conceito do multiverso pode explicar o ajuste fino das leis físicas, sem a necessidade de um Criador benevolente que fez o universo para o nosso beneficio. Como existe a lei da gravidade, o universo pode e vai criar a si mesmo do nada. A criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, por que o universo existe, porque nós existimos.
Eles, então, explicam a teoria básica por trás do “multiverso”, que pressupõe a existência de múltiplos universos:
De acordo com a teoria-M, o nosso não é o único universo. Em vez disso, a teoria-M prevê que muitos universos foram criados do nada. A sua criação não requer a intervenção de algum ser ou deus sobrenatural. Antes, essas múltiplos universos surgem naturalmente pelas leis físicas.
Vamos deixar de lado a questão da teoria do “multiverso”, que John Haldane aborda em First Things. Hawking e Mlodinow fizeram um trabalho completamente suficiente de derrotar seu próprio argumento. Vamos simplesmente delinear suas três principais afirmações acima:
- Afirmação 1: a criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, inclusive o universo; (“a criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, por que o universo existe”). Isso se aplica a todos os universos, o que significa que se aplica a todo o multiverso.
- Afirmação 2: a criação espontânea exige a lei da gravidade; (“como existe a lei da gravidade, o universo pode e vai criar a si mesmo do nada”, “Antes, essas múltiplos universos surgem naturalmente pelas leis físicas”).
- Afirmação 3: A multidão de universos são responsáveis pela produção de afinadas leis físicas (“O conceito do multiverso pode explicar o ajuste fino das leis físicas”)
Reduzido a seu núcleo, o argumento se parece com isso:
O problema, é claro, é que isso é circular. Você não pode ter um universo sem que seja criado, você não pode ter criação espontânea sem as leis físicas, e você não pode ter as leis físicas sem um universo.
Como Hawking e Mlodinow admitiram, sem criação, não há nada. Para se ter qualquer coisa – um universo, um multiverso, a lei da gravidade “bem afinados” pelas leis da física, qualquer coisa – você tem de primeiro ter a Criação. E eles mostraram de forma bastante eficaz que a criação “espontânea” é impossível, uma vez que exige as leis físicas, como a lei da gravidade. Então, eles mesmos estabelecem que houve uma Criação, e que o universo/multiverso não pode (e não podia) criar a si mesmo.
Deste ponto de vista, parece que as duas únicas possibilidades são “Deus” ou o “um absurdo e irracional argumento circular”. Hawking e Mlodinow podem ser físicos brilhantes, mas pelo menos neste livro se apresentam como filósofos e lógicos pobres. Seus esforços fúteis para delinear uma história da criação ateísta dá mais credibilidade ao teísmo do que o ateísmo.
Publicado no Logos Apologética.
Tradução: Emerson de Oliveira
via msm
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