Em
4 de dezembro de 2012, a Gazeta do Povo publicou, lado a lado, dois
artigos sobre o tema "O legado de Paulo Freire": um, escrito pelo
presidente de honra do Instituto Paulo Freire, Prof. Moacir Gadotti; e
outro, pelo jornalista, sociólogo e colaborador do ESP José Maria e
Silva. O artigo do Prof. Gadotti -- intitulado Patrono da educação brasileira -- está nesse link:http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?id=1324596. O do jornalista José Maria e Silva, intitulado Autoajuda marxista, segue abaixo.
* * *
“Paulo Freire: Rousseau do século 20.” Quem faz essa afirmação, em um
alentado livro de 324 páginas publicado em 2011 na Holanda e que leva
justamente esse título, é o indiano Asoke Bhattacharya, professor da
Universidade de Calcutá. De fato, Paulo Freire é a versão atual do autor
de Emílio, ou Da Educação (1762), que muita influência teve na
pedagogia. Mas, como ironiza Émile Durkheim, quem confiaria a educação
de uma criança ao desnaturado Rousseau, que abandonou a própria prole?
Essa pergunta cabe em relação a Paulo Freire, que prega a liberdade,
mas cultua totalitarismos. Pedagogia do Oprimido, uma espécie de manual
de autoajuda marxista, idolatra a “linguagem quase evangélica” do
“humilde e amoroso” Che Guevara, enaltece sua “comunhão com o povo” e,
valendo-se de um jogo vazio de palavras, justifica as execuções sumárias
que ele perpetrava sem piedade: “A revolução é biófila, é criadora de
vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a
vida”.
Essa frase assassina inspira Moacir Gadotti, discípulo predileto do
mestre, que, em Pensamento Pedagógico Brasileiro, despreza o grande
pedagogo escola-novista Lourenço Filho, mas se rende a Lenin e Mao
Tsé-tung. Ambos são tratados por Gadotti como “grandes pedagogos da
humanidade”.
Pedagogia do Oprimido, que deu fama mundial a Freire, é menos um
tratado que um panfleto. Até seus discípulos são obrigados a
reconhecê-lo. Ao observar que Paulo Freire “foi saudado como um dos
fundadores da pedagogia crítica”, Bhattacharya observa que isso “não é
errado, mas também não é muito preciso”, pois vários filósofos
educacionais antes dele foram críticos em relação à pedagogia
tradicional. “Portanto, não é a atitude crítica de Freire, mas seu
ativismo político que o diferencia de alguns (mas não de todos) os
filósofos canônicos educacionais”, diz o professor indiano.
O “Método Paulo Freire”, com mais propaganda que resultados, foi uma
ferramenta populista de João Goulart financiada com dinheiro
norte-americano do acordo MEC-Usaid. E nem era inédito: o uso de
palavras geradoras na alfabetização já estava presente em outras
propostas pedagógicas, como o “Método Laubach”, muito disseminado no
Brasil. O que Paulo Freire fez foi carregar as palavras de ideologia
revolucionária, a pretexto de falar da realidade do aluno. É como se o
pedreiro tivesse de se restringir ao tijolo; o lavrador, à enxada; o
carpinteiro, ao serrote. O que seria da cultura brasileira se Machado de
Assis fosse obrigado, em sua alfabetização, a tartamudear sobre o morro
em que nasceu?
O reducionismo pedagógico é o grande legado de Paulo Freire.
Juntando-se ao “construtivismo pós-piagetiano”, ele inspirou o
“preconceito linguístico”, que vilipendia a norma culta do idioma; a
“geografia crítica”, que mistura bairrismo com economia marxista; a
história em ação, que eterniza o presente; a matemática étnica, que cria
analfabetos em tabuada. Paulo Freire relativizou o conhecimento, anulou
a autoridade do professor e, sobretudo, assassinou o mérito –
inviabilizando a possibilidade de educação. O ranking global divulgado
no fim de novembro que o diga.
José Maria e Silva, jornalista, é mestre em Sociologia.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?id=1324597
via escola sem partido
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