sábado, 10 de julho de 2021

ANIQUILANDO AS FALÁCIAS IDEOLÓGICAS - THOMAS SOWELL

 

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    Comunismo e fascismo, para Sowell, estão muito próximos e a ideia de que fazem parte de polos ideológicos não se sustenta mais. Ao se comparar esses dois movimentos totalitários e suas agendas, incluindo a agenda da esquerda, vê-se que eles têm mais semelhanças do que as agendas da maioria dos grupos conservadores. Sowell chama atenção para a questão de que o conservadorismo não apresenta um conteúdo ideológico específico, já que essa agenda muda dependendo da época e do que se quer conservar. Nos últimos dias da União Soviética, os que queriam preservar o regime comunista, por exemplo, eram denominados conservadores, embora não tivessem nenhuma ideia comum com as de Friedman, Hayek e Buckley.

    Sobre a questão direita-esquerda, Sowell ainda acrescenta que a esquerda democrática opta por tomadas de decisão coletivistas, impostas de cima para baixo, como também optavam os fascistas italianos e os nazistas alemães. A esquerda democrática também compartilha com eles uma política de cunho intervencionista e supostamente a favor do povo, das massas, embora esses não tenham autonomia em suas decisões, quem decide pelos trabalhadores, pelo povo, são os intelectuais ungidos, ou seja, aqueles que acreditam ser moralmente superiores e sabem o que é melhor para as massas.

    Muitos pensadores que supostamente defendiam as massas, na verdade as repudiavam:

Rousseau, apesar de toda ênfase que deu à “vontade geral”, deixou às elites o papel exclusivo de interpretar essa vontade geral. Ele via as massas como algo parecido a um “estúpido e pusilânime inválido”. Godwin e Condorcet também expressavam, no século XVIII, um desprezo semelhante às massas. Karl Marx disse: “Ou a classe trabalhadora se faz revolucionária ou não é nada”. Em outras palavras, para esses intelectuais, milhões de seres humanos só tinham qualquer importância se adotassem a visão deles. O socialista George Bernard Shaw incluía a classe trabalhadora entre os tipos “detestáveis”, pessoas que não têm direito de viver (SOWELL, 2011,P. 158).

    Para finalizar a discussão sobre a dicotomia direita-esquerda, Sowell aborda a obsessão da esquerda pelo controle do Estado, sempre com a desculpa de que ele estaria sendo usado em benefício do povo, porém, na realidade, o que ocorre são abusos de todos os tipos, como os genocídios e assassinatos em massa, realizados por Hitler, Stalin, Mao, entre outros ditadores.

    Sowell discute a questão da mudança e do status quo. Para Sowell, a esquerda só aceita a mudança do status quo, quando ela beneficia seu viés ideológico. Mesmo mudanças importantes para toda a população são ignoradas em benefício da manutenção daquilo que a esquerda acredita, ou seja, tudo o que promove o uso ideológico e partidário do pensamento de esquerda. Nesse sentido é interessante mencionar a célebre frase de George Orwell (1903-1950), em A Revolução dos Bichos: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”.

    Os sórdidos interesses da esquerda são expostos por Sowell, que diz que ela se omite, por exemplo, em mencionar os benefícios e mudanças ocorridas na década de 1920 nos EUA, entre eles o uso da eletricidade, dos carros, do rádio e do transporte aéreo comercial. Qual seria a justificativa para a esquerda ignorar transformações tão relevantes? A resposta seria a não contribuição dessas mudanças em relação aos mecanismos sociais da forma como a esquerda os entende. Quando a década de 1920 é citada pela intelligentsia, geralmente é lembrada como uma época de manutenção do status quo, de estagnação.

    Ainda para sustentar seus argumentos sobre a falácia da visão dos intelectuais ungidos e da esquerda, Sowell discute a questão da retórica. Para que o papel dos intelectuais seja entendido, deve-se compreender não só a retórica desses intelectuais, mas focar na realidade de suas preferências, no modo como elas se apresentam. Não basta que se preste atenção no que um intelectual diz, porque as palavras nem sempre dão conta de expressar algo claramente. Mesmo o que se diz de maneira bem articulada, pode não representar o real comportamento de uma pessoa.

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