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Comunismo e fascismo, para Sowell, estão muito próximos e a
ideia de que fazem parte de polos ideológicos não se sustenta mais. Ao se
comparar esses dois movimentos totalitários e suas agendas, incluindo a agenda
da esquerda, vê-se que eles têm mais semelhanças do que as agendas da maioria
dos grupos conservadores. Sowell chama atenção para a questão de que o
conservadorismo não apresenta um conteúdo ideológico específico, já que essa
agenda muda dependendo da época e do que se quer conservar. Nos últimos dias da
União Soviética, os que queriam preservar o regime comunista, por exemplo, eram
denominados conservadores, embora não tivessem nenhuma ideia comum com as de
Friedman, Hayek e Buckley.
Sobre a questão direita-esquerda, Sowell ainda acrescenta que
a esquerda democrática opta por tomadas de decisão coletivistas, impostas de
cima para baixo, como também optavam os fascistas italianos e os nazistas alemães.
A esquerda democrática também compartilha com eles uma política de cunho
intervencionista e supostamente a favor do povo, das massas, embora esses não
tenham autonomia em suas decisões, quem decide pelos trabalhadores, pelo povo,
são os intelectuais ungidos, ou seja, aqueles que acreditam ser moralmente
superiores e sabem o que é melhor para as massas.
Muitos pensadores que supostamente defendiam as massas, na
verdade as repudiavam:
Rousseau, apesar de toda ênfase que deu à “vontade geral”, deixou
às elites o papel exclusivo de interpretar essa vontade geral. Ele via as
massas como algo parecido a um “estúpido e pusilânime inválido”. Godwin e
Condorcet também expressavam, no século XVIII, um desprezo semelhante às
massas. Karl Marx disse: “Ou a classe trabalhadora se faz revolucionária ou não
é nada”. Em outras palavras, para esses intelectuais, milhões de seres humanos
só tinham qualquer importância se adotassem a visão deles. O socialista George
Bernard Shaw incluía a classe trabalhadora entre os tipos “detestáveis”,
pessoas que não têm direito de viver (SOWELL, 2011,P. 158).
Para finalizar a discussão sobre a dicotomia
direita-esquerda, Sowell aborda a obsessão da esquerda pelo controle do Estado,
sempre com a desculpa de que ele estaria sendo usado em benefício do povo,
porém, na realidade, o que ocorre são abusos de todos os tipos, como os
genocídios e assassinatos em massa, realizados por Hitler, Stalin, Mao, entre
outros ditadores.
Sowell discute a questão da mudança e do status quo. Para Sowell,
a esquerda só aceita a mudança do status quo, quando ela beneficia seu viés
ideológico. Mesmo mudanças importantes para toda a população são ignoradas em
benefício da manutenção daquilo que a esquerda acredita, ou seja, tudo o que
promove o uso ideológico e partidário do pensamento de esquerda. Nesse sentido
é interessante mencionar a célebre frase de George Orwell (1903-1950), em A
Revolução dos Bichos: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais
que outros”.
Os sórdidos interesses da esquerda são expostos por Sowell,
que diz que ela se omite, por exemplo, em mencionar os benefícios e mudanças
ocorridas na década de 1920 nos EUA, entre eles o uso da eletricidade, dos
carros, do rádio e do transporte aéreo comercial. Qual seria a justificativa
para a esquerda ignorar transformações tão relevantes? A resposta seria a não
contribuição dessas mudanças em relação aos mecanismos sociais da forma como a
esquerda os entende. Quando a década de 1920 é citada pela intelligentsia,
geralmente é lembrada como uma época de manutenção do status quo, de
estagnação.
Ainda para sustentar seus argumentos sobre a falácia da visão dos intelectuais ungidos e da esquerda, Sowell discute a questão da retórica. Para que o papel dos intelectuais seja entendido, deve-se compreender não só a retórica desses intelectuais, mas focar na realidade de suas preferências, no modo como elas se apresentam. Não basta que se preste atenção no que um intelectual diz, porque as palavras nem sempre dão conta de expressar algo claramente. Mesmo o que se diz de maneira bem articulada, pode não representar o real comportamento de uma pessoa.
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