O oficial de inteligência do bloco
soviético da mais alta patente a ter fugido para o Ocidente afirma em seu novo
livro que o terrorismo islâmico antiamericano tem raízes em uma conspiração
secreta da KGB da década de 70 para prejudicar os EUA e Israel por meio da
disseminação, em países muçulmanos, de propagandas cuidadosamente dirigidas.
Tenente-general romeno Ion Mihai Pacepa é foi oficial de inteligência do bloco soviético de mais alta patente a ter fugido para o Ocidente. |
Yuri Andropov, chefe da KGB por 15
anos antes de se tornar primeiro-ministro da União Soviética, enviou centenas
de agentes e milhares de cópias de literatura de propaganda a países
muçulmanos.
“Por volta de 1972”, de acordo com
o livro, “a máquina de desinformação de Andropov funcionava sem parar para
persuadir o mundo islâmico de que Israel e os Estados Unidos pretendiam transformar
o mundo todo em um feudo sionista”.
“De acordo com Andropov, o mundo
islâmico era uma placa de Petri onde a comunidade da KGB podia cultivar uma cepa
fatal de ódio antiamericano a partir da bactéria do pensamento
marxista-leninista”.
Essas declarações vêm do ex-tenente-general
Ion Mihail Pacepa e do professor de direito da Universidade do Mississippi, Ronald
Rychlak.
Em seu livro, intitulado Disinformation (Desinformação), Pacepa revela os segredos
que guardou por décadas como chefe do aparato de espionagem da Romênia e da
polícia secreta, o DIE, antes de receber asilo político nos EUA em 1978.
Andropov assumiu a KGB poucos meses
após a Guerra dos Seis Dias entre os árabes e Israel em 1967, na qual Israel
humilhou os aliados importantes da União Soviética: Síria e o Egito. Ele então
decidiu acertar as contas treinando militantes palestinos para sequestrar aviões
da companhia aérea El Al e bombardear locais estratégicos em Jerusalém.
Os Protocolos dos Sábios de Sião são uma falsificação russa baseada em uma peça francesa do século XIX. Andropov popularizou a ideia de que os “Sábios de Sião” estavam no congresso americano |
E o que é ainda mais chocante, Andropov
encomendou a primeira tradução para o árabe dos Protocolos dos Sábios de Sião,
um livro propaganda forjado pela Rússia em 1905 que alegava que os judeus conspiravam
para dominar a Europa e estavam sendo ajudados pelos Estados Unidos.
Os Protocolos, de acordo com
Pacepa, se tornaram “a base de boa parte da filosofia antissemita de Hitler”. E
a KGB, segundo ele, disseminou “milhares de cópias” em países muçulmanos
durante a década de 70.
Além da língua russa, os “protocolos” foram traduzidos para muitas outras línguas, incluindo árabe. |
Antes de o presidente Jimmy Carter
aceitar sua solicitação de asilo, Pacepa chefiou os serviços de inteligência da
Romênia governada pelo ditador Nicolae Ceausescu, que foi sumariamente
executado junto com a esposa em 1989 após um levante popular.
Em 1972, escreve Pacepa, sua
agência DIE “recebeu da KGB uma tradução em árabe dos Protocolos dos Sábios de
Sião junto com um ‘documentário’ material, também em árabe, ‘provando’ que os
Estados Unidos eram um país sionista”.
Ele foi ‘instruído’, acrescenta, a
disseminar ‘discretamente’ ambos os ‘documentos’ em países islâmicos específicos.
“Durante meus últimos anos na
Romênia”, lembra-se, “todos os meses o DIE disseminava milhares de cópias no
seu círculo de influência islâmico. Nas reuniões que tive com meus
correspondentes dos serviços de inteligência húngara e búlgara, com quem tinha
relações próximas na época, descobri que eles faziam o mesmo em seus
respectivos círculos de influência islâmicos".
A KGB assumiu a “autoria secreta”
por uma série de ataques contra alvos israelenses poucos anos antes de Pacepa
deixar a Romênia, afirma, listando onze deles. Dentre eles está o ataque de 30 de
maio de 1972 no Aeroporto Ben Gurion, que deixou 22 mortos e 76 feridos, e o bombardeio
de 4 de julho de 1975 à Praça Sião, em Jerusalém, em que 15 pessoas foram
mortas e 62 ficaram mutiladas.
Teria o terrorismo militante islâmico suas raízes em uma campanha de desinformação soviética que ligava os EUA a Israel? Ex-chefe da inteligência romena diz que sim |
Pacepa e Rychlak concluem que boa
parte do sentimento antiamericano no Oriente Médio e em outros lugares remonta
a operações clandestinas da União Soviética, muitas nas quais ele desempenhou
um papel importante.
As campanhas de desinformação do
primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev, da era Kennedy, “aumentaram a
distância entre o cristianismo e o judaísmo”, afirmam os autores. E “a
desinformação de Andropov virou o mundo islâmico contra os Estados Unidos e provocou
o terrorismo internacional que hoje nos ameaça”.
Traduzido por Luis Gustavo Gentil do original do
Daily Mail: EXCLUSIVE: New book reveals how KGB
operation seeded Muslim countries with anti-American, anti-Jewish propaganda
during the 1970s, laying the groundwork for Islamist terrorism against U.S. and
Israel
Fonte: www.juliosevero.com
Fonte: www.juliosevero.com
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