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“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. [...]”
Gênesis 1:31
Na tentativa de fazer a ciência explicar a Bíblia, muitos teólogos afirmam que entre os versos 1 e 2 do capítulo 1 de Gênesis existiu um tempo longo, milhares de anos, os quais são atribuídos por muitos estudiosos como uma era de muitas e extraordinárias transformações na natureza.
Em resumo, a Teoria do Intervalo acredita que Deus criou o mundo perfeito, com toda a natureza e seus seres, inclusive com os dinossauros e outras criaturas que, hoje, conhecemos apena através de fósseis. Segundo essa teoria, algo muito intenso aconteceu que levou ao fim a vida no planeta e ocasionou a sua deformidade física também. Há quem especule que esse grande evento foi a queda de satanás, o que deixou a primeira criação de Deus (verso 1) sem forma e vazia, induzindo-O a refazer o planeta, recriar o paraíso, conforme a narrativa bíblica que tem início no verso 2 do primeiro capítulo do livro de Gênesis.
Não cabe discutir neste artigo as muitas controvérsias de que essa teoria está carregada quando confrontada com a própria Bíblia. Contudo, precisamos abrir um parêntese aqui para observarmos pelo menos quatro delas antes de prosseguirmos com o texto.
Primeiro, por qual motivo um evento de tamanha grandeza assim não seria ao menos mencionado pelo Senhor em toda a Bíblia? Segundo, a Bíblia jamais traria em Gênesis 1:31 a afirmação que Deus viu que tudo “era muito bom” nessa suposta segunda criação, se o mal já existia no mundo. Terceiro, fósseis hoje se explicam por morte, doenças e destruição no passado. Se isso aconteceu com a queda de satanás antes da criação de Adão, então esses males já existiam na terra antes do primeiro homem, enquanto que a Bíblia conta que Adão foi quem introduziu morte, doenças e sofrimentos a todo tipo de vida e, em especial, à vida humana: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” [1]. Por fim, a crença de que a terra é milhões de anos mais velha que a Bíblia é perigosa, pois sugere que parte dos textos bíblicos não seja autêntica, mas, antes, trate-se de alegorias, inclusive o que é relativo à criação, pondo assim em xeque a existência do próprio Adão. Ora, se Adão não tivesse existido realmente, o pecado não foi introduzido no mundo e nem Jesus tinha de morrer numa cruz, como explica o Novo Testamento: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” [2]. Neste ponto, o Cristianismo seria uma farsa e a Bíblia seria apenas uma coleção de livros com histórias interessantes e fábulas hipercriativas.
Para fechar esse parêntese, deixo a seguinte transcrição sobre esse assunto:
Gênesis 1 simplesmente não pode ser reconciliado com a noção de que a criação ocorreu durante longos períodos de tempo, nem que esses períodos ocorreram entre Gênesis 1:1 e 1:2. O que aconteceu entre Gênesis 1:1 e 1:2? Absolutamente nada! Gênesis 1:1 nos diz que Deus criou os céus e a terra. Gênesis 1:2 nos informa que logo quando Deus criou a terra, ela era sem forma, vazia e escura; não estava pronta ainda e não habitada por criaturas. O resto de Gênesis capítulo 1 nos diz como Deus refinou a terra sem forma, vazia e escura e a encheu com vida, beleza e bondade. A Bíblia é verdade, literal e perfeita (Salmos 19:7-9). A ciência nunca conseguiu refutar nem um jota ou um til da Bíblia, e nem conseguirá. A Bíblia é a verdade suprema, e, portanto, é o padrão pelo qual teoria científica deve ser avaliada, e não o contrário. [3]
Fora a polêmica acima, o tema principal deste artigo está no fato de que os primeiros capítulos de Gênesis apontam para um Deus extraordinariamente organizado, inteligente e disposto, criando em ordem gradativa e integrada os seres do mundo. Primeiro, luz. Deus não tem dificuldade para lidar com coisas impossíveis, mas nem Ele trabalhou no escuro, sem nenhuma luz. Para nós isso é impossível, mas Seu grande exemplo vai além de simplesmente não agir na escuridão. Demonstra que devemos buscar, primeiramente, a separação das trevas se queremos, de fato, produzir, criar, ver acontecer as boas obras a que somos chamados para exercermos no Seu Reino.
Na sequência, Deus criou as águas, depois o céu e a terra. Daí, começou a criar os primeiros seres vivos, que foram as vegetações. Em seguida, Deus criou o céu e, posteriormente, pôs neles os luminares e o Sol para, só então, começar a criar os animais. Ora, é conhecido de todos que seres vivos necessitam de luz, calor do sol, terra e água para sobreviverem. Só nesse momento é que o planeta estava pronto para receber animais e plantas. Depois de tudo isso acabado é que o mundo estava preparado para receber o homem [4], que precisa de animais, plantas, água, terra, luz e sol – no mínimo – para sobreviver. Interessante esse cuidado minucioso do Senhor, não?
Ocorre que no curso de toda a Bíblia, o que vemos com nitidez é esse cuidado em voga, é a paixão de Deus por decência e por ordem [5] se concretizando em Seus atos ao criar novos horizontes e/ou organizar a vida atribulada dos Seus amados. Vemos o amor do Senhor em dar forma às histórias ainda disformes dos Seus queridos em restaurar vida onde a morte se impôs, restaurar saúde destituída por enfermidades, restaurar os destinos de pessoas condenadas por seus erros (como a mulher pega em flagrante adultério e o ladrão arrependido na cruz), restaurar a liberdade dos oprimidos por demônios, restaurar provisões insuficientes no intuito de garantir a plena satisfação das necessidades dos Seus amados (como na transformação da água em vinho nas bodas de Caná, e na multiplicação dos peixes e pães no deserto).
É de comum conhecimento que a organização torna mais bonito qualquer lugar, torna mais fácil encontrar qualquer coisa, diminui o estresse e causa menos fadiga nas pessoas. Criação e organização são palavras diretamente associadas à limpeza, beleza, autoridade, zelo, capricho, responsabilidade, criatividade, atividade, entre outras virtudes. E todas essas coisas fazem parte da personalidade de Deus.
Por isso Ele Se importa tanto em (re)organizar nossas vidas. A confusão nos nossos sentimentos, a desordem dos pensamentos, o caos das circunstâncias, os conflitos no lar, a desorganização do presente que desestrutura o futuro, a disformidade na linha dos nossos interesses... A fraqueza onde deveria haver força, o medo onde deveria haver ousadia, a tristeza onde deveria haver alegria, a falta de perspectiva onde deveria reinar esperança, a inquietação que afugenta a paz, a ansiedade que engessa a fé. Tantas coisas que se desordenaram em nossas vidas, ou que tiveram início da maneira errada, figurando verdadeiros colossos para nós, mas que em nada intimidam a Deus, o Senhor.
E basta que tão somente Lhe busquemos com sinceridade e contrição para que Ele comece, amorosa, paciente e maravilhosamente, a colocar tudo em ordem outra vez, ou a fazer tudo novo, ou, simplesmente, a criar o que ainda não temos e precisamos.
Só que esse processo muitas vezes é lento, melindroso, exige uma atenção e uma habilidade que só Deus tem para empregar sobre nós. E trata-se de um processo que não se fundamenta em lógica humana, mas na sabedoria divina que, na grande maioria das vezes, excede todos os limites da nossa visão e contraria todo o nosso sistema racional.
Contudo, de tudo o que Deus faz pelo ser humano, o que mais nitidamente demonstra o apego do Senhor por novidade e organização é a transformação de miseráveis pecadores em joias lapidadas de valor inestimável. É dar sentido ao que antes era uma existência vazia, triste, sem razão de ser e sem cores nem brilho. O maior sinal de organização e perfeição de Deus é o milagre da salvação, que apaga a rota da perdição eterna e escreve um destino novo com a tinta do Sangue de Cristo, apontando para a vida eterna ao Seu lado.
As máscaras que omitem o orgulho altivo e a insuficiência humana caem, e a nitidez acerca da nossa real situação dá ao Senhor condições de (re)criar o caráter humano mais uma vez e torná-lo à santidade de Cristo. E o que não tinha identidade, passa a ser chamado de filho; o que era trevas, brilha à luz do Senhor e reproduz Sua luz num mundo caótico, perdido e ainda sem Deus, precisamente de onde saímos. [6]
O homem sem Deus é como a terra no início da criação: Sem forma e vazio. Mas pela incansável e sistemática obra do Espírito Santo em nossas vidas, o que antes envergonhava o Reino agora é orgulho para o Rei da Glória.
E de perdidos transformados em discípulos do Altíssimo se prova que Deus não é só um Deus imenso e organizado, mas, na plenitude de Sua grandeza, em tudo Ele é fenomenal.
Fonte: http://teamomeujesus.blogspot.com.br/2014/01/sem-forma-e-vazios.html
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