Muitos brasileiros resolveram torcer contra a nossa seleção nesta Copa do Mundo organizada em casa. O motivo era a aversão ao PT e ao uso político que ele faria com uma eventual vitória. Meus leitores sabem que não aceitei o argumento, edefendi o direito do brasileiro de separar as coisas, de torcer pela nossa vitória em campo e continuar um duro oponente do atual governo.
Pois bem: agora o Brasil perdeu de forma humilhante para a Alemanha, e quem tenta desesperadamente separar política de futebol é justamente o PT, aquele que antes tentava casar as duas coisas. O objetivo desse texto é mostrar que, pela lógica deles mesmos, são coisas inseparáveis. Para os socialistas, o esporte sempre foi mais do que pura diversão, mais até do que “pão & circo” para alienar as massas: era o retrato do sucesso da nação como um todo.
Em A vida secreta de Fidel, seu ex-segurança Juan Reinaldo Sánchez, que foi sua sombra por 17 anos, conta aquilo que todos já sabiam: como o ditador levava a sério o esporte. Diz ele: ”Fidel Castro sempre considerou com muita seriedade os Jogos Olímpicos, em especial o desempenho dos atletas cubanos que eram, para ele, a expressão da grandeza da Revolução e o desenvolvimento de seu país”.
A ditadura cubana sempre desviou muitos recursos, bastante escassos na ilha caribenha, para esta finalidade, e os inocentes úteis ocidentais aplaudiam: “Estão vendo como Cuba é uma potência? Com apenas 11 milhões de habitantes, ganha quase tantas medalhas como os americanos”. E ignoravam a decadência em todo o resto, inclusive na medicina e na educação (doutrinação ideológica), vendidas como grandes sucessos de forma enganosa.
Basta lembrar da União Soviética e da China comunista, com suas economias em frangalhos, mas com atletas de primeira. Era uma forma de compensar o fracasso doméstico, de lutar de igual para igual com a potência capitalista dos Estados Unidos ao menos em uma seara. Faltava papel higiênico nas prateleiras e milhões morriam de fome, mas as medalhas de ouro e prata se acumulavam…
Mesmo com a abertura da China para a globalização, certas coisas não mudaram. Vimos nos últimos Jogos Olímpicos como as atletas chinesas, ainda muito jovens, sofriam intensos castigos e um método de treinamento mais que rigoroso – praticamente desumano – tudo para vencer a qualquer custo. Coletivistas confundem estado com nação e atletas com estado. Vale tudo para desafiar os “imperialistas ianques” em um setor em que a vitória é possível.
A Coreia do Norte é o exemplo mais caricato disso. Um país miserável, com milhões sofrendo com a inanição causada pelo comunismo, mas uma organização militar de “formigas”, que usam os esportes para compensar a falta de todo o resto – e não conseguem nem isso. Mas o ditador maluco adora, convida astros do basquete americano para suas partidas. O esporte é tudo.
Sabemos que o PT é o herdeiro ideológico dessa mentalidade no Brasil. Desde o começo o partido tentou se apropriar da Copa do Mundo para fins políticos. A presidente Dilma fez analogias, afirmando que os “urubus” pessimistas iriam quebrar a cara tanto na Copa como na economia. Os rubro-negros alemães acabaram humilhando nossa seleção, dando um verdadeiro passeio em campo, brincando e colocando nossos zagueiros na roda.
E agora, Dilma? O PT ainda vai misturar política e futebol? Ou vai de forma oportunista fingir que nunca tentou fazer isso? Aos que, como eu, nunca aceitaram tal mistura abjeta, típica dos vermelhos, e que torceram pela seleção mesmo sabendo o que o PT faria com uma vitória, ao menos têm agora um consolo: não serão forçados a engolir uma patética encenação de que os jogadores eram sinônimo do “sucesso” da nação como um todo. O show de ufanismo boboca foi evitado, ao menos.
Já os marqueteiros de Dilma terão muito trabalho para mostrar justamente o oposto agora, que o ocorrido em campo nada tem a ver com o país em si. Tentarão de toda forma separar Dilma da seleção. Boa sorte a eles…
Rodrigo Constantino
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