Vergonha. Palavra estampada em todas as capas e manchetes.
Vergonha não é perder um jogo de 7×1. Não demos pontapés, não abandonamos o campo, não apagamos a luz. Pode até ser um resultado vergonhoso, mas é adjetivo e não substantivo.
Vergonha é um grupo de jogadores milionários discutirem premiação para defender seu país. Deveria ser uma honra e há filas de profissionais que agradeceriam a oportunidade sem exigir nada.
Vergonha é demitirmos um técnico por curto-prazismo para contratar um rebaixado. Mostra que, dentre as poucas verdades do nosso hino, o “deitado em berço esplêndido” ainda vale – ou, no popular, “fez fama, deita na cama”. Seguimos premiando o medíocre.
Vergonha é nos iludirmos todo dia, pagando impostos extorsivos, mas achando que vivemos no “florão da América” e que, no fim das contas, vale o preço de estar no país tropical abençoado por Deus.
Vergonha mesmo é não termos entregue nem metade das obras prometidas para a Copa. Vergonha maior é uma delas ter desmoronado e matado gente. Vergonha é o país entrar em comoção pelo Neymar e não pelos mortos no acidente, ou pelos cidadãos que não têm acesso a saúde, educação, saneamento, ou pelas benesses concedidas à quadrilha do mensalão.
Vergonha é termos uma suprema corte que serve a interesses partidários.
Isso tudo é resultado da Vergonha que é o país. Agora sim, Vergonha substantivo, Vergonha com letra maiúscula. Muito pior do que um resultado vergonhoso.
Não temos que ter orgulho de ser brasileiro apenas no estádio. Não temos que ter amor à Pátria só na música de torcida. Não temos que cobrar explicação só do técnico de futebol. Se formos brasileiros com orgulho e amor, cobrarmos resultados daqueles que podem fazer diferença nos rumos do país e da sociedade e lembrarmos que o poder emana do povo, temos alguma chance de ter orgulho fora do estádio. E não apenas de quatro em quatro anos.
Que tenhamos vergonha na cara na hora de votar este ano.
Por Mariano Andrade
via blog do rodrigo constantino
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