Os organizadores falam em 80 mil, a imprensa varia entre 10 e 20 mil e estimativas da Polícia Militar supõem cerca de 25 mil. A única certeza é que milhares de pessoas contra a aprovação do Projeto de Lei Complementar 122 reuniram-se em Brasília, lotando o jardim do Congresso Nacional. Católicos, evangélicos, espíritas e religiosos de outras denominações, estiveram presentes no protesto que, de acordo com os idealizadores, cria um marco na história do Brasil.
Além dos milhares de manifestantes, várias autoridades apareceram por lá para demonstrar seu apoio à causa familiar. Deputados, senadores, pastores, padres e diversas outras personalidades manifestaram seu repúdio ao PLC 122 e garantiram que a manifestação é apenas uma demonstração da força da maioria brasileira.
O texto do projeto de lei, criado em 2006 pela então deputada Iara Bernardi (PT-SP), pretende criminalizar toda e qualquer ação interpretada como discriminação e/ou preconceito contra homossexuais, sejam eles de ordem física, ideológica ou psicológica. De acordo com os opositores, o PLC 122 fere alguns dos princípios fundamentais da Constituição brasileira, sendo eles as liberdades de expressão e religiosa.
Manifestação em Brasília
O protesto organizado pelo líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, trouxe à tona a opinião de milhares de pessoas de todo o Brasil. Além da não-aprovação do Projeto de Lei 122/2006, os manifestantes também levantaram a bandeira contra a legalização do aborto e da maconha e também contra a distribuição do kit gay nas escolas.
O evento intitulado Marcha pela Família teve a presença e o apoio de vários integrantes da bancada religiosa. Evangélicos e católicos reuniram-se para dizer não à polêmica lei anti-homofobia. Pontualmente iniciado às 15h, o protesto foi conduzido por uma série de discursos das autoridades presentes. Pastores, padres e parlamentares subiram ao trio elétrico e falaram à multidão.
O senador Magno Malta (PR-ES) foi largamente aplaudido ao acusar o Senado de pretender criar um terceiro sexo. “Se Deus criou macho e fêmea, não vai ser o Senado que vai criar um terceiro sexo com uma lei. É preciso que eles entendam que o anseio de uma minoria não vai se fazer engolir“, afirmou o parlamentar. Além do senador, também discursaram o deputado João Campos (PSDB-GO) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Outros discursos que fizeram a multidão gritar foram as falas dos pastores Renê Terra Nova (Ministério Internacional da Restauração) e do organizador Silas Malafaia. Em dado momento, em um ato simbólico, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo rasgou uma cópia do Projeto de Lei. O pastor também deu um recado à senadora Marta Suplicy (PT-SP), que tirou da gaveta o PL 122. “A senadora Marta Suplicy pensa que crente é otário“, declarou Malafaia.
A bancada religiosa do Congresso compareceu em peso à manifestação. Mais de 60 deputados marcaram presença e fizeram coro com a multidão. Além dos religiosos e dos parlamentares, também participaram do evento os cantores David Quinlan e Eyshila. Ambos tocaram algumas canções, fazendo o povo de Deus saltar e gritar de alegria.
Oposição comparece
Pouco mais de 100 ativistas LGBT foram até a manifestação para protestar contra. Vestidos de roxo e carregados de faixas e símbolos, o pequeno grupo foi barrado pelos policiais, que tentaram impedir as provocações dos ativistas. Contudo, com a dispersão da multidão no fim da manifestação, a pressão dos ativistas gays acabou provocando um pequeno incidente no local.
Rapidamente contida, a confusão começou quando o deputador federal Jair Bolsonaro atirou água em cima de um dos ativistas, que foi provocá-lo quando aquele descia do trio elétrico. O anti-protesto foi marcado por meio da internet. Uma das líderes do movimento em Brasília, a jovem Isabella Goes, afirmou que as religiões não devem ter direito sobre políticas públicas.
Boicotes nas redes sociais e descaso da imprensa
Mesmo com o grande número de participantes, várias pessoas deixaram de comparecer ao grande evento, fator que não os impediu de manifestar sua opinião contrária à aprovação do projeto. Na rede de microblogs Twitter, a hashtag #ContraPL122, rapidamente, tornou-se o assunto mais comentado pelos usuários.
Os internautas, no entando, foram pegos de surpresa quando o site passou a bloquear o assunto e não mais registrar o número de publicações dos usuários na rede. Em vários perfis foram publicadas mensagens de indignação. Tendo em vista que a hashtag oposta (#PL122) passou a ser a mais popular, os internautas consideraram o bloqueio como um boicote do próprio Twitter.
Além da questão na Internet, outro problema foi o descaso da mídia, em geral, com a manifestação. Vários sites deixaram de publicar as notícias acerca do assunto. Quando não, publicavam com dados alterados, tais como a redução drástica no número de participantes feita por dois grandes portais de notícias. Outro respeitado site jornalístico preferiu relembrar a troca de insultos entre o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e publicar o único incidente ocorrido durante a tarde.
Já as emissoras de televisão, tendo em vista a importância do assunto, divulgaram reportagens sobre a manifestação. A mais longa foi a transmitida pelo Jornal Nacional, que ocupou 2 minutos da horário nobre nacional. Já a reportagem da Bandeirantes, reservou menos de um minutos para os milhares de manifestantes em Brasília.
Abaixo-assinado
O documento criado on-line pelo pastor Silas Malafaia conseguiu reunir mais de 1,5 milhão de assinaturas em todo o país. Diferentemente do abaixo-assinado entregue pelos ativistas LGBT, com cerca de 100 mil nomes. O documento contra o PL 122 foi entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, José Sarney, em uma cerimônia simbólica. Além de Silas Malafaia, também participaram o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal João Campos, e o senador Magno Malta.
Contra-ataque
Enquanto milhares de pessoas reuniam-se em uma manifestação pacífica, outros reuniram-se dentro da Universidade de Brasília para queimar exemplares da Bíblia Sagrada, em protesto contra ao posicionamento dos cristãos. A notícia da convocação correu pela Internet durante esta quarta-feira.
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais publicou um informe em seu site oficial, negando que tenha estimulado a ação. De acordo com o presidente da ABGLT, Toni Reis, a informação é fruto de um ataque de hackers.
O site Resistência Cristã, no entanto, publicou as duas versões da notícia divulgada no site da Associação. As imagens geradas por print screen foram divulgadas pelo capelão do Corpo de Bombeiros Ricardo Ribeiro e provocaram um surto de indignação nas redes sociais.
Mais tarde, o ato de desrespeito ao livro sagrado foi confirmado pela pastora Cynthia Ferreira, da Sara Nossa Terra de Brasília. Ela que é também analista de mídias pediu calma a todos os cristãos diante da provocação dos ativistas gays. “Ativistas gays estão perdendo a razão! Estão queimando Bíblias na UNB agora, não caiam nessa provocação isso vai ser tratado pela justiça“, publicou em sua conta pessoal no site Twitter.
Por @JovemX
Fonte: Jovemx.com