sexta-feira, 19 de abril de 2013

Os jardins da alma...


Imagem: O jardineiro. Óleo sobre tela, by Mincu. Disponível no Google.

Eu libertei os descendentes de Jacó e os salvei das mãos de uma nação mais forte do que eles. E vão chegar e cantar de alegria no monte Sião; vão se alegrar com os Meus presentes, com os cereais, o vinho, o azeite, o gado e os carneiros. Eles serão como um jardim bem regado e terão tudo o que precisarem.
Jeremias 31.11-12

Jardins são sempre encantadores. Lugares lindos de se ver e aprazíveis de estar.

Flores e cores, perfumes e amores, encanto, beleza... E uma certa paz que repousa sutil e singular em nossas almas, enquanto estas desencarnam por alguns instantes e brincam como cervos saltitantes pelos campos, em meio ao fascinante bailado das flores de jardins naturais...

De tão lindos e delicados que são os jardins bem cuidados, a Bíblia usa-os em referência às almas que recorrem aos cuidados de Deus, o Sublime Jardineiro: “E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam” (Isaías 58.11).

Mas o mesmo verso dá-nos a entender que vidas desprovidas do amparo do Criador assemelham-se aos jardins descuidados, cheios de ervas daninhas, maltratados, entulhados, ressequidos. Nesses jardins é comum a destruição causada pela infestação de pulgões, lagartas, insetos de todos os gêneros. É comum a presença das (horríveis e monstruosas) aranhas, com suas teias inconvenientes propondo uma decoração nada agradável de se ver... Até animais maiores como os ratos conseguem fazer toquinhas pelos cantos de um jardim sem jardineiro.

E é bem nesse estado em que muitas vezes nossas almas se encontram: Exalando um forte odor de sujeira, de água parada, velha e empoçada. Um cheiro ruim de lixo misturado ao mato alto. A repercussão apenas dos ecos da solidão, em apresentável estado de abandono, de tristeza, de deformação dos sonhos, da vida, da alegria de ser.

E os lugares da alma por onde lindas borboletas de esperança namoravam com as flores rebentando em vida a cada amanhecer, de repente se vêm vazios, fluindo desencanto e dor profunda.

Lastimável o estado em que se encontra um jardim sem um jardineiro, o estado de uma alma sem Deus.

Bem perto da minha casa há um lugar quase mágico, um pequeno jardim criado e cuidado por um casal de idosos que se comoveu com a situação daquele ambiente que, há poucos anos, servia de boca de fumo e, vez em quando, abrigava alguns perseguidos da polícia.

O lugar é simples. Foi cercado com uma cerca baixa de madeiras – como aquelas cercas das casas do interior. Foi calçado com pedras nas curtas estradas que separam os canteiros cuidadosamente desenhados, e estes delimitados por garrafas pet cheias de água e corante artificial, que enterradas no chão formaram lindos degraus coloridos. Há algumas árvores dentro desse pequeno jardim, e muitas espécies de plantas e flores bem cuidadas.

Trata-se de um local público, porém, não frequentado. Não há bancos lá. Mas quem passa se agrada e encanta com o carinho expresso em cada detalhe daquele ambiente, diariamente cuidado pelo casal que quis beneficiar os moradores da quadra, transformando aquele lugar que antes acolhia a morte e assombro em uma maternidade de vida verde.

É uma linda representação do poder e do interesse de Deus para com as nossas vidas. Ele ama fazer cada um dos nossos dias sem cores num dia de trabalho em que Ele mesmo pacientemente lida com flores e ervas daninhas, com mudas e enxertos, com adubagens e podas, até que Sua obra paisagística esteja completa, e ofereça agradável acolhida aos visitantes.

Jardins precisam de jardineiros, não o contrário. É como Rubem Alves bem observou: "Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde, ele desaparecerá. [...] O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro." 

Nós precisamos do Senhor, e cônscios disso, escolhemos nos lançar aos Seus cuidados hoje. “Ele verá o fruto do trabalho da Sua alma e ficará satisfeito...” (Isaías 53.11). E nós, finalmente seremos realizados, tendo muito mais a dar, posto que tanto Dele diariamente nós recebemos...
 
Fonte: Experimente Jesus

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