Por Kalleo Coura, na VEJA.com:
Dentre as fraudes identificadas pela Polícia Federal na Operação G-7, que desmontou um esquema de desvios no governo do Acre, chama especial atenção uma na área da saúde, envolvendo o sobrinho do governador Tião Viana (PT), Thiago Paiva, diretor de análises clínicas da Secretaria Estadual de Saúde. Segundo a polícia, contratos estavam sendo fraudados para desviar recursos provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das empresas contratadas pelo governo teve o atestado de capacidade técnica assinado por um de seus próprios sócios.
Além de
Thiago Paiva, também foi preso o secretário estadual de Obras do Acre,
Wolvenar Camargo Filho. Os dois e outras treze pessoas presas, entre
elas empreiteiros e funcionários públicos, são acusados de cometer
fraudes em licitação de diversas obras públicas, inclusive casas
populares. Cento e cinquenta agentes da polícia cumprem ainda 34
mandados de busca e apreensão, nos municípios de Tarauacá e Rio Branco.
Também
foram presos João Francisco Salomão, ex-presidente da Federação das
Indústrias do Acre, o empresário Sergio Nakamura, afilhado político do
senador Jorge Viana (PT-AC), irmão do governador, e Gildo Cesar Rocha,
diretor do Departamento de Pavimentação e Saneamento do estado, que é
casado com uma prima de Tião Viana.
Fraudes
A operação foi batizada de G-7 porque era assim que o grupo de sete empreiteiras se autodenominava, já que sempre vencia as licitações que concorriam. A descoberta dos 4 milhões de reais desviados até o momento é apenas a ponta do iceberg. Com as buscas e apreensões, a polícia irá se debruçar sobre dezenas de outros contratos firmados com essas empresas.
A maior
parte das fraudes foi detectada em obras de pavimentação. Há casos em
que a empresa recebeu todo o valor do contrato, mas só realizou a
terraplanagem, outros em que a pavimentação teve início, mas ficou
inacabada e há até mesmo locais em que o asfalto se encontra em péssimo
estado de conservação três meses depois da conclusão da obra. Segundo a
polícia, um pavimento deve durar em torno de vinte anos. Algumas das
obras investigadas fazem parte do programa Ruas do Povo, um dos
carros-chefes publicitários do governo Viana, que anunciou em abril a
pavimentação de mais de 600 quilômetros de ruas em todo estado, ao custo
de 370 milhões de reais.
Segundo a
polícia, os presos são acusados de cometer os crimes de falsidade
ideológica, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, fraude à
licitação e desvio de recursos públicos.
O
governador Tião Viana divulgou nota de apoio à operação policial, mas
fez questão de dizer que “enquanto não houver um juízo condenatório,
quer seja na esfera judicial, quer seja na esfera administrativa, é
justo fazer, com absoluta consciência, a defesa à integridade moral de
secretários e técnicos de governo supostamente envolvidos em fatos
tornados públicos”.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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