Por James Foard
Na edição de Março de 1998 da Discovery Magazine, Matt Cartmill usou o termo “guerra santa” para descrever a campanha actual contra Darwin. Cartmill afirmou que estes “cruzados” não são só Cristãos mas também algumas pessoas da “esquerda multicultural”. Termos assim emotivos conjuram imagens de multidões militantes compostas por fanáticos enervados envolvidos numa cruzada de queima de livros, marchando pelas estradas numa jihad contra o infiel. Cartmill assume que nenhuma pessoa inteligente e razoável pode ter dúvidas sérias em torno da teoria da evolução – dúvidas baseadas apenas e só em argumentos científicos.
O artigo começa com a declaração:
Tanto quanto sabemos, todos os seres vivos existentes na Terra descendem dum distante ancestral comum que viveu há mais de 3 mil milhões de anos atrás. (1)
A teoria de Darwin, diz Cartmill tem “sido a sabedoria aceite há mais de cem anos.”
Isto tem a aparência de algo poderoso, certo? “Sabedoria aceite”. O argumento por excelência de pressão de pares. Onde é que nós estaríamos sem ela? Se ao menos Copérnico e Galileu tivessem prestado atenção à “sabedoria aceite” dos seus dias, hoje não teríamos esta visão solar-cêntrica do nosso sistema solar a estragar os nossos textos de astronomia. hmm..
O sentimento que dá impulso ao artigo é a ideia de que a maior parte da oposição a Darwin tem as suas origens junto de Cristãos anti-evolucionistas zangados e conservadores, e que esta triste situação teve início em 1859 quando Darwin publicou o seu livro “A Origem das Espécies”. Na verdade, foi a comunidade científica de então que não acreditou em Darwin, ao mesmo tempo que os religiosos lambiam as teorias de Darwin da mesma forma que um urso ataca mel.
Sir John Herschel, matemático famoso, astrónomo e Membro da “Royal Society”, antipatizou tanto com a teoria de Darwin que qualificou-a de “a lei higgledy-pigglety” [= desordenada, desregrada, sem nexo, sem lógica, etc].(2) O brilhante físico James Clerk Maxwell opôs-se tenazmente contra o Darwinismo.(3) O famoso filósofo da ciênciaWilliam Whewell, autor do clássico “The History of Inductive Sciences”, nem sequer permitia que o livro de Darwin fizesse parte da livraria de Cambridge.
Houve muitos outros tais como Adam Sedgwick – o geólogo que ensinou a Darwin os elementos da geologia) e Andrew Murray, o etimologista; ambos eram firmes opositores da teoria da evolução de Darwin. Depois de ler o livro de Darwin, Sedgwick chegou até a escrever-lhe uma carta, dizendo:
Li o seu livro com mais dor que prazer. Houve partes que admirei profundamente, e houve outras que me fizeram rir até ficar dorido dos lados; outras partes li com tristeza absoluta visto que as considero completamente falsas e gravemente maliciosas. (4)
Alguma vez se questionaram sobre as origens da palavra “dinossauro”? A mesma foi cunhada por Richard Owen, o Director do “Natural History Department” do Museu Britânico. Owen levantou tanta oposição ao trabalho de Darwin que em 1863 este último escreveu uma carta ao amigo evolucionista Huxley, dizendo o quão perturbado ele estava com as críticas de Owen:
Estou a arder de indignação. Não consegui dormir até há três dias atrás, devido à uma indigestão.
Mais tarde, Darwin expressou os seus sentimentos em torno de Owen ao seu amigo Hooker:
Acho que o odeio mais do que tu o odeias. (5)
Louis Agassiz, fundador da geologia glacial moderna, e Louis Pasteur (que foi pioneiro na imunização, desenvolveu a Lei da Biogénese – que afirma que no mundo natural, a vida biológica só pode surgir de vida biológica pré-existente – e que é frequentemente chamado de o maior cientista do século 19) eram ambos tenazmente contra a teoria de Darwin.
Religiosos por Darwin
Ao mesmo tempo que estes cientistas se alinhavam contra Darwin, muitas figuras religiosas se colocavam do lado de Darwin, saudando-o como se ele estivesse a pregar o Evangelho. Havia um famoso pregador chamado Kingsley, que enviou uma carta a Darwin, congratulando-o pela publicação do seu livro. Outro pregador chamado Josiah Strong escreveu um panfleto com o nome de “America’s Destiny”, onde afirmou que as Escrituras e a teoria da evolução estavam em acordo.
Outros líderes religiosos das Ilhas Britânicas a saudar Darwin foram Frederick Farrar, James Orr, e Henry Drummond – todos pregadores famosos nos dias de Darwin. Nos Estados Unidos, A.H. Strong e Henry Ward Beecher defenderam a teoria da evolução como uma ideia cujo tempo havia chegado.
Quando Darwin morreu, os elogios derramaram-se a partir das igrejas. Segundo dois historiadores, Desmond e Moore, o “Church Times” louvou Darwin de tal modo que se perderam nos elogios – paciência, engenhosidade, produtividade, moderação. Outros acrescentaram a graça, a perseverança e a fé Paulinas, e caracterizaram Darwin como “um verdadeiro cavalheiro Cristão”. (6)
Eles prosseguem reportando que algumas pessoas religiosas disseram que quando Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, “Westminster não conferiu dignidade ao naturalista [Darwin] a partir dum ponto inferior. O seu corpo já se encontrava santificado.” Segundo Desmond e Moore, o “The Times” reportou que “A Abadia precisava mais dele do que ele precisava da Abadia.” Eles afirmaram que “Este santo homem, que havia ‘carregado a bandeira da ciência,'” deu à Abadia “uma santidade acrescida, uma nova causa para reverência.” (7)
É muito difícil imaginar um líder Cristão a receber o tipo de elogios Cristãos que Darwin recebeu. Apesar disto tudo, dois anos antes de morrer, Darwin escreveu:
Não acredito na Bíblia como revelação divina, e como tal, não acredito em Jesus Cristo como o Filho de Deus. (8)
Há muito que Darwin se tinha apercebido que a sua mensagem iria corroer o cerne da crença Cristã. (9)
Parece, portanto, que a história que nos foi contada em relação a quem realmente se opôs a Darwin está totalmente errada, mas quem sou eu para dizer que o autor da Discovery, Cartmill, não fez o seu trabalho de casa? Afinal tudo o que e fez foi seguir a “sabedoria aceite”, certo?
Fonte: http://bit.ly/WUnSrQ
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Resumindo: a teoria de Darwin não foi universalmente aceite na altura, como muitos evolucionistas foram levados a pensar, mas sim alvo de críticas ferozes por parte de muitos e eminentes cientistas de então. Será que estes cientistas da altura, muitos deles verdadeiros pioneiros nas suas áreas, argumentaram contra a teoria da evolução com base no seu preconceito religioso ou com base na análise das evidências?
Referências
1. Cartmill, M., Oppressed by Evolution, Discover 19(3):78–83, March 1998.
2. Bowlby, J., Charles Darwin: A new life, W.W. Norton & Company, New York, p. 344, 1990.
3. Lamont, A., 21 Great Scientists who Believed the Bible, Creation Science Foundation, Brisbane, Australia, p. 205, 1995.
4. Ed. Darwin, F., Life and Letters of Charles Darwin, Vol. 2, D. Appleton and Company, New York and London, p. 43, 1911.
5. Ed. Darwin, F., Seward, A.C., More letters of Charles Darwin, Vol. 1, pp. 226–228, 1903 as cited in Bowlby, Ref. 2, p. 352.
6. Desmond, A. & Moore, J., Darwin, Michael Joseph, London, p. 675, 1991.
7. Ref. 6, p. 676. Return to text.
8. Ref. 6, pp. 634–635. Return to text.
9. See Darwin’s real message: have you missed it? Creation 14(4):16–19, 1992.
Fonte: http://darwinismo.wordpress.com/
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