segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Caetano quer paz, ao lado dos vândalos. Mas ele nem é um anticapitalista convicto!

Há casos em que tentar se justificar apenas agrava as coisas. Pior a emenda que o soneto. Foi o que aconteceu com Caetano Veloso nesse domingo. Usou seu espaço no GLOBO para se defender da acusação de oportunista ao posar com o rosto mascarado, mas o tiro saiu pela culatra. Diz ele:

Eu sou apenas um velho baiano mas moro aqui há muitos anos e acho que proibir máscaras numa cidade como o Rio é violência simbólica. E sugeri que no dia 7 todos saíssem com máscaras, respondendo com beleza e sem violência. Daí eles me pediram para posar com uma camiseta preta atada ao rosto para eles mostrarem a Emma, que, segundo eles, gostou do meu texto sobre ela. Agora vejo aqui que eles puseram a foto na rede e logo alguém tuitou que sou oportunista e incito a violência. Não. Entendo que Black Bloc faz parte. Mas nem anticapitalista convicto eu sou. E quero paz.

Será que este grande “intelectual” não percebe a diferença entre sair de máscara no carnaval ou esconder o rosto em manifestações que têm sempre terminado em depredação e violência? Será que Caetano realmente pensa que essas duas imagens abaixo são equivalentes?

Carnaval
Black Blocs

Usei legenda para ajudar o ilustre cantor na identificação de cada caso. Ele parece confuso. Quem sabe assim ele compreenda que há máscaras e máscaras, ocasiões e ocasiões? Tão preocupado com a “violência simbólica” estava Caetano que não pareceu se importar com a violência real das ruas, levada a cabo por delinquentes que ele aplaudiu.

Vejam: para Caetano, o Black Bloc faz parte. De que? Não fica claro. Da democracia? Mas seus métodos são antidemocráticos. Do debate? Mas jogar pedras não é debater. Faz parte de que exatamente? Gostaria que o autor de O Leãozinho nos explicasse melhor.

Por fim, esta pérola: “Mas nem anticapitalista convicto eu sou”. Ufa! Vejam: nem anticapitalista convicto ele é! Ainda não formou totalmente sua opinião, sabe? Depois de décadas flertando com movimentos idiotas, como vetar a guitarra elétrica, Caetano ainda precisa de mais tempo para avaliar se prefere os Estados Unidos ou Cuba.

Enquanto isso, ele segue desfrutando daquilo que só o capitalismo pode oferecer a artistas como ele: cachês em moeda forte, consumismo burguês e ausência de censura. Como dizia Roberto Campos, esses artistas e “intelectuais” de esquerda são filhos de Marx em uma transa adúltera com a Coca-Cola.

Até Caetano descobrir se é anticapitalista ou não, que os vândalos do Black Bloc quebrem e depredem a propriedade dos outros, mas não a propriedade particular do indeciso músico baiano.

Fonte:  http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/

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