por
Isi Leibler (tradução: Herman Glanz) – Robert Wistrich, professor de
história européia e judaica da Universidade Hebraica de Jerusalém e
diretor do Centro Internacional Vidal Sasson sobre Antissemitismo, acaba
de publicar livro intitulado “Da Ambivalência à Traição: A Esquerda, os
Judeus e Israel”.
É um impressionante volume com mais de 600 páginas e segue a sua
monumental e seminal obra: “Uma Obsessão Letal: Antissemitismo, da
Antiguidade à Jihad Global”, publicada em 2010 e, no momento, vista como
obra definitiva sobre o mais antigo ódio do mundo e texto indispensável
para estudiosos.
Num fascinante prefácio para seu novo livro, Wistrich apresenta uma
sinopse autobiográfica. Seu pai, originalmente, apoiou o Partido
Comunista Polonês, na clandestinidade, durante a fase pré-guerra, na
Cracóvia, mas se tornou um crítico do comunismo estalinista depois de
ter sido preso pela NKVD (antecessor da KGB NT). Seu pai e sua mulher,
que sofreram os horrores do antissemitismo polonês, sobreviveram o
Holocausto fugindo para o Cazaquistão, onde Robert nasceu.
Wistrich foi educado na Inglaterra e, para usar de suas próprias
palavras, foi “radicalizado” em gramática na escola e, mais tarde, na
Universidade de Stanford. Visitou Israel pela primeira vez em 1961,
voltando em 1969, quando foi indicado para editor do jornal de esquerda
de Israel ‘Nova Visão’. Entretanto, sua paixão pelo Estado de Israel o
levou a se desviar dos caminhos da extrema esquerda israelense. Robert
tornou-se cada vez mais engajado no estudo acadêmico relacionado ao
antissemitismo, tendo sido nomeado para a Universidade Hebraica e,
agora, é reconhecido como o mais famoso estudioso mundial sobre este
assunto.
“Da Ambivalência à Traição” é uma visão histórica e uma análise do
desprezo ao povo judeu pela esquerda, do início do Século XIX até o
presente. Também relaciona o fato da existência de elevado número de
pensadores e líderes socialistas de origem judaica e procura explicar o
que veio a motivar muitos deles, no curso dos esforços utópicos e fúteis
para “consertar o mundo”, abandonando seu próprio povo e sua herança e,
freneticamente querendo negar aos seus correligionários o direito à
autodeterminação.
O ensaio introdutório é uma brilhante revisão da arena política
judaica contemporânea, vista diante do contexto do crescimento das
idéias concorrentes do sionismo, do comunismo, do antissemitismo e do
nazismo. Ele se detém muito na hipocrisia que se observa na esquerda, e
que se tornou obsessiva, em demonizar e deslegitimar o Estado Judeu.
Wistrich demonstra a vasta extensão assumida pelo antissionismo atual,
apesar da autodeterminação corresponder a um ideal da esquerda, o
antissionismo geralmente compartilha de idêntica obsessão e desilusões
com a alegada influência maligna dos judeus no mundo moderno, tal qual
os fascistas antissemitas clássicos.
Wistrich nos apresenta uma fascinante observação sobre os
revolucionários da esquerda. Habilmente mostra a conexão do preconceito
inserido no socialismo do Século XIX, conforme se vê em Marx, Fourier e
Proudhon, com o que se estende aos comunistas ortodoxos e
“não-conformistas” trotskistas aos islamistas-esquerdistas de hoje, que
sistematicamente vilipendiam a assim chamada essência racista do Estado
Judeu”.
Sua análise, das ligações daqueles revolucionários com o desprezo da
esquerda contemporânea para com Israel, mostra uma tendência fundamental
da intelectualidade e uma intrigante observação sobre as bases do atual
posicionamento da esquerda, com emprego de dois padrões e um veneno
anti-Israel.
Wistrich revê em profundidade a atitude adotada para com os judeus
pela maioria dos grandes socialistas revolucionários de origem judaica,
tais como Karl Marx, Bernard Lazare, Moses Hess, Ferdinand LaSalle, Karl
Kautsky, Victor Adler, Rosa de Luxemburgo, Leon Trotsky, Bruno Kreisky,
Isaac Deutscher e outros.
Seu capítulo sobre Leon Trotsky , intitulado “Uma Tragédia
Bolchevique” é um ensaio magistral que lança novas bases sobe este judeu
extraordinariamente carismático, que desesperadamente procurou repudiar
suas origens judaicas. Assim, apesar de conseguir a reputação de ser o
“mais intransigente dos revolucionários bolcheviques”, Trotsky acabou
sendo forçado por Stalin a assumir o tradicional papel do judeu na
sociedade e se tornou rejeitado como o bode expiatório do fracasso da
Revolução.
Wistrich destaca que muitos dos judeus antijudaicos de hoje herdaram o
mantra dos judeus antissemitas revolucionários do Século XIX e início
do XX. Ele assinala que aqueles renegados judeus, (os anti-judaicos de
hoje), excederam , em muito, as posições antissemitas dos seus
predecessores, e até mesmo se aliaram com clérigos zelotes e jihadistas,
que representam a antítese do mundo pretendido de que falam.
Aponta o apoio e o endosso público aos terroristas e fanáticos
religiosos, fazendo notar que até mesmo os mais extremados dos primeiros
revolucionários judeus antijudaicos, como Marx, Engels, Kautsky, Rosa
de Luxemburgo e Trotsky “nunca ficariam calados em relação à Lei da
Shariá, censura, mutilação genital das mulheres, assassinatos por honra,
suicidas-bomba ou para tornar o mundo mais seguro para a governança por
Alá”, e raramente deixariam passar pronunciamentos racistas como
acontece com seus atuais sucessores. Nem se deixariam conduzir a uma
posição extrema de se aliar com aqueles que, explicitamente, estão
comprometidos com a destruição física dos judeus.
Wistrich assegura que a inversão do Holocausto, atualmente um
importante componente do esforço da esquerda para destratar Israel, foi
primeiramente introduzido pelo historiador britânico Arnold Toynbee, que
se referiu aos sionistas como “discípulos dos nazistas” o que acabou,
de fato, institucionalizado como “sionismo-nazista”, em conseqüência dos
Julgamentos de Praga, orquestrados por Moscou.
Lembra-nos que foram os judeus marxistas de pós-guerra que deram
impulso à atual paranóia da esquerda do “anti-racismo” racista contra
Israel. Como exemplo, cita o historiador judeu polonês, Isaac Deutscher,
que já em 1967 descrevia Israel como a “Prússia do Oriente Médio”, e
bastião da “exclusividade e superioridade racista Talmúdica”.
Foram os soviéticos que, em 1975,conseguiram fazer aprovar uma
Resolução da ONU igualando sionismo a racismo. Apesar de ter sido essa
Resolução revogada em 1991, permanece, até hoje, como objetivo dos
esforços da aliança esquerda-árabes para criminalizar Israel e rotulá-lo
como Estado praticante de crimes de guerra.
Os capítulos das conclusões fazem uma revisão dos mitos
antissionistas, muitos deles parecendo réplicas da propaganda nazista e
que são, hoje em dia, promovidos insistentemente pela aliança
marxista-islâmica, que vê Israel como o “Judeu das Nações”,
desempenhando um obscuro destino previamente traçado como bode
expiatório.
Wistrich nos fala ver se constituir quase uma crença religiosa
desses grupos de que “o mundo somente se tornará ‘livre’ pela derrocada
da América e derrota dos judeus”. Tal fantasia chialística emergiu hoje
como um notável ponto de fusão entre a esquerda radical antissionista do
Ocidente com a Jihad Global. O antissemitismo revolucionário tornou-se
um fator crescente na aglutinação do populismo anticapitalista muito
mais agora do que durante os primeiros passos do moderno socialismo
cerca de 150 anos atrás.
É um trabalho magistral, oferecendo um estudo sobre o entendimento
das origens dos mais perniciosos desafios atualmente enfrentados pelo
povo judeu, especialmente daqueles originados dos inimigos internos.
Será de um valor inestimável para aqueles diretamente interessados na
luta para neutralizar os empenhos do mal contra Israel pela aliança
esquerda-islamismo e seus acólitos de origem judaica.
Tradução: Herman Glanz
via http://www.pletz.com
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