domingo, 2 de setembro de 2012

Movimento de Médicos Pró-Vida e a Proibição do Aborto na Coreia do Sul

Susan Yoshihara
NOVA IORQUE, 30 de agosto (C-FAM) O tribunal mais elevado da Coreia do Sul sustentou a proibição do aborto de 59 anos nesta semana passada, em meio a uma onda de ativismo pró-vida liderada por ex-aborteiros.
Breve reportagem da Associated Press (AP) da decisão, apanhada por vários meios de comunicação, cometeu negligência ao não mencionar a influência pró-vida na Coreia do Sul. “Os ativistas [pró-aborto] dizem que as autoridades fizeram vista grossa aos abortos durante décadas até medidas duras em anos recentes devido à baixa natalidade da Coreia do Sul”, relatou a AP.
O que mudou dramaticamente a dinâmica foi que o governo, que havia durante décadas incentivado os médicos a realizar abortos como meio de controle populacional para promover crescimento econômico, expressou seu apoio oficial a uma organização pró-vida pela primeira vez. Por causa disso, “o terreno político das políticas de aborto na Coreia do Sul está mudando drasticamente”, disse o pesquisador Young-Gyung Paik.
Coreia do Sul: cada vez mais pró-vida
O documento de 2012 de Young-Gyung mostrava que o ativismo pró-vida, há muito marginalizado como “impulsionado pela religião”, de repente ganhou proeminência: “Foi apenas depois da formação da organização de médicos chamada ‘Médicos Pró-Vida’ em 2009 que a questão polêmica do aborto começou a ganhar atenção pública na Coreia do Sul”. “Na opinião [dos médicos], a baixa fertilidade da Coreia do Sul foi causada por seu elevado índice de aborto, o qual por sua vez teve como causa as condutas orientadas pela imoralidade e lucros dos médicos coreanos”, revelou Young-Gyung.
Ao passo que a mídia coreana pintou o ativismo pró-vida como uma “guerra entre médicos”, as longas entrevistas de Young-Gyung com ambos os lados revelou que a onda pró-vida foi fomentada pelo desenvolvimento de tecnologias médicas neonatais, interesse reduzido em pesquisas de células-tronco embrionárias, o crescimento do ativismo dos deficientes físicos bem como preocupações com a redução populacional.
De acordo com um documento elaborado pela Associação dos Médicos Pró-Vida, os ganhadores da decisão judicial são as mulheres da Coreia. “A maioria dos abortos era fácil de fazer, pois os médicos ou as mulheres envolvidos no aborto não eram processados, ainda que o aborto fosse ilegal”, o documento disse. Mesmo depois que o país se tornou bem-sucedido economicamente, a “tendência de incentivar o aborto prevalecia em nossa sociedade, e como consequência, as mulheres costumavam ser impelidas por pressão social a fazer um aborto”.
“Cri no argumento governamental de que era certo fazer isso”, Shim Sang-duk disse ao jornal Los Angeles Times em 2010. O médico recebia ameaças de morte e sofria um grande corte de pagamentos depois de abandonar a prática do aborto. “[Eu achava que] era bom para o país e que estimulava a economia”, disse Shim, que fundou a Associação de Médicos Ginecologistas da Coreia para incentivar outros médicos a parar de realizar abortos e pedir ao governo que aplique as penas da lei.
Um painel de oito juízes precisava de seis votos para declarar a lei inconstitucional, mas só obteve quatro, relatou a AP.
De acordo com a Rádio Austrália, uma parteira que foi julgada por cumplicidade num aborto desafiou a constitucionalidade da lei em 2010. Ela apresentou um requerimento contra a sentença máxima da lei de dois anos para médicos, parteiras, profissionais da medicina tradicional ou farmacêuticos que realizam abortos ilegais. O tribunal constitucional repudiou o requerimento, argumentando que uma punição mais leve só tornaria o aborto mais desenfreado, disse o serviço noticioso.
O aborto tem sido ilegal na Coreia do Sul, exceto em caso de estupro, incesto ou grave desordem genética, desde 1953, mas a lei é rotineiramente ignorada.
Kwak Seung-jun, presidente do Conselho Presidencial para o Futuro & Visão, disse aos jornalistas em 2010: “Há poucas pessoas que percebem que o aborto é ilegal. Precisamos trabalhar para criar um clima em que o aborto seja desestimulado”.
Tradução: www.juliosevero.com
Fonte: Friday Fax
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