A
Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual de ensino, que
tem um neurônio petista e o outro também, fez uma pesquisa sobre a
violência nas escolas. Deve ser parte da sua campanha contra o governo
do estado, o PSDB, o capitalismo, a privatização do ensino, a
propriedade privada, sei lá eu… De todo modo, existe, é evidente,
violência nas escolas país afora. E é coisa grave! O resultado, já falo a
respeito, não é nada surpreendente.
Os dados
deveriam ser enviados à presidente Dilma Rousseff, cujo governo
patrocinou, na semana passada, um seminário em favor da descriminação de
todas as drogas; deveriam ser enviados ao deputado Paulo Teixeira (SP),
um dos capas-vermelhas do PT, que quer discriminação total das drogas e
acha que quem for flagrado com uma quantidade suficiente para até DEZ
DIAS de consumo não pode ser incomodado; deveriam ser enviados, claro!,
ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele é o principal
responsável por ter conferido credibilidade aos liberacionistas: “Se até
o FHC é a favor…”. Deveriam ser enviados à tal Comissão Brasileira
Sobre Droga e Democracia, com seu incrível nefelibatismo… Aliás, a
página dessa entidade na Internet limitava-se, até outro dia, a tratar a
questão como matéria de política pública, ligada à segurança e à saúde.
Na semana passada, havia lá o texto (sobre um ator) que fazia
claramente a apologia da maconha.
Os dados
deveriam ser enviados, enfim, a todos os “pensadores” que usam o
discurso da medicalização do vício para liberar a droga e, assim,
produzir ainda mais viciados… A sistema de saúde no Brasil passaria a
girar em torno desse eixo. O que essa turma pretende, na prática, é
tornar a droga disponível a cada esquina, a preços bem mais baratos,
claro!, e jogar o ônus de sua escolha — CONTRA A VONTADE DO POVO — no
sistema público de saúde.
Leiam trecho de reportagem da Folha . Volto depois.
A presença
das drogas no ambiente escolar é o principal motivo apontado por
professores da rede estadual de ensino de São Paulo para a criação de
situações de violência dentro da escola. A constatação é de pesquisa
divulgada ontem pela Apeoesp (sindicato estadual dos professores). Em
42% dos casos, os entrevistados disseram que o aluno sob efeito de
drogas foi a razão que motivou a violência. Em seguida, com 29%, estão
as ações do tráfico de drogas e alunos sob efeito de álcool como as
motivadores.
O
levantamento, realizado pelo instituto Datapopular, ouviu 1.400
professores, por telefone, em 167 cidades paulistas entre janeiro e
março deste ano e tem margem de erro de 2,61%. A pesquisa indicou também
que 84% dos entrevistados disseram ter tido conhecimento de algum caso
de agressão dentro da escola onde trabalham, e 44% dos professores
pesquisados afirmam ter sofrido algum tipo de agressão (física, verbal
ou assédio) no ambiente escolar.
(…)
(…)
Voltei
Outro dia, um desses que andam com a
cabeça nas nuvens, embora tenha se mostrado um empirista empedernido,
mandou pra cá um comentário duro, exigindo que eu demonstrasse que a
descriminação acarretaria uma elevação do consumo. Ele não quer que eu
prove nada. Ele está mentindo — talvez até para si mesmo. Ele é da turma
que pretende:
a: acabar com qualquer abordagem repressiva aos consumidores de drogas;
b: diminuir (e, no limite, acabar) com a interdição social que ainda resiste em relação a elas;
c: oferecer tratamento público e gratuito para os que eventualmente se tornaram “dependentes” e quiserem se livrar do vício;
b: diminuir (e, no limite, acabar) com a interdição social que ainda resiste em relação a elas;
c: oferecer tratamento público e gratuito para os que eventualmente se tornaram “dependentes” e quiserem se livrar do vício;
Depois de
tudo isso, ele quer que seja eu a provar que haverá elevação do
consumo… Santo Deus! Essa gente acha que nas periferias — na pobreza,
enfim —, puxa-se um fuminho com a mesma ligeireza, graça e manemolência
com que se acende um baseado em Higienópolis, Vila Nova Conceição,
Moema, Vila Madalena, Ipanema, Copacabana, Leblon ou Botafogo. O médico
que foi detido com um floresta de maconha no apartamento, no Rio, foi
tratado em certos veículos quase como um poeta. A cara da pobreza é
diferente!
A estupidez militante
Aí a estupidez militante resolve pensar:
“Tá vendo? Mesmo com as drogas proibidas, a gente tem esse resultado…”.
Sim, é verdade! E aí, então, esses gênios resolvem criar condições para
aumentar a circulação das ditas-cujas. A tese é a seguinte: se, com
menos drogas circulando, temos isso, quem sabe com mais? É um modo de
pensar.
Venham cá:
por que se instituiu a tal Lei Seca para motoristas? Por que existe a
restrição à venda de álcool para menores? Aqui perto da minha casa
mesmo, numa dessas lojas de conveniência de postos de gasolina, já vi a
lei sendo fraudada. Um rapaz maior de idade entrou, comprou meia dúzia
de latinhas de cerveja e distribuiu depois para os amigos, provavelmente
menores. Por que ninguém vem a público, nesses dois casos, para afirmar
que as medidas repressivas são ineficazes?
Ineficazes
para “resolver” o problema podem ser, mas não inúteis. Elas têm a
eficácia possível. Uma coisa é certa: sem elas, a situação seria pior. A
existência de uma lei não impede que um crime aconteça ou que um grupo
de pessoas deixe de correr riscos e mesmo de pôr terceiros em risco. Mas
certamente age como fator de inibição.
Os
lobistas da liberação das drogas foram hábeis em inverter, vamos dizer
assim, o ônus da prova. Eles é que teriam de provar que elevar a
exposição da sociedade brasileira às drogas não acarretará um aumento do
consumo; eles é que querem mudar a lei. Eles é que têm de apelar a
alguma instância secreta do conhecimento para justificar que, quanto
mais droga circulando (e mais barata), menor será o consumo.
A Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia conta
com gente sem dúvida sábia em sua área de atuação. Estão lá, por
exemplo, o brilhante economista Edmar Bacha e o banqueiro Pedro Moreira
Salles. A comissão defende a descriminação, mas, que eu saiba, continua
favorável à repressão ao tráfico. Eu continuo a aguardar um ensaio de
Bacha e Salles demonstrando que o estímulo à demanda não provocará a) ou uma elevação da oferta b)
ou a explosão da inflação no setor. Em qualquer caso, o traficante
sairia ganhando. Se conseguir suprir a demanda, mantendo sua margem, vai
expandir o negócio porque poderá reinvestir o lucro crescente na
própria atividade. Se não conseguir, restará elevar os preços, mantendo
fixos os custos. Nesse caso, ganhará ainda mais dinheiro vendendo o
mesmo. Resta a alternativa improvável de que a lei da oferta e da
procura não funcione para o mercado de drogas. Mas eu posso esperar por
esse ensaio e a história do pensamento econômico também.
No
momento, a Comissão deveria é dar uma resposta aos professores de São
Paulo, tentando explicar que a descriminação das drogas minimizaria o
problema da violência. Noto, para encerrar mesmo, que os professores
apontaram como o maior problema o aluno sob efeito de drogas, não o
aluno traficante!
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/professores-dizem-que-aluno-drogado-e-o-principal-fator-de-violencia-nas-escolas-mandem-o-resultado-para-dilma-fhc-paulo-texeira-e-a-comissao-brasileira-sobre-drogas-e-democracia/
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