sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
O que é o politicamente correto?
Escrito por Orlando Braga
Muitos de nós fazemos uma ideia do que é o politicamente correcto (PC), pela repetição de informações transmitidas pela mídia.
O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial.
Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O marxismo econômico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o marxismo cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até à I Guerra Mundial, o marxismo cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no marxismo econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).
O marxismo cultural é uma sub-ideologia do marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.
À semelhança do marxismo econômico, o marxismo cultural (ou Politicamente Correto) considera que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia e os capitalistas são, a priori, “maus”. Dentro das classes sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas são “más” ou “ignorantes”), os negros e os homossexuais – para além dos muçulmanos, dos animistas, dos índios, dos primatas superiores, etc.. Estes “grupos sociais” (que incluem os primatas superiores — chimpanzés, gorilas, etc.) são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros façam ou deixem de fazer. Um crime de sangue perpetrado por um homossexual é visto como “uma atitude de revolta contra a sociedade opressora”; o mesmo crime perpetrado por um heterossexual de raça branca é classificado como um “acto hediondo de um opressor”. Segundo o marxismo cultural, o “macho branco” é o equivalente ideológico da “burguesia” no marxismo econômico.
Enquanto que o marxismo econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de direitos à propriedade), o marxismo cultural (ou PC) expropria direitos de cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente, dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”. Nesta linha está a concessão de cotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de competência e de capacidade.
Enquanto que o método de análise utilizado pelo marxismo econômico é baseado no Das Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o marxismo cultural utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.
O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista.
Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.
Com a revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista: António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).
Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura europeia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do falhanço da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião. O mesmo conclui Lukacs.
Em 1923, por iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto (Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e desalinhados com o marxismo-leninismo.
Em 1930, passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão. Horkheimer teve a ideia de se aproveitar das ideias de Freud, introduzindo-as na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a tradicional estrutura socio-econômica marxista em segundo plano, e elege a estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria Crítica.
O que é a Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).
No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura europeia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.
Por essa altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.
Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”.
Marcuse defendeu o futuro da humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.
Marcuse defendeu também, já nos anos 30 do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.
Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da Direita tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.
O sucesso de expansão do marxismo cultural na opinião pública, em detrimento do marxismo econômico, deve-se três razões simples: a primeira é que as teorias econômicas marxistas são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos, é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido. A segunda razão é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica destrutiva até à exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme. A terceira razão é que o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.
O que se está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao policiamento do pensamento, à censura das ideias, rumo a uma sociedade totalitária.
Orlando Braga edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com
(via site mídia sem mascara)
Artigos -
Movimento Revolucionário
O antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e
econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.
Muitos de nós fazemos uma ideia do que é o politicamente correcto (PC), pela repetição de informações transmitidas pela mídia.
O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial.
Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O marxismo econômico, que defende a ideia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o marxismo cultural, que defende a ideia de que a História é determinada pelo poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até à I Guerra Mundial, o marxismo cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no marxismo econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).
O marxismo cultural é uma sub-ideologia do marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico), e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma ditadura, isto é, para o totalitarismo.
À semelhança do marxismo econômico, o marxismo cultural (ou Politicamente Correto) considera que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia e os capitalistas são, a priori, “maus”. Dentro das classes sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas são “más” ou “ignorantes”), os negros e os homossexuais – para além dos muçulmanos, dos animistas, dos índios, dos primatas superiores, etc.. Estes “grupos sociais” (que incluem os primatas superiores — chimpanzés, gorilas, etc.) são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros façam ou deixem de fazer. Um crime de sangue perpetrado por um homossexual é visto como “uma atitude de revolta contra a sociedade opressora”; o mesmo crime perpetrado por um heterossexual de raça branca é classificado como um “acto hediondo de um opressor”. Segundo o marxismo cultural, o “macho branco” é o equivalente ideológico da “burguesia” no marxismo econômico.
Enquanto que o marxismo econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de direitos à propriedade), o marxismo cultural (ou PC) expropria direitos de cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente, dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”. Nesta linha está a concessão de cotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de competência e de capacidade.
Enquanto que o método de análise utilizado pelo marxismo econômico é baseado no Das Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o marxismo cultural utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.
O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista.
Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional europeia.
Com a revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista: António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).
Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura europeia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do falhanço da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião. O mesmo conclui Lukacs.
Em 1923, por iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto (Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e desalinhados com o marxismo-leninismo.
Em 1930, passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão. Horkheimer teve a ideia de se aproveitar das ideias de Freud, introduzindo-as na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a tradicional estrutura socio-econômica marxista em segundo plano, e elege a estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria Crítica.
O que é a Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).
No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura europeia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.
Por essa altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.
Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”.
Marcuse defendeu o futuro da humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.
Marcuse defendeu também, já nos anos 30 do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.
Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da Direita tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.
O sucesso de expansão do marxismo cultural na opinião pública, em detrimento do marxismo econômico, deve-se três razões simples: a primeira é que as teorias econômicas marxistas são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos, é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido. A segunda razão é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica destrutiva até à exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme. A terceira razão é que o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico, em todo o mundo; resta ao marxismo a guerrilha cultural.
O que se está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao policiamento do pensamento, à censura das ideias, rumo a uma sociedade totalitária.
Orlando Braga edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com
(via site mídia sem mascara)
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Guerra Contra a Religião (MUSEU DO COMUNISMO)
Artigos - Religião
Muito pouco é estudado sobre isto
hoje. Nós não podemos ignorar esse componente vital da história da
Guerra Fria. Tragicamente, muitas dessas informações continuam
desconhecidas não apenas para o grande público, mas também para a
comunidade acadêmica. Na verdade, há pessoas na academia que estão a par
desse material, mas geralmente estão despreocupados, dispensando isso
como curiosidade paranóica da "direita cristã" e de anti-comunistas, que
eles vêem como rude e ingênuo.
Como Mikhail Gorbachev apropriadamente asseverou, o Estado comunista empreendeu uma patente "Guerra contra a Religião." 1
Ele lamentara que os bolcheviques, seus predecessores, mesmo após a
guerra civil terminada no começo dos anos 20, durante uma época de
"paz", "continuou a por ao chão as igrejas, a prender sacerdotes e a
destruí-los". 2
A União Soviética, modelo do comunismo mundial como um todo, era
oficialmente hostil à religião e oficialmente ateísta; não era
irreligiosa, sem nenhuma posição quanto à religião, queria fazer crer
que não havia Deus. Além disso, esse ateísmo se transformou numa espécie
de vício anti-religioso. Esta prática começou com a alvorada do Estado
comunista e hoje continua sob várias formas nos países comunistas, desde
a China, desde a Coréia do Norte, e desde Cuba.
Ensinamento Comunista
A origem desse ódio e intolerância à religião está na essência da
ideologia comunista. Marx alcunhou a religião como o "ópio das massas" e
afirmou que "o comunismo começa onde o ateísmo começa". 3
Num discurso em prol dos bolcheviques, em 2 de Outubro de 1920, Lênin
declarou abertamente: "Nós não cremos em Deus." Lênin insistiu que
"Todo culto a uma divindade é uma necrofilia." 4 Ele escreveu
uma carta em Novembro de 1913 dizendo "qualquer idéia religiosa,
qualquer idéia de algum deus, qualquer aproximação com um deus é a
idiotice mais inexpressível ... a burrice mais perigosa, a infecção mais
vexatória." James Thrower, da Universidade de Virgínia (especialista em
Rússia e tradutor), diz que a infecção à qual Lênin se refere é a de
doença venérea. 5
"Não pode haver nada mais abominável do que a religião," escreveu Lênin em uma carta para Maxim Gorky em Janeiro de 1913. 6
N dia dia 25 de Dezembro de 1919, o Camarada Lênin, com suas próprias
palavras, emitiu a seguinte ordem: "Participar do 'Nikola' (natal russo) será estúpido - toda a Cheka (futura KGB) deve estar alerta para não deixar de atirar em todo aquele que não aparecer para trabalhar por causa do 'Nikola'". 7 Estes não foram fatos isolados sob o mando de Lênin.
Com a ajuda de Trotsky, Lênin começou a se envolver na criação de
grupos com nomes como A Sociedade dos Sem-Deus, também conhecida como a
Liga dos Sem-Deus Militantes, que foi responsável pela disseminação da
propaganda anti-religiosa na URSS. 8 Essa intolerância
institucionalizada continuou a prosperar sob os discípulos de Lênin, com
destaque para Stálin, e até mesmo sob os líderes mais benévolos, como
Nikita Khrushchev.
Este ateísmo era endêmico para o experimento comunista. Mesmo os
comunistas impedidos de se manter no poder - perdendo, portanto, a
habilidade de perseguir crentes - eles deram o seu melhor para perseguir
os ensinamentos da religião organizada e para ridicularizar a
existência de Deus. Até nos Estados Unidos, não é surpresa parar numa
banca de jornais da cidade e ver escrito na primeira página palavras
como estas no Daily Worker (Diário dos Operários), o órgão comunista publicado pelo CPUSA: "NÃO HÁ DEUS". 9 Os comunistas têm orgulho do seu ateísmo e militam por ele.
Discriminação Igualitária
Este assalto à fé religiosa não foi dirigidas apenas a cristãos -
protestantes, católicos, ortodoxos - mas também contra judeus,
muçulmanos, budistas e outras crenças. 10 Para cada cardeal
Mindszenty na Hungria havia um cardeal Wyszynski na Polônia, um Richard
Wurmbrand na Romênia, um Natan Sharansky ou um Walter Ciszek na Rússia,
um Vasyl Velychkovsky ou um Severian Baranyk ou um Zenobius Kovalyk na
Ucrânia, um clã Moaddedi no Afeganistão, um missionário luterano ou
metodista ou um seguidor do Dalai Lama na China, uma freira presa em
Cuba, um monge budista forcado a renunciar seus votos no Camboja.
Fosse o déspota Fidel Castro, Pol Pot ou Stalin, o sentimento era o
mesmo: "Religião é veneno", segundo disse Mao Tsé-Tung. Onde quer que
eles fossem, de Leste a Oeste, da África à Ásia, de Phnom Penh a São
Petesburgo, comunistas empreenderam uma luta pela extinção da religião.
Os comunistas muito debateram sobre os detalhes da maneira pela qual
implementariam a visão marxista, mas eram unânimes em uma coisa: a
religião era a inimiga, uma rival para o controle mental marxista e
deveria ser aniquilada, não importam os custos e dificuldades.
Moscou foi a fonte e o cume para a maior parte desse esforço. Mesmo
assim, funcionários soviéticos desejaram repetir a campanha usando os
mais ávidos camaradas que estavam em cargos de liderança em outros
lugares. A repressão começara, em vários graus, por toda a Europa
Ocidental. Por exemplo, a doutrinação anti-religiosa de alunos de escola
foi especialmente rigorosa na Tchecoslováquia nos anos 70. A
Tchecoslováquia tinha conhecida má-reputação por conta do seu ateísmo.
Entre as nações mais perseguidoras à religião no império comunista
estava a Romênia. Lá o ódio à religião era evidente por causa dos
terríveis meios usados na tentativa de bani-la.
Romênia: a experiência de Richard Wurmbrand
Como parte da educação atéia, Estados comunistas publicaram e
disseminaram abertamente literatura anti-cristã. Na Romênia, o trabalho
daquele que talvez seja o maior escritor romeno, Sadoveanu, "A Vida dos
Santos", foi publicado novamente como "A Lenda dos Santos".
Significantemente, os comunistas não apenas tentaram bloquear ou
deter a fé religiosa, mas também revertê-la. Isto foi verdade
particularmente para a Romênia, mesmo antes da era Nicolai Ceasescu.
Isto não implica apenas a proibição da prática religiosa e a prisão de
ministros e crentes, mas o emprego de tortura para forçá-los a renunciar
a fé. Nada disso foi eficiente o bastante para conter, silenciar ou
punir os crentes presos; foi decidido que eles deveriam ser torturados
de maneira inimaginavelmente degradante com o intuito de desfazer a fé
religiosa.
Uma das melhores fontes sobre como os comunistas usaram sofrimentos
extraordinários para reverter a crença é Richard Wurmbrand, um pastor
que viveu um inferno na terra enquanto estava numa prisão romena. Após o
ocorrido, ele detalhou algumas das crueldades testemunhadas em um
relato ante ao congresso americano e em seu famoso Torturado por amor de Cristo, em 1967. A seguir há alguns trechos do emocionante livro de Wurmbrand:
Milhares de crentes de todas as denominações foram presos naquela
vez. Não apenas sacerdotes foram enclausurados, mas também simples
camponeses, moços e moças, que testemunharam por sua fé. Os presídios
estavam lotados, e na Romênia, assim como em todos os países comunistas,
estar preso significa ser torturado...
Um pastor que se chama Florescu foi torturado com tições de ferro
incandescente e com facas. Ele foi agredido dolorosamente. Então ratos
famintos foram conduzidos às suas celas por um largo cano. Ele não
conseguia dormir porque era obrigado a se defender todo o tempo. Se ele
toscanejasse por um só momento, os ratos o atacariam.
Ele foi forçado a ficar acordado por duas semanas, dia e noite...
Eventualmente eles traziam seu filho de 14 anos e começavam a
chicoteá-lo em frente ao seu pai, dizendo que continuariam a fazê-lo até
que o pastor dissesse aquilo que eles queriam ouvir da sua boca. O
pobre homem estava meio louco. Ele agüentou o tanto quanto pôde, então
ele clamou ao seu filho, "Alexander, eu preciso dizer o que eles querem!
Eu não posso mais agüentar seu sofrimento!" O filho então respondeu
"Pai, não me faça a injustiça de ter um traidor como genitor. Resista!
Se eles me matarem, eu morrerei com as palavras: 'Jesus e minha
pátria'." Os comunistas, enfurecidos, investiram contra a criança e
espancaram-na até a morte, com sangue espalhado pelas paredes da cela.
Nosso querido irmão Florescu nunca mais foi o mesmo após ter visto isto.
11
Wurmbrand se lembrava de história após história sobre as torturas que
ele testemunhou. Ele não apenas viu a tortura dos seus companheiros
crentes, mas ele mesmo também as experimentou. Seus captores o
entalharam em doze partes do seu corpo. Queimaram 18 buracos nele. Entre
as muitas formas de torturas que ele sofreu, estava "O Refrigerador" -
uma grande caixa de gelo. O crente seria preso com pouca ou nenhuma
roupa. Os médicos da prisão sondavam por uma abertura até que vissem
sinais de morte por hipotermia, então eles chamavam os guardas, que se
apressavam para descongelar a vítima. Eles seriam descongelados e
congelados novamente entre os minutos da morte. O processo era então
repetido.
Tudo isso, obviamente, exigia esforços consideráveis dos carcerários.
"O que os comunistas fizeram aos cristãos suplanta... o conhecimento
humano," escreveu Wurmbrand. "Eu vi comunistas cujas faces mostravam
alegria entusiástica enquanto torturavam crentes. Eles diziam enquanto
torturavam os cristãos, 'nós somos o demônio!'". Ele chamou o comunismo
de "a força do mal", que poderia ser combatido apenas por uma força
espiritual, "O Espírito Santo." Ele acrescentou:
Os torturadores comunistas freqüentemente [me diziam]: "Não há
Deus, nem além, nem punição pelo mal. Nós podemos fazer o que
quisermos." Eu ouvi um torturador dizer, "Eu agradeço a Deus, em quem
não creio, por viver até este momento em que pude expressar toda a
maldade do meu coração."
Em seu testemunho de Maio de 1966 ao Subcomitê de Segurança Interna
do Senado americano, Wurmbrand descreveu a crucificação pelas mãos dos
comunistas. Cristãos eram atados a cruzes por dias e noites. Isto era
mau o bastante. Mas os comunistas eram criativos, e queriam se assegurar
de que os crucificados sofreriam maior humilhação do que o próprio
Cristo:
As cruzes eram colocadas no chão e milhares de prisioneiros
tinham que satisfazer suas necessidades básicas nos rostos e nos corpos
dos crucificados. Então as cruzes eram argüidas novamente e os
comunistas zombavam e escarneciam: "Olhe para o seu Cristo! Quão belo
ele é! Que fragrância ele traz do céu!"... Após serem quase levados à
loucura pelos torturadores, um padre foi obrigado a consagrar excremento
e urina humanos e fazer a Santa Comunhão aos cristãos nesta forma. Isto
aconteceu na prisão romena de Pitesti., Após isto, eu decidi então
perguntar ao padre porque ele não preferiu morrer ao participar dessa
zombaria. Ele respondeu, "Por favor, não me julgue! Eu sofri mais do que
Cristo!" Todas as descrições bíblicas sobre o inferno e as dores do
Inferno de Dante não são nada comparadas às torturas nas prisões
comunistas.
Esta é apenas uma pequena parte daquilo que aconteceu em um
domingo e em muitos outros domingos na prisão de Pitesti. Outras coisas
simplesmente não podem ser ditas. Meu coração falharia se eu tivesse que
contá-las repetidamente. Elas são muito terríveis e obscenas para serem
escritas...
Se eu fosse continuar a contar todos os horrores das torturas
comunistas e todos os auto-sacrifícios dos cristãos, eu nunca
terminaria.
Nós vemos aqui uma dedicação quase inacreditável para desfazer e
reverter a fé pelos comunistas. Isto envolveu não apenas abusos
extraordinários, mas também a atenção do Estado. O fato de o Estado
comunista devotar tanto tempo e esforço demonstra a sua notável devoção -
ironicamente, uma devoção quase religiosa - em alcançar a aniquilação
da fé religiosa. Estes fatos também refletem a convicção comunista que a
religião era inevitavelmente uma ameaça incompatível ao
marxismo-leninismo.
Às vezes, esta perseguição viciada sai pela culatra. Para cada
Richard Wumrbrand, ou para cada Severian Baranyk que os comunistas
mataram com um corte em forma de cruz no peito, ou um Zenobius Kovalyk,
executado numa crucificação de escárnio, surgia uma albanesa chamada
Agnes Gonxha Bojaxhiu (Madre Teresa), que orava por suas almas, ou um
Karol Wojtyla (Papa João Paulo II), que trabalhou com homens como Ronald
Reagan, Margaret Thatcher, Lech Walesa, e Vaclav Havel - entre outros -
pelo colapso pacífico do império ateu.
Relevância atual
Porque estas informações são importantes hoje, sendo que a guerra
fria e o império soviético comunista não mais existem? Ao nível do
humano, é muito importante para aqueles que sofreram a perseguição.
Muitos ainda estão vivos; eles querem que esta história seja contada;
eles querem que o mundo saiba o que sofreram. Eles sabem que a História,
pelo bem da História, precisa ser bem definida e não repetida. Em outro
nível, a próxima geração de estudiosos da Guerra Fria tem pouco
conhecimento e menos ainda reconhecimento do papel da religião na
experiência da Guerra Fria. Eles não são apenas desinformados no que diz
respeito às fontes e ao grau da perseguição, eles não contemplam a
maneira que o ateísmo institucionalizado da URSS ajudou e propeliu
oposição bipartidária americana a Moscou no começo da Guerra Fria.
Democratas como Harry Trumann, John F. Kennedy e Republicanos como John
Foster Dulles e Ronald Reagan condenaram o flagelo do "comunismo
soviético sem-Deus assim como figuras bastante populares como Francis
Cardinal Spellman, o Bispo Fulton Sheen, e o Dr. Fred Schwarz por meio
de sua Cruzada Anti-Comunista Cristã. 12 Religiosamente
falando, o esforço eventual para derrotar o comunismo ateu foi um
esforço duplo de protestantes e católicos americanos.
Muito pouco é estudado sobre isto hoje. Nós não podemos ignorar esse
componente vital da história da Guerra Fria. Tragicamente, muitas dessas
informações continuam desconhecidas não apenas para o grande público,
mas também para a comunidade acadêmica. Na verdade, há pessoas na
academia que estão a par desse material, mas geralmente estão
despreocupados, dispensando isso como curiosidade paranóica da "direita
cristã" e de anti-comunistas, que eles vêem como rude e ingênuo. "Sob os
[comunistas] houve perseguição à igreja," escreve Richard Pipes,
professor emérito de história russa em Harvard. "E também é verdade que o
assunto tem recebido pouco ou nenhuma atenção dos acadêmicos." 13
Protestantes, católicos, muçulmanos e budistas - os comunistas
torturaram a todos. E membros de todas as crenças têm grande interesse
em ver essa conspiração perversa recebendo a luz da verdade. Ninguém,
muito menos uma organização central, contou as histórias das vítimas.
Muitas delas são amargas, e estão todas frustradas porque esta vasta
rede de intolerância brutal nunca foi exposta completamente. Os livros
de história das escolas estão cheios de considerações sobre as Cruzadas,
mas completamente caladas sobre a guerra comunista contra a religião,
que é imensamente mais repressiva. 14
Mas ainda há grupos como a Fundação em Memória das Vítimas do Comunismo (Victims of Communism Memorial Foundation) para contar essa história, para revelar essa história e para honrar as vítimas.
____________________
Biografia do autor: Paul Kengor é professor emérito de Ciência Política no Grove City College em Grove City, Pennsylvania. Entre seus livros estão God and Ronald Reagan: A Spiritual Life (HarperCollins, 2004), The Judge: William P. Clark, Ronald Reagan's Top Hand (Ignatius Press, 2007), and The Crusader: Ronald Reagan and the Fall of Communism (HarperPerennial, 2007).
Tradução: Rafael Resende Stival, do Blog Salmo 12.
Fonte: http://www.globalmuseumoncommunism.org/
Notas
1 Mikhail Gorbachev, Memoirs (NY: Doubleday, 1996), p. 328.
2 Mikhail Gorbachev, On My Country and the World, (NY: Columbia University Press, 2000), pp. 20-1.
3 O comentário "ópio das massas" "é bem conhecido. A fonte para a citação, "o comunismo começa onde começa o ateísmo," é Fulton J. Sheen, Communism and the Conscience of the West (Indianapolis e NY: Bobbs-Merrill, 1948). Sheen, que lia e falava várias línguas, traduziu a citação em Inglês de uma obra sem tradução de Marx.
4 Lenin escreveu isso em 13 ou 14 de novembro de 1913 em uma carta para Maxim Gorky. Veja: James Thrower, God's Commissar: Marxism-Leninism as the Civil Religion of Soviet Society (Lewiston, NY: Edwin Mellen Press, 1992), p. 39.
5 Citado em Thrower, God's Commissar, p. 39. Outra tradução desta citação vem de Robert Conquest, in his "The Historical Failings of CNN," em Arnold Beichman, ed., CNN's Cold War Documentary (Stanford, CA: Hoover Institution Press, 2000), p. 57.
6 Veja: J. M. Bochenski, "Marxism-Leninism and Religion," em B. R. Bociurkiw et al, eds., Religion and Atheism in the USSR and Eastern Europe (London: MacMillan, 1975), p. 11.
7 Este item foi publicado em um livro de 2002 pela Yale University Press. Veja: Alexander N. Yakovlev, A Century of Violence in Soviet Russia (New Haven and London: Yale University Press, 2002), p. 157.
8 Veja: Daniel Peris, Storming the Heavens: The Soviet League of the Militant Godless (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1998).
9 Veja: Bertram D. Wolfe, A Life in Two Centuries (Stein and Day, 1981), pp. 403-4.
10 A repressão foi exercida em graus diferentes entre as nações do bloco soviético. Entre elas, Romênia, Albânia, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia foram especialmente repressivas.
11 Richard Wurmbrand, Tortured for Christ (Bartlesville, OK: Living Sacrifice Book Company, 1998), pp. 33-8.
12 Veja: Paul Kengor, God and Ronald Reagan: A Spiritual Life (NY: HarperCollins, 2004).
13 Richard Pipes speaking at Grove City College, Grove City, Pennsylvania, September 27, 2005.
14 Paul Kengor comparou o tratamento dos dois em um exaustivo e longo projeto de um ano de pesquisa que analisou os textos de história utilizada nas escolas públicas de Wisconsin, que eram os mesmos textos utilizados em todos os estados. Veja também: Paul Kengor, "Searching for Bias: World History Texts in Wisconsin Public Schools ", Wisconsin Policy Research Institute, junho de 2002. Uma cópia do estudo está publicado no site da WPRI.
Fonte e sugestão de pesquisa em: MUSEU DO COMUNISMO
(via midia sem mascara)
O Salvador filósofo
Escrito por Edson Camargo
(Imagem: Paulo em Atenas, Rafael, 1515).
Fonte: midia sem mascara
Artigos -
Cultura
Mário Ferreira dos Santos, o maior filósofo que o Brasil já teve,
afirmou que o cristianismo era por definição a grande religião capaz de
levar os homens à condição de verdadeiros filósofos. A lista destes é
imensa, e inclui gigantes de várias épocas, como Justino Mártir,
Agostinho, Tomás de Aquino e Edmund Husserl. Recorrendo a ela, deve-se
concluir que se o “ide e fazei discípulos” resultou no surgimento de
inúmeros filósofos ao longo da história, certamente algo há em Cristo e
em sua doutrina que gera esse maravilhoso resultado.
O filósofo norte-americano Peter Kreeft, em seu The Philosophy of Jesus – traduzido para o português dos brasileiros com o título marotamente marketeiro Jesus, o maior filósofo que já existiu
– destaca, usando um parecer de C. S. Lewis, que se num certo sentido,
Confúcio, Buda e Maomé são filósofos, Jesus Cristo também o é, não só
por conta do conteúdo da sua mensagem, mas também pela forma com que a
apresentava, para que os homens apreendessem o sentido mais profundo de
seus ensinamentos.
Kreeft apresenta na obra os pareceres definitivos do Mestre dos
mestres nas quatro disciplinas fundamentais da filosofia. Há uma
metafísica de Jesus: Ele responde o que é o ser, o que é o real. Há uma
epistemologia do Cristo: Jesus responde como podemos conhecer a
realidade, e também apresenta os limites do conhecimento humano. Há a
antropologia do Logos Encarnado: “Ele é o homem como o homem foi
planejado para ser”, diz Peter Kreeft, que, em seguida, denuncia: “Toda
psicologia, sociologia e antropologia secular é fundamentalmente oblíqua
em seu próprio fundamento, pois assume, de forma errônea, que seu
objeto de estudo, o homem, se encontra em seu estado natural”.
O filósofo está correto. Sem levarmos em conta a Queda, nossa
condição de seres caídos, imersos no pecado, não entederemos a Cristo,
seu sacrifício, e a nós mesmos. A confusão moderna e as tragédias da
modernidade encontram aí sua raíz. E então adentramos nas questões
centrais da quarta grande disciplina filosófica: a ética do Salvador
filósofo. Como viver? Como agir? Como se portar? Nossa cultura rejeita a
moralidade cristã por rejeitar a Cristo, avisa Kreeft. Mas Ele é a
refutação do relativismo: mas que um argumento perfeito, Ele é a Pessoa
Perfeita. “Os argumentos mais irrefutáveis são sempre fatos, dados,
realidade concreta”, lembra o autor, evocando um tema que,
vergonhosamente, e por conta dos que rejeitam a Cristo, ainda integra o
debate político: “o argumento mais eficaz contra um aborto é
simplesmente assistir a um aborto”. Aquele que diz: “quem vê a mim, vê
ao Pai, se apresenta e diz:
“Segue-me”. E na santidade o homem encontra sua realização plena,
pois foi criado santo, sem pecado. Nela encontra a resposta também da
metafísica. Pois um santo é um homem mais parecido com Cristo, que é o
fundamento de toda a realidade. É nessa ética que a plena percepção do
real pode se ser encontrada, ainda que com limitações: “em parte
conhecemos, em parte profetizamos”. Kreeft aborda estas questões
decisivas para a saúde espiritual de todo e qualquer ser humano com um
texto leve, mas com argumentação sólida.
E aí vem a dimensão pública da ética, a realidade política. O autor
exorta: Cristo é mais real do que as doutrinas da direita, que apenas
apontam para o real. Cristo é mais amoroso com o pobre do que o
entusiasta do esquerdismo. “Por que ser um ‘liberal de coração mole’?
Porque Cristo o é. Por que ser um ‘conservador cabeça dura’? Porque
Cristo o é”, afirma Peter Kreeft, sem se omitir a respeito do grande
vilão em nossa sociedade: a Cristofobia. Declara que vivemos numa época
revolucionária, denuncia o pensamento “politicamente correto”, o falso
conceito de “tolerância” vigente, e o fraco fundamento dos secularistas
para a solidariedade: nossa origem comum, que, segundo estes, é o
macaco. “Um fundamento não muito bom”, ironiza. Também critica a chamada
revolução sexual. “Cristo modifica radicalmente a revolução sexual.
Como ele faz isso? Não ao contrapor religião e sexo, mas ao contrapor a
verdadeira e a falsa religião”. E aqui expõe a farsa fundamental do
marxismo cultural gestado pela Escola de Frankfurt, sem citá-la, talvez
por conta dos fins mais evangelísticos da obra.
Imagino que Kreeft sabe o quão sensíveis são às críticas os
autoproclamados defensores da diversidade e do pluralismo; pessoas, que,
no fim das contas, são os mais ferrenhos dogmáticos das religiões
políticas que geraram as grandes matanças do século XX.
Jesus, o maior filósofo que já existiu convida cristãos
tendentes ao irracionalismo e ao desleixo em relação à vida intelectual,
como é boa parte dos cristãos do Brasil, a uma vida mais parecida com a
de seu Mestre e a de seus grandes discípulos que surgiram ao longo da
história. Filósofos, teólogos, mártires, missionários, avivalistas, em
várias épocas, mergulhavam nas obras clássicas que tratavam das grandes
questões relativas à vida humana. Assim, seguiam a ordenança do apóstolo
Paulo à igreja de Filipos (4:8):
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor,
nisso pensai.
Dispersa no entretenimento, “o substituto diabólico da alegria”, como
bem o definiu Leonard Ravenhill, nossa (a minha; também sou um filho
dessa derrocada cultura caótica) geração pode encontrar, em obras como
esta, um incentivo à busca do vigor intelectual necessário para
“responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há
em vocês”, como ordenou o apóstolo Pedro (1. Pe.3:15), e seja possível
dizer que “destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo
obediente a Cristo” (2.Co. 14: 4b,5).
Dizem que a filosofia passa por uma crise. Negativo. O que passa por
uma crise é o vasto conjunto de filosofias seculares desprovidas de
coerência e incapazes de fornecer respostas adequadas: o naturalismo, o
modernismo, o cientificismo, as ideologias de massa, e a loucura
pós-moderna. Essas sim, são as “vãs filosofias e vãs sutilezas, segundo a
tradição dos homens” (Cl. 2:8). Os cristãos têm um Salvador que é mais
que um filósofo, é o próprio Logos, é o fundamento de toda a existência e
de toda a realidade. Que cada um de seus discípulos esteja cada vez
mais disposto a mergulhar na sabedoria e santidade de seu Mestre. Até
por que essa não é uma opção. É um dever daquele que professa o nome de
Cristo.
(Imagem: Paulo em Atenas, Rafael, 1515).
Fonte: midia sem mascara
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Vizinhança Solidária
A Polícia Militar de Xapuri continua seu ciclo de palestras nas comunidades, com policiamento ostensivo e preservação da ordem pública junto as mesmas, levando uma mensagem sobre a prevenção das drogas, violência e esclarecimentos sobre os mais diversos temas relacionados a segurança nas residências e população em geral.
No último dia 23/08/2012, às 19:00h, a PM de Xapuri se deslocou até a Capela de São Francisco no Bairro Braga Sobrinho conhecido como Bairro da Bolívia para realizar uma palestra a respeito da Vizinhança Solidária que trata da prevenção à violência na comunidade, violência doméstica e outros dos mais variados assuntos relacionados a segurança pública.
No último dia 23/08/2012, às 19:00h, a PM de Xapuri se deslocou até a Capela de São Francisco no Bairro Braga Sobrinho conhecido como Bairro da Bolívia para realizar uma palestra a respeito da Vizinhança Solidária que trata da prevenção à violência na comunidade, violência doméstica e outros dos mais variados assuntos relacionados a segurança pública.
A palestra foi ministrada pelo CMT da 2ª CIA de Xapuri, 1º TEN PM Silvio, os PPMM 3º SGT PM Moura Costa - Instrutor PROERD/JCC e SD PM Andreano - Instrutor PROERD/JCC.
A palestra foi realizada na capela citada, onde concentrou-se um público de 25 pessoas, entre jovens, pais, professores e comunidade em geral.
A Polícia Militar de Xapuri procurou um representante do bairro no intuito de agendar a referida palestra, e, através da profª Ray que mobilizou a comunidade, conseguimos realizar o evento com sucesso.
A Vizinhança Solidária tem por objetivo reunir a comunidade e desenvolver a cultura de autoproteção comunitária
Por fim o 1º TEN PM Silvio fez as considerações finais e ressaltou que a Polícia Militar de Xapuri está a disposição da comunidade no que for do alcance da corporação.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Ex-presidente Lula nega existência do mensalão em entrevista ao ‘New York Times’
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times
que o mensalão não existiu. Agora em nível internacional, ele repetiu
sua versão sobre o maior escândalo de corrupção da República – cujos
réus estão sendo julgados desde 2 de agosto no Supremo Tribunal Federal
(STF).
“Eu não acredito que houve mensalão”,
afirmou Lula à reportagem, publicada na edição deste domingo (26). A
justificativa do petista é de que ele, quando presidente, já tinha apoio
suficiente do Congresso e não precisaria comprar a adesão. “Se alguém é
culpado, deve ser punido e se alguém for considerado inocente, deve ser
absolvido”, disse, garantindo que aceitará o resultado do julgamento.
O New York Times lembrou o
episódio, revelado pela Veja, em que Lula tentou chantagear o ministro
do STF Gilmar Mendes para adiar o julgamento do mensalão. O jornal
classifica o momento atual como um dos mais críticos para Lula e para
partido. “Mais de trinta políticos, incluindo alguns dos principais
assessores de Lula, como José Dirceu, estão implicados no escândalo de
compra de votos”, afirma a reportagem, que nota: “Lula defende
publicamente os envolvidos no maior escândalo de corrupção do Brasil”.
A reeleição de Dilma – apesar de admitir
que “não é tarefa fácil saber como agir no papel de ex-presidente”,
Lula afirmou que não disputará a Presidência nas eleições de 2014.
“Dilma é minha candidata, e se Deus quiser, ela vai ser reeleita”.
Fonte: Veja
domingo, 26 de agosto de 2012
CREDIBILIDADE ZERO
Escrito por Olavo de Carvalho
Artigos - Cultura
Artigos - Cultura
Praticamente tudo o que se lê na mídia brasileira sob o rótulo de
"análise política" não passa da elaboração apressada de fatos que o
comentarista extraiu da própria mídia. É a imagem popular do mundo
maquiada na linguagem do manual de redação. Nada mais.
Não é uma coisa séria. É show business, é diversões públicas, é
circo. Não existe para orientar o leitor, mas para mantê-lo satisfeito
com um estado habitual de desorientação no qual ele se sente
informadíssimo e repleto de certezas.
Análise política séria supõe informações ao nível dos melhores
serviços de inteligência, trabalhadas por uma consciência longamente
adestrada na meditação da História, da filosofia e da ciência política.
Isso está tão acima das possibilidades do comentarista vulgar que,
confrontado com algo do gênero, o infeliz se sente perplexo ante o
inusitado e reage com aquela típica irritação neurótica da burrice
humilhada.
Em tal circunstância, exclamações de "teoria da conspiração!" emergem
da sua boca quase que por reflexo condicionado. Chamar uma idéia de
"teoria da conspiração" não é refutá-la, é apenas xingá-la. Xingar é o
que você faz quando chegou ao último limite da sua capacidade e não
conseguiu nada. (Favor não confundir xingamento com palavrões
humorísticos usados para fins de sátira nos momentos apropriados.)
Diagnósticos de paranoia, de visão delirante, aos quais também muitos
recorrem nessas ocasiões, só valem quando embasados em algum
conhecimento de psicologia clínica, que invariavelmente falta a quem usa
desses termos como descarga de um sentimento de inferioridade
insuportável.
Não por coincidência, análises sérias, tão escassas nas páginas de
política, não faltam naquele setor especializado do jornalismo que se
dedica à economia e aos investimentos. É que o público dessa seção é
exigente, conhece o assunto, paga bem e quer opiniões sólidas. Não se
trata de um bando de sonsos em busca de alívio.
Nenhum empresário ou investidor aceitaria como analista econômico um
amador que tivesse como única ou predominante fonte de informações a
própria mídia popular na qual escreve. Mas o amador assim descrito é a
própria definição do que se entende por "analista político" no Brasil. É
um sujeito que não conhece os clássicos da filosofia política, não lê
revistas científicas da sua área, não tem a menor ideia de como
funcionam os serviços secretos dos diversos países, não pesquisa fontes
de informação discretas, e, enfim, acredita que o mundo é realmente como
sai na mídia. Pratica, em resumidas contas, aquilo que um jornalista de
verdade, Rolf Kuntz, chamava de autofagia jornalística: escreve nos
jornais aquilo que leu nos jornais.
Quando digo que isso é "praticamente tudo", e não "tudo", é porque,
descontados dois ou três sobreviventes do jornalismo às antigas, há
ainda um segundo grupo de exceções notáveis: são os desinformantes
profissionais ou agentes de influência. Pagos por organizações
partidárias, por governos estrangeiros, por elites bilionárias ou por
organizações revolucionárias internacionais (fontes que às vezes se
mesclam e se confundem), mentem mais que a peste, mas mentem com método,
segundo um plano racional, às vezes sofisticadíssimo, que o analista
habilitado discerne nas entrelinhas e que é, por si, informação
fidedigna, às vezes da mais alta qualidade.
Esses profissionais da desconversa são raros, mas não inexistentes na
mídia nacional. É preciso muita prática para distingui-los da massa dos
seus papagaios e clones, que aceitam as mentiras deles por hábito e as
repassam por automatismo. Quando uma informação falsa se tornou de
domínio público, é quase impossível rastrear-lhe a fonte, a qual só
aparece, quando aparece, na rara hipótese de um agente arrependido dar
com a língua nos dentes, quase sempre trinta ou quarenta anos depois de a
coisa ter perdido toda importância estratégica.
A ocorrência desses casos permite medir a confiabilidade média do
jornalismo político, quase matematicamente, pelo tempo decorrido entre o
engodo inicial e o reconhecimento público do engano cometido quando o
próprio autor da façanha, ou a revelação de documentos reservados,
afinal fornece à classe jornalística os meios de corrigir-se.
Por exemplo, a onda de pânico da mídia européia ante a "ameaça neonazista" na Alemanha cessou quando, com a reunificação do país, os documentos da Stasi vieram à tona, mostrando que os principais movimentos neonazistas na Alemanha Ocidental e até mesmo alguns nas nações vizinhas eram fantoches criados e subsidiados pelo governo comunista da Alemanha Oriental para despistar operações de terrorismo e assassinatos políticos (o atentado ao Papa João Paulo 2º foi um caso típico: leiam The Time of the Assassins de Claire Sterling e Le KGB au Coeur du Vatican, de Pierre e Danièle de Villemarest).
Por exemplo, a onda de pânico da mídia européia ante a "ameaça neonazista" na Alemanha cessou quando, com a reunificação do país, os documentos da Stasi vieram à tona, mostrando que os principais movimentos neonazistas na Alemanha Ocidental e até mesmo alguns nas nações vizinhas eram fantoches criados e subsidiados pelo governo comunista da Alemanha Oriental para despistar operações de terrorismo e assassinatos políticos (o atentado ao Papa João Paulo 2º foi um caso típico: leiam The Time of the Assassins de Claire Sterling e Le KGB au Coeur du Vatican, de Pierre e Danièle de Villemarest).
E no Brasil? Foi em 1973 que o ex-chefe da inteligência soviética no
Rio de Janeiro, Ladislav Bittman, confessou ter sido, em 1964, o
inventor e disseminador da lenda de que o golpe militar fora tramado e
subsidiado pelo governo americano.
Como, decorridos vinte e oito anos da revelação, ninguém na mídia
tupiniquim desse o menor sinal de desejar corrigir o engano geral,
escrevi um artigo em Época para lembrar aos colegas que antes tarde do
que nunca (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/sugestao.htm).
Mais onze anos se passaram desde então – e até hoje a conversa de que
"o golpe começou em Washington" ainda reaparece nos nossos "grandes
jornais", a intervalos regulares, no tom de verdade consagrada.
Credibilidade, neste país, é isso.
Publicado no Diário do Comércio com o título 'Credibilidade'. (via midia sem mascara)
Drogas: Desconstruindo, com impiedade, o pensamento infantil do doutor Gadelha, um figurão da Fundação Oswaldo Cruz. Ou: Cuidado, senhores parlamentares! Querem transformá-los em “vapores” do PCC e do Comando Vermelho
O
pessoal que quer descriminar as drogas afirma que gosta do debate. Eu
também gosto. Então vamos colaborar. Espalhem este texto para animar a
conversa.
Está em
curso uma campanha nacional pela descriminação do uso de drogas. À
frente dela, os bacanas de sempre. Acham que esse é um assunto que
concerne, digamos assim, às classes médias ilustradas. Quanto mais
distante do debate ficar o povo, melhor. Os progressistas odeiam o povo
reacionário. O governo do Uruguai foi mais estúpido, porém mais
honesto: propôs logo de cara a estatização da maconha. Por aqui,
tenta-se revestir a legalização branca de “descriminação do consumo”.
Frauda-se a lógica, ignoram-se os fatos, mistifica-se.
Os sites e
fóruns da turma “pró-descriminação” adoram me demonizar. Um amigo com
acesso a um desses debates fechados, que requerem senha, me enviou
alguns comentários que fazem por lá a meu respeito. Apareço como uma
pessoa má. Só não são capazes de responder aos argumentos porque gostam
de discutir o assunto entre os que concordam. É um jeito de fazer as
coisas.
Um dos
líderes da campanha é o médico Paulo Gadelha, presidente da Fundação
Oswaldo Cruz. Reproduzo em vermelho entrevista que ele concedeu a Márcio
Allemand, no Globo Online. Houve um tempo em que entrevistar alguém
compreendia buscar também eventuais contradições em seu pensamento. A
depender do tema, a nossa imprensa transforma uma entrevista num release
entremeado de perguntas. Leiam. Comento em azul.
À frente da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), que na quarta-feira entregou um anteprojeto de lei ao presidente da Câmara,
deputado Marco Maia (PT-RS), propondo a descriminalização dos usuários
de drogas no país, está o médico Paulo Gadelha. Graduado em medicina
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem mestrado em Medicina
Social e doutorado em Saúde Pública, Gadelha ocupa a presidência da
Fundação Oswaldo Cruz desde 2009. É lá que ele costuma se reunir para
discutir questões a respeito da legislação brasileira sobre drogas e
garantir uma diferenciação mais clara entre usuários e traficantes. O
anteprojeto entregue em Brasília já conta com mais de 100 mil
assinaturas de apoio. Mas a expectativa de Gadelha é que este número
chegue a mais de um milhão em três meses.
Qual o teor do anteprojeto entregue ao presidente da Câmara?
PAULO GADELHA: É centrado na visão de que o usuário não pode ser considerado criminoso. Desde 2006 a lei garante que o usuário não seja preso, mas é preciso diferenciar o que é um traficante do que é um usuário. Apesar de a lei dizer que o usuário não pode ser preso, ela não diz se uma pessoa que está portando 1 ou 100 gramas seja usuário ou traficante. Fica a cargo da autoridade policial decidir, criando insegurança para todos os agentes envolvidos e uma enorme vulnerabilidade para os usuários.
PAULO GADELHA: É centrado na visão de que o usuário não pode ser considerado criminoso. Desde 2006 a lei garante que o usuário não seja preso, mas é preciso diferenciar o que é um traficante do que é um usuário. Apesar de a lei dizer que o usuário não pode ser preso, ela não diz se uma pessoa que está portando 1 ou 100 gramas seja usuário ou traficante. Fica a cargo da autoridade policial decidir, criando insegurança para todos os agentes envolvidos e uma enorme vulnerabilidade para os usuários.
Não sei
onde este senhor estudou lógica elementar, mas não foi na faculdade de
medicina. Se ele cuidar de gente tão bem quanto cuida do raciocínio,
estamos feitos. É bem verdade que sua área é “medicina social”, “saúde
pública” (e cargo público). Parece que não precisa receitar nem
aspirina, o que é bom. Entendo que o doutor pretende que a lei
estabeleça quantidades para definir o que é o que não é tráfico. Aquele
projeto aloprado de reforma do Código Penal prevê que deixaria de ser
tráfico quem portar o suficiente para cinco dias de consumo. Isso é
quanto? Tomar-se-á como média quantos cigarros de maconha, de que
tamanho? Quantas carreiras de cocaína? Quantas pedras de crack? Quantos
comprimidos de ecstasy?
Gente que
gosta de enfiar o pé na jaca (não estou dizendo que seja o caso do
doutor), especialmente os maconheiros, detesta precisão. Eu adoro. Quero
saber. Quero também que o doutor Gadelha me explique por que, uma vez
definida a quantidade, os traficantes não fariam com que seus “vapores” —
os distribuidores da droga — passassem a portar, no máximo, a
quantidade permitida. Mais: Gadelha tem de me explicar outra coisa.
Peguemos o indivíduo X como exemplo, flagrado numa segunda-feira
qualquer com uma quantidade Y de droga para o seu consumo por Z dias.
Como isso não é crime, não se lavra boletim de ocorrência, nada. Zero de
documentação!. Na terça, o mesmo indivíduo X é flagrado de novo com a
mesma quantidade Y, e de novo na quarta, na quinta, na sexta… O nome
disso, meu senhor, é legalização do narcotráfico. É isso o que o senhor
está propondo e ainda que não se deu conta — ao menos espero que não.
Vejam lá… O
doutor Gadelha está preocupado é com a “vulnerabilidade do usuário”…
Huuumm… Mais adiante, ele vai cobrar que a sociedade também lhe dê
tratamento — se ele quiser, é claro! Entendi! Um usuário precisa
consumir o que bem entender em segurança. Caso decida se tratar, isso
passa a ser, então, um problema nosso. Se ele quiser puxar fumo, cheirar
pó, cachimbar um crack na pracinha em frente de sua casa, leitor, perto
de suas crianças, você deve considerar que isso é um direito porque
crime não é — sendo só pra consumo e ele prometendo que não vai oferecer
pra mais ninguém, não podemos impedi-lo (com a lei atual, isso ao menos
é possível). Mas, quando ele se cansar dessa vida, aí, então, avança no
nosso bolso. Aí passa a ser problema nosso!
O que mudou depois da lei que entrou em vigor em 2006?
PAULO GADELHA: Dobrou o número de prisões de supostos traficantes por porte de drogas e aumentou a população prisional. Isso porque há em nossa sociedade traços de discriminação e preconceito social e racial. No caso de um dependente, o que ele está precisando é de ajuda e tratamento de saúde, e não ser penalizado com detenção. Ele acaba preso e sem tratamento.
PAULO GADELHA: Dobrou o número de prisões de supostos traficantes por porte de drogas e aumentou a população prisional. Isso porque há em nossa sociedade traços de discriminação e preconceito social e racial. No caso de um dependente, o que ele está precisando é de ajuda e tratamento de saúde, e não ser penalizado com detenção. Ele acaba preso e sem tratamento.
Essa resposta escandaliza a lógica, o bom senso, o pensamento matemático e a razão. Como é que uma lei que NÃO MANDA
para a cadeia os usuários poderia estar na raiz do aumento da população
prisional de consumidores? É um pensamento cretino, infantiloide,
mágico. Mais: quem disse que o “dependente precisa de ajuda e tratamento
de saúde”? Precisa se ele quiser! Se não quiser, não! Se a droga é,
nessa perspectiva, só uma doença, acredito que o doutor não esteja
pensando em tornar compulsório o tratamento de drogados e diabéticos… O
senhor entendeu ou tento agora com desenho? Como o argumento é furado — e
o repórter não lhe cobrou que explicitasse a relação entre causa e
efeito —, resta a velha e boa tecla do “preconceito”. Houvesse uma
categoria chamada “vergonha na cara argumentativa”, o doutor teria
optado pelo descaramento: o que a questão racial faz no meio desse
imbróglio? O aumento da população prisional rende outro bom debate.
Aumentou, sim! Em São Paulo, onde se costuma prender bandido. Não por
acaso, o índice de homicídios despencou quase 80% em 12 anos.
Como a sociedade deveria lidar com isso?
PAULO GADELHA: O álcool, por exemplo, que é considerado uma droga lícita, também causa um sofrimento enorme e é responsável por 70% das internações por dependência de drogas e por 90% da mortalidade. Precisamos educar a população. Nossa proposta no que se refere às drogas ilícitas é para que haja um debate com a sociedade para que ela saiba lidar com o problema. Atualmente a guerra contra as drogas tem como principal bandeira a repressão ao tráfico e ao usuário. Gastam uma fortuna e fracassam. O consumo aumenta, aumenta a violência.
PAULO GADELHA: O álcool, por exemplo, que é considerado uma droga lícita, também causa um sofrimento enorme e é responsável por 70% das internações por dependência de drogas e por 90% da mortalidade. Precisamos educar a população. Nossa proposta no que se refere às drogas ilícitas é para que haja um debate com a sociedade para que ela saiba lidar com o problema. Atualmente a guerra contra as drogas tem como principal bandeira a repressão ao tráfico e ao usuário. Gastam uma fortuna e fracassam. O consumo aumenta, aumenta a violência.
Jamais,
nem que fosse o último médico, eu me consultoria com doutor Gadelha! Se
ele me mandar tomar a tal aspirina, bebo suco de laranja. Seu pensamento
frauda a lógica de uma maneira escandalosa. Está na Fundação Oswaldo
Cruz? Tomara que a burocracia por lá ande sozinha. É CLARO QUE O ÁLCOOL
RESPONDE PELO MAIOR NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DE TUDO O QUE HÁ DE RUIM EM
MATÉRIA DE DROGA. O DOUTOR NÃO SABE POR QUÊ? EU SEI! PORQUE É LEGAL.
PORQUE SEU CONSUMO NÃO É COIBIDO. Quando a droga — só para consumo,
claro! —, circular livremente, o que vai acontecer? Uma elevação do
consumo e, pois, dos casos a elas relacionados. Na sua lógica
estupidamente infantil, o doutor diz que o aumento do consumo é fruto,
ora vejam!, do combate ao consumo. Por quê? Porque, se a lógica fosse um
ser bípede, o doutor a enfrentaria com quatro patas. Ele pensa assim:
a) existe uma política de repressão ao tráfico e ao consumo; b) houve
aumento do consumo; c) logo, aquela política é a responsável por isso;
d) então por que não testar o contrário, a saber: descriminar as drogas —
e, pois, pôr fim a qualquer interdição no consumo — para a gente
diminuir… o consumo??? Um homem do povo que pensasse desse modo não
chegaria à idade adulta. Mas sabem como é… As classes médias protegem os
seus rebentos… De novo, não adianta me xingar e me satanizar em
forunzinhos mixurucas. Não dou a mínima!
A
propósito do álcool: a venda é proibida para menores — embora aconteça. O
doutor, claro!, vai dizer que a questão não é concernente à droga
porque o tráfico continuaria proibido. Entendo. Mas entendo também que
um policial que flagrasse uma criança de 15 anos com droga “apenas para
consumo”, dada a descriminação, não teria o que fazer, não é? Não
caberia nem mesmo avisar aos pais. Reitero! Essa gente acha que o Brasil
é o Posto 9!
Quem usa a droga é criminoso?
PAULO GADELHA: Nossa proposta vai justamente contra esta máxima. Antes de mais nada é preciso encarar o problema das drogas como problema de saúde pública. Se a legislação continuar como está, o usuário ou dependente dificilmente vai procurar um serviço de saúde para se tratar. O que estas pessoas precisam é de tratamento e elas não querem e nem podem ser confundidas ou rotuladas como criminosas.
PAULO GADELHA: Nossa proposta vai justamente contra esta máxima. Antes de mais nada é preciso encarar o problema das drogas como problema de saúde pública. Se a legislação continuar como está, o usuário ou dependente dificilmente vai procurar um serviço de saúde para se tratar. O que estas pessoas precisam é de tratamento e elas não querem e nem podem ser confundidas ou rotuladas como criminosas.
Não sei
como o repórter se prepara antes de uma entrevista, e Paulo Gadelha,
como a gente nota, não ajuda ou também não sabe. Sim, meu valente
entrevistador! Quem usa droga é criminoso porque o consumo não foi
descriminado, não. Apenas não rende prisão. Por isso, à polícia cabe
reprimir também o consumo da droga em locais públicos. No dia em que não
for mais, aí é o vale-tudo. Quanto ao mais, dizer o quê? É mentira!
Ninguém deixa de procurar tratamento porque consumir droga é crime!
Qualquer pessoa que se apresente e se diga dependente químico em busca
de reabilitação não sofrerá qualquer sanção penal. Não sei se por
ignorância ou por má-fé, o doutor está misturando alhos com bugalhos.
O senhor procurou exemplos bem-sucedidos de outros países?
PAULO GADELHA: Sem dúvida. Hoje há uma consciência internacional de que é preciso mudar. Estudos mostram que nos 21 países que resolveram despenalizar o usuário, como Portugal, por exemplo, houve vários avanços importantes. Não houve aumento do consumo, a população prisional reduziu, os recursos para o aparato policial foram transferidos para outras áreas e os índices de saúde relacionados às drogas melhoraram sensivelmente.
PAULO GADELHA: Sem dúvida. Hoje há uma consciência internacional de que é preciso mudar. Estudos mostram que nos 21 países que resolveram despenalizar o usuário, como Portugal, por exemplo, houve vários avanços importantes. Não houve aumento do consumo, a população prisional reduziu, os recursos para o aparato policial foram transferidos para outras áreas e os índices de saúde relacionados às drogas melhoraram sensivelmente.
Não é pergunta, mas levantada de bola na rede. E o doutor corta com outra mentira escandalosa. Atenção! Em Portugal:
– houve aumento do consumo;
– houve aumento do tráfico;
– houve aumento de homicídios.
Escrevi a respeito no dia 28 de julho. Reproduzo um trecho.
– houve aumento do consumo;
– houve aumento do tráfico;
– houve aumento de homicídios.
Escrevi a respeito no dia 28 de julho. Reproduzo um trecho.
Houve um
aumento de 53,8 % no número de pessoas que experimentaram drogas ao
menos uma vez: de 7,8% para 12% . Em Portugal, existe o IDP (Instituto
de Drogas e de Toxicodependência). Lá como cá, os defensores fanáticos
da descriminação tendem a ignorar a realidade. Caso se leiam as
entrevistas de seus diretores, seremos informados de que o sucesso é
retumbante. É??? Vejam estes dados do próprio IDP. As drogas foram
descriminadas em 2001. Reparem no que aconteceu nos anos seguintes.
Mais: a taxa de homicídios por 100 mil habitantes em 2003 (1,43 por 100
mil habitantes) cresceu 43% em relação a 2001, ano da descriminação
(1,02 por 100 mil). Em 2010, ficou em 1,26 (crescimento de 24% em
relação a 2001). Os homicídios relacionados às drogas cresceram 40%.
Não
obstante, o sucesso da política do país é alardeado pelos tais fanáticos
dentro e fora dos domínios portugueses. Ainda que fosse verdade (não é,
como se vê), note-se: Portugal é menor do que Pernambuco e tem uma população INFERIOR À DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Quando as drogas foram descriminadas por lá, reitero, a taxa de
homicídios era de 1,02 por 100 mil. E cresceu 24% ao longo de 9 anos. A
do Brasil é quase VINTE E QUATRO VEZES MAIOR HOJE! Ah, sim: Portugal não
é rota preferencial do tráfico. O Brasil é.
Observem o
que aconteceu com a apreensão de drogas nos anos subsequentes. A parte
continental do país, com o mar a oeste e ao sul, tem uma costa de 1.230
km apenas; ao norte e ao leste, um único vizinho: a Espanha. Banânia tem
9.230 km de Litoral a serem vigiados e faz fronteira com nove países.
Quatro deles são produtores de coca: Colômbia, Venezuela, Peru e
Bolívia. O Paraguai é um grande exportador de maconha. Mas o
especialista Abramovay acredita que Portugal pode servir de exemplo a um
gigante com as características do Brasil, com uma população 18 vezes
maior, num quadro de brutal desigualdade, desaparelhamento da polícia,
fronteiras desguarnecidas… Pior não é dizer o que diz; pior é lhe darem
trela.
E qual a importância da sociedade nesse debate?
PAULO GADELHA: O mais importante do processo é o debate público. Uma mudança desta natureza só acontece se toda a sociedade participar. A questão da AIDS, por exemplo, só foi possível porque houve um programa de enfrentamento e iniciativas de discutir tudo o que envolvia a doença: religião, diversidade sexual, uso de camisinha, liberdade sexual. A sociedade inteira foi mobilizada para permitir ações eficazes. Queremos algo semelhante. Se a questão das drogas continuar a ser abordada e carregada de muito preconceito não haverá regressão nem de consumo, nem de tráfico, nem de violência e, sim, haverá aumento de sofrimento.
PAULO GADELHA: O mais importante do processo é o debate público. Uma mudança desta natureza só acontece se toda a sociedade participar. A questão da AIDS, por exemplo, só foi possível porque houve um programa de enfrentamento e iniciativas de discutir tudo o que envolvia a doença: religião, diversidade sexual, uso de camisinha, liberdade sexual. A sociedade inteira foi mobilizada para permitir ações eficazes. Queremos algo semelhante. Se a questão das drogas continuar a ser abordada e carregada de muito preconceito não haverá regressão nem de consumo, nem de tráfico, nem de violência e, sim, haverá aumento de sofrimento.
A
associação é cretina, estúpida, indevida, intelectualmente vigarista. No
caso da Aids, tratava-se de sugerir às pessoas menos exposição ao risco
— é isso o que significa a camisinha. A descriminação do consumo de
drogas significa exatamente o contrário: maior exposição ao risco.
Quais serão os próximos passos da comissão?
PAULO GADELHA: Vamos começar um debate junto ao pessoal da educação e tentar angariar apoio de formadores de opinião. Nesse ponto, a mídia será fundamental. Nossa proposta em nenhum momento propõe o incentivo ao uso e muito menos à legalização. Nossa proposta é para despenalizar criminalmente o usuário.
PAULO GADELHA: Vamos começar um debate junto ao pessoal da educação e tentar angariar apoio de formadores de opinião. Nesse ponto, a mídia será fundamental. Nossa proposta em nenhum momento propõe o incentivo ao uso e muito menos à legalização. Nossa proposta é para despenalizar criminalmente o usuário.
É isso aí.
É uma campanha feita pelos bacanas. Se o país enfrenta já o flagelo do
crack mesmo havendo uma interdição ao consumo, imaginem o que vai
acontecer quando não houver mais. O doutor também quer revolucionar a
lei da oferta e da procura. Pretende aumentar brutalmente a demanda, mas
supõe que não haverá elevação do suprimento. Ele é membro da tal
Comissão Brasileira Sobre Droga e Democracia. Aqui estão os integrantes
do grupo. Foram eles que levaram ao ar aquela propaganda “É preciso
mudar”, pedindo uma nova lei — na verdade, defendiam a descriminação,
mas não deixaram isso claro ao telespectador.
O
orientador da turma é Pedro Abramovay, que já foi Secretário Nacional de
Justiça. Foi chutado por Dilma quando estava prestes a assumir a
secretaria responsável pelo combate às drogas. É autor, embora negue, da
tese de que também os “pequenos traficantes” devem ficar soltos. É
considerado gênio por alguns. Transita com desenvoltura entre petistas e
entre tucanos que só não são petistas porque não podem, não porque, no
fundo, não quisessem. Abramovay é mesmo um portento. Não faz tempo, em
entrevista ao Globo, atribuiu a queda de homicídios em São Paulo ao PCC…
Prêmio Nobel da Paz para o PCC!
Eis as mentalidades que estão por trás de campanhas nessa natureza.
Podem babar à vontade em seus respectivos fóruns. Eu os acuso de:
- ignorar a lógica quando pensam;
- ignorar os fatos quando fazem propostas;
- mentir de forma descarada quando se referem a Portugal como exemplo bem sucedido de política de drogas.
- ignorar a lógica quando pensam;
- ignorar os fatos quando fazem propostas;
- mentir de forma descarada quando se referem a Portugal como exemplo bem sucedido de política de drogas.
Podem
fazer vodu ideológico com a minha foto entre um relaxamento e outro. Não
ligo. Mas tentem ao menos argumentar na vertical e com sobriedade!
Quero fatos e lógica, e não “preconceituosos do bem”.
PS
– Se eu fosse do PCC, do Comando Vermelho ou do Amigos dos Amigos,
mobilizaria minhas franjas para apoiar essa proposta. O QUE PODE HAVER
DE MELHOR PARA O CRIME ORGANIZADO DO QUE DESCRIMINAÇÃO DO CONSUMO E
PROIBIÇÃO DO TRÁFICO? É o paraíso na terra. E tudo isso no Brasil, um
país que faz fronteira com quatro altos produtores de droga e que é rota
do tráfico internacional. Marcola e Fernandinho Beira-Mar já aderiram.
sábado, 25 de agosto de 2012
A fúria anti-religiosa das elites neognósticas
Escrito por Orlando Braga
Artigos - Conservadorismo
Artigos - Conservadorismo
“A religião não só é a condição da liberdade eficaz do pensamento, como é a condição da função hígida do pensamento”.Fernando Pessoa
Chamo a vossa atenção para um ensaio de Thomas Bertonneau (parte I, e parte II) que se centra em T.S. Eliot e na cultura, neste caso, na cultura ocidental. Aconselho veementemente a sua leitura.
A tese principal do ensaio é a de que não é possível uma cultura sem religião. Aqui,
“cultura” é entendida como cultura antropológica, e não como cultura
intelectual em sentido estrito. Portanto, e melhor dizendo, não é
possível a formação de uma cultura antropológica sem uma religião.
Podemos discutir se essa religião é A ou B, se deve ser esta ou aquela,
mas devemos aceitar como racional a proposição segundo a qual não é
possível a formação de uma cultura antropológica — e a sua manutenção
como instrumento de coesão social — sem uma religião.
Montesquieu estava certo quando afirmou que “se Deus não existisse, teria que ser inventado”.
E o problema da nossa sociedade moderna é o de que os deuses que se
inventaram para substituir o Deus da religião cristã, são deuses humanos
— e por isso coloca-se o problema das autoridades de direito e de fato,
não só na ética mas também na fundamentação das normas do Direito.
Quando os seres humanos pretendem fundamentar a ética sem Deus, criam
para si mesmos um problema enorme e irresolúvel, como podemos verificar
na eterna polêmica, sem fim à vista, entre os dois tipos de ceticismo da
modernidade: o ceticismo de Hume (externalista) e o de Kant
(internalista).
A tese de Eric Voegelin do ataque dos gnósticos modernos - leia-se: gnósticos modernos, elites modernas, ou a chamada “ruling class”-
à cultura antropológica europeia e ocidental, tem como fundamento a
ação propositada e deliberada de destruição, por parte das elites
modernas e contemporâneas, da espiritualidade humana presente na cultura
antropológica, a qual advém da própria religião que contribuiu
decisivamente para a formação dessa mesma cultura antropológica.
As
elites gnósticas modernas justificam o seu ataque feroz e destrutivo à
cultura antropológica e, portanto, à religião cristã, mediante o
conceito de “igualitarismo”. Mas este argumento é contraditório em si
mesmo, porque a noção de “elite” é, por sua própria natureza,
não-igualitarista. Segue-se que o argumento do igualitarismo é apenas e
só um pretexto de que a elite se serve para prosseguir uma agenda
política de destruição da espiritualidade e da religião que cimentam a
cultura antropológica do ocidente.
Tal
como aconteceu com os gnósticos da antiguidade tardia, o objetivo dos
gnósticos modernos é o de fraturar a sociedade em duas categorias de
pessoas: os novos “pneumáticos” — os que, alegadamente, detém o
conhecimento e o saber, e por isso, destinados à “salvação” — e os novos
hílicos, que constituem a maioria e também a “escória da sociedade” —
são os que precisam ser guiados, como se de animais irracionais se
tratassem, porque se presume não têm salvação possível. Este maniqueísmo
gnóstico é “desmontado” por T. S. Eliot no ensaio de Thomas Bertonneau,
quando se coloca em causa a autoridade do saber e o conhecimento dos
gnósticos modernos, e na medida em que a especialização acadêmica não é
sinônimo de saber e de conhecimento absolutos: a especialização é apenas
e só um saber parcial.
A
sub-ideologia igualitarista, que faz parte do politicamente correto do
nosso espírito do tempo, nada mais é do que a tentativa de formatar a
sociedade gnóstica que não vingou na antiguidade tardia por ação
contrária do Cristianismo — sublinhando uma clivagem social e cultural
abrupta entre as “bestas” [o povo], por um lado, e os “tios”, sendo que
estes últimos fazem parte da ruling class. A actual ruling class não é uma aristocracia propriamente dita, tal como existiu no Ancien Regime, porque embora a aristocracia seja composta por indivíduos, qualquer indivíduo da aristocracia do Ancien Regime estava
intimamente ligado ao povo mediante a cultura antropológica que é comum
e transversal à sociedade inteira — o que não acontece hoje com as
elites: pelo contrário, as elites modernas revoltaram-se contra o povo, em nome de um paternalismo em relação ao povo.
É
dentro deste espírito de segmentação das sociedades ocidentais entre os
“tios” gnósticos e minoritários, por um lado, e as “bestas”
maioritárias, por outro lado (sendo que os primeiros se opõem
deliberadamente aos segundos quando pretendem a destruição da cultura
antropológica) que assistimos à sinificação das sociedades ocidentais; e
esta tentativa de sinificação das sociedades ocidentais encontra eco num compromisso tático entra a plutocracia globalista, por uma lado, e a esquerda radical e gnóstica por excelência, por outro lado.
“O
princípio do regime totalitário é a fé dos militantes e o medo dos
dissidentes” (Raymond Aron em 'Democracia e Totalitarismo', 1965).
Para além do argumento do igualitarismo, os gnósticos modernos, aka,
elites modernas, utilizam um outro argumento: o argumento dos “direitos
humanos” que, alegadamente, justificam hoje o ideário da absoluta
autonomia do indivíduo.
O francês Marcel Gauchet —
que de conservador tem quase nada, e portanto, é insuspeito — chamou à
atenção para esta estratégia dos gnósticos modernos no seu livro “Os Direitos Humanos Não São Uma Política” (1983).
Nas chamadas democracias liberais ocidentais, as elites gnósticas modernas e coevas [ruling class]
servem-se da bandeira dos Direitos do Homem para irem aumentando
paulatinamente a organização burocrática da sociedade por intermédio do
combate às tradições e à religião; e essa organização burocrática em
crescimento é tutelada por essas mesmas elites neognósticas. Este
incremento da burocracia nas democracias liberais (por exemplo, na
imposição da burocracia da União Europeia a todas as democracias da
Europa) conduz a um anonimato generalizado (atomização da sociedade), em
que o conhecimento social de todas as espécies possíveis e imagináveis
de direitos e liberdades (por exemplo, no Bloco de Esquerda) têm como
contraponto o retraimento narcísico do indivíduo, e o seu desinteresse
pela coisa pública.
E
a onipresente encenação da liberalização dos costumes (por exemplo,
“casamento” gay, adoção de crianças por pares de homossexuais,
eutanásia, divórcio unilateral e na hora, aborto a pedido e
discricionário, tolerância legal em relação ao infanticídio, políticas
dirigidas contra a família natural, etc.), defendida pela elite
neognóstica contra a cultura antropológica que inclui naturalmente a
religião, encobre a propensão para um mimetismo, um seguidismo e um
conformismo sem precedentes, e que constituem, em si mesmos, um rastilho
para a explosão de um novo tipo e, por isso, inédito, de totalitarismo.
Chegamos
a um ponto em que vamos ter que reaprender a cultura antropológica e a
História que as elites modernas e gnósticas tudo fizeram para destruir. E
a religião, principalmente a religião católica, tem um papel histórico e
único a desempenhar neste caminho necessário de reaprendizagem da
cultura antropológica e da herança histórica, sem as quais entraremos
inexoravelmente em uma nova era totalitária.
Adendo:saiu uma terceira parte do ensaio de Thomas Bertonneau.
Publicado originalmente com o título Se não pararmos para pensar, vamos ter que aprender tudo de novo.
Orlando Braga edita o blog Perspectivas – http://espectivas.wordpress.com
via midia sem mascara
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